Ventos estão favoráveis, mas temos que alinhar políticas fiscal e monetária, disse Haddad

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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

São Paulo – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a fazer pressão para o corte de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, e ressaltou a importância dessa medida para que o país cresça e gere mais empregos.

“Às vésperas de uma semana importante, o mundo inteiro compreendeu o que está acontecendo no Brasil. Hoje, a agência de classificação de risco canadense DBRS Morningstar elevou a nota de crédito do Brasil para BB, com tendência estável. Estamos habituados com as três mais conhecidas [Fitch, S&P e Moody’s], mas é um sinal de que os ventos estão favoráveis, mas temos que alinhar a política fiscal com monetária. Isso nos dará espaço para crescer mais e gerar mais empregos”, disse o ministro, em entrevista a jornalistas nesta sexta-feira, no escritório do ministério, em São Paulo.

Na próxima semana, começa a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na terça, com o anúncio sobre a decisão sobre a taxa Selic na quarta, dia 2. Atualmente a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano, e a expectativa é que ela seja reduzida, iniciando o ciclo de cortes amplamente esperado, especialmente pelo governo, mas por diversos setores da economia.

Na sua avaliação, a economia está sofrendo processo de desaceleração por conta do elevado juro real. “Estamos levando os melhores subsídios para o crescimento. A minha preocupação é com a desaceleração. Na margem, o que temos é uma desaceleração, com inflação controlada e o dobro do juro neutro. Hoje estamos pagando 6% do juro real.”

“No começo do ano a pergunta era se o juro ia cair, depois, quando e agora é quanto. Mas penso que há espaço para um corte razoável, estamos com o dobro do juro neutro. Mas quem vai definir é o Banco Central. Temos corpos técnicos competentes nos dois órgãos.”

Ao ser perguntado de quanto poderá ser o corte dos juros, Haddad palpitou: “Teríamos que cortar 5%, ou dez reuniões do Copom para chegar ao juro neutro. E ainda ele vai estar com o freio de mão puxado.”

“Isso pode criar um ciclo de crescimento sustentável para o Brasil”, insistiu. “Mas o crescimento [do PIB] acima de 2,5% já está contratado.”

Haddad disse que a ministra do Planejamento e Orçamento Simone Tebet está dando encaminhamento à peça orçamentária e que a agenda de agosto da Câmara dos Deputados está alinhada com a aprovação do marco de garantias e o marco fiscal. “Estamos programando peça orçamentária que saneia contas públicas. No curto prazo, o Carf e a Reforma Tributária no Senado. O novo marco dos Seguros também pode alavancar economia. Vamos continuar trabalhando com o Marcos Pintos nas medidas microeconômicas que alavancam o crescimento. O que já contratamos e o que poderemos contratar no segundo, poderá permitir medidas de longo prazo.”

Em relação à reforma administrativa, Haddad não vê impactos relevantes para a economia no curto prazo. “Muitas vezes se dá uma importância de curto prazo para a reforma administrativa que ela não tem. Podemos aperfeiçoar a maneira de selecionar os servidores públicos, a avaliação na carreira. Mas imaginar que isso terá impacto de curto prazo, é difícil de sustentar.”

Sobre a indicação do economista Márcio Pochmann à presidência do IBGE, o ministro considera exagerada a reação contrária à indicação. “Ele é um professor universitário. Podemos discordar, mas há um exagero. Ele é uma pessoa muito cordial. Esse tipo de comportamento está muito exagerado. Olha para o governo Bolsonaro, era de arrepiar os cabelos. Agora, essa agressividade com um professor da Unicamp, não tem cabimento. Não vi esse comportamento com os nomes do governo anterior.”