Petrobras deve definir nova política de distribuição de dividendos nesta sexta-feira

990
Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – Os investidores aguardam um possível anúncio da Petrobras sobre a mudança de sua política de dividendos aos acionistas, que pode incluir a recompra de ações pela companhia, como parte de seu ajuste ao planejamento estratégico de 2023-2027. O conselho de administração da Petrobras deve se reunir para debater os tópicos nesta sexta-feira. As ações da Petrobras operam em alta no pregão desta sexta-feira. Às 15h13 de Brasília, os papéis PETR3 e PETR4 subiam 1,28% e 0,98%, a R$ 32,94 e R$ 29,67.

Em relação ao pagamento de dividendos, a Petrobras deve reduzir o nível atual de pagamentos para elevar os investimentos. A política de remuneração em vigor prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a Petrobras distribua aos acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos. A expectativa é que o pagamento fique no mesmo nível de outras petrolíferas internacionais, conforme adiantou o diretor financeiro da companhia, Sergio Caetano Leite, em evento da empresa, há duas semanas, o que deve confirmar a redução, dizem analistas do mercado.

Ontem, a política de distribuição de dividendos foi criticada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que busca convencer a companhia a aumentar o fornecimento da gás natural à indústria. As mesmas críticas já foram feitas pelo atual presidente da empresa, Jean Paul Prates, e pelo governo federal.

Nesta semana, alguns analistas divulgaram suas estimativas para o pagamento de dividendos.

O Itaú BBA estima uma queda de 14% no ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no trimestre, para US$ 12,4 bilhões, devido aos preços mais baixos do petróleo e margens de refino. Em relação a possíveis cenários para a nova política de remuneração aos acionistas da Petrobras, a analista Monique Greco aponta que até o momento, as pistas disponíveis indicam que o pagamento de dividendos deve estar em linha com as grandes petroleiras, incluindo a possibilidade de recompra de ações, o que pode dar flexibilidade à empresa para permitir novos projetos e investimentos. Com isso, o Itaú BBA estima dividendos na faixa de US$ 2,7-3,5 bilhões, o que implica um dividend yield entre 3,3% e 4,3%, ou dividendo por ação de R$ 1,0-1,3/PETR4 para 2T23, respectivamente.

“De modo geral, as grandes petrolíferas pagam dividendos trimestralmente e as que possuem política declarada consideram um percentual de seu fluxo de caixa operacional como métrica de referência para o retorno total ao acionista (dividendos e recompras). No entanto, existem algumas empresas que não possuem uma política formal, o que resulta em dividendos futuros a critério do conselho de administração”, comenta a analista.

O Itaú BBA tem recomendação “Market perform” para PETR4 e para as ADRs da companhia, com valores justos de R$ 27,00 e US$ 10,20 para 2023, respectivamente.

Os analistas Andre Vidal e Helena Kelm, da XP, estimam para o 2T23 outro trimestre sólido, embora piorando na comparação trimestral, devido a variáveis macro mais fracas e menores volumes de vendas. “Ao todo, estimamos um ebitda ajustado de US$ 11,7 bilhões, uma queda de 16% ante 1T23. Nossa estimativa de dividendos a serem declarados é de US$ 2,5 bilhões (~R$ 0,90/ação ou ~3% yield sobre PETR4), com riscos de alta para esse número devido aos atuais baixos níveis de alavancagem da Petrobras”, prevê a XP.

O BTG Pactual considera que, se a companhia anunciar uma nova política de pagamento de 40% dos lucros ou 40% do FCF (FCF operacional menos capex), a ação pode ser negociada a um rendimento de dividendos de 11% em 2024 (Brent a US$ 80/barril), um nível que considera razoável com base em múltiplos de pares (~10%).

“A menos que a nova política de dividendos estipule um pagamento de mais de 50% dos lucros, não esperamos uma reação positiva do mercado. O anúncio de uma nova recompra de ações também parece provável, mas acreditamos que só será bem recebido se for (i) substancial, (ii) não incluído no cálculo de pagamento acima mencionado, e (iii) tenha um cronograma de recorrência claro”, conclui o relatório do BTG, que mantém sua recomendação neutra para as ADRs da Petrobras, com preço-alvo de US$14.