CEO da VALE não descarta futuro IPO da unidade de metais básicos, mas foco atual é execução

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Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, Minas Gerais. Foto: Agência Vale

São Paulo – Em teleconferência de resultados do segundo trimestre, presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, destacou que espera destravar “muito valor” aos acionistas com a parceria com a Manara Minerals, uma joint venture entre a mineradora saudita Ma’aden e o Fundo Soberano da Arábia Saudita (PIF) na Vale Base Metals Limited (VBM), unidade de Metais para Transição Energética (metais básicos, ou cobre e níquel) da companhia, anunciada ontem, e que o negócio atende o interesse da companhia de entrar no Oriente Médio. A mineradora assinou um acordo vinculante para a venda de uma fatia de 13% da divisão, por US$ 3,4 bilhões.

“Os executivos à frente da unidade, Jerome [Guillen, ex-Tesla]e Mark [Cutifani, ex-Anglo American e AngloGold Ashanti], dispensam apresentações. A nossa perspectiva para a produção de níquel permanece sólida. A Maiden traz experência no setor pois tem várias parcerias na área de transição energética. Vamos focar na execução e no longo prazo”, disse Bartolomeo, em resposta a analistas, na apresentação de resultados. “Acreditamos que os fundos trarão benefícios para a nossa governança, além de interesse da companhia de entrar no Oriente Médio. Acredito que a parceria vai convergir vários interesses de cada parte e vai destravar muito valor para o negócio e estamos muito empolgados com o desenvolvimento dos negócios de metais para transição energética.”

Sobre a utilização dos US$ 3,4 bilhões que a companhia receberá pela venda de 13% da unidade de metais básicos, o executivo disse que US$ 1 bilhão será para financiar o negócio e o restante voltará à empresa para a gestão de seus negócios. “Um IPO da VBM não está descartado no futuro, mas o foco nesse momento é a execução do negócio”, acrescentou.

Nos resultados do 2T23, a companhia reportou aumento da produção de cobre, que atribuiu ao ramp-up em Salobo, assim como a de níquel, graças ao “sólido desempenho” de Sudbury.

Em relação à sua estrutura e alocação de capital, a empresa destacou o aumento da sua capitalização acionária em 13%, captando US$ 25,1 bilhões, e que o programa de recompra da Vale está 69% concluído. “Vamos analisar nossa estratégia de alocação de capital com o conselho de administração. Mas certamente vamos continuar com a disciplina de capital e a gerar valor para os nossos acionistas”, disse o diretor financeiro, em resposta sobre a possibilidade da companhia realizar novas recompras de ações.

O diretor financeiro da empresa, Gustavo Pimenta, disse, sobre a política de pagamento de dividendos da empresa: “No futuro poderemos usar nosso balanço patrimonial que é muito forte e gestão de passivos. Vamos manter nossa disciplina de capital e o compromisso de entregar dividendos de acordo com a nossa política.”

CUSTOS

Em relação à elevação das projeções de custos, o diretor financeiro disse que cada 10 centavos de apreciação do real reflete em 30% do custo al-in da Vale. A companhia espera redução de custos para o níquel no segundo semestre.

Ontem, a Vale revisou para cima suas projeções de custo para minério de ferro e níquel para o ano. Veja as novas projeções:

O custo caixa C1 do minério de ferro (ex compras de terceiros), que inclui mudança na expectativa na taxa de câmbio média para R$ 4,94, de R$ 5,20 anterior, entre de US$ 21,522,5 por tonelada.

Custo all-in minério de ferro, que inclui impacto potencial de fatores externos, como a redução dos prêmios pagos por produtos de alta qualidade, levando os prêmios all-in da Vale para cerca de US$ 4/t (vs. cerca de US$ 8/t anteriormente), e mudanças na taxa de câmbio média USD/BRL, de US$ 52-54 por tonelada.

Custo all-in níquel, que inclui impactos dos seguintes fatores: (a) preços mais baixos do que o esperado para os subprodutos, nomeadamente cobalto e PGMs, que caíram 30-40% desde que fornecemos nosso guidance de mercado; (b) volumes de subprodutos mais baixos do que o esperado, principalmente resultantes do impacto mais alto do que o previsto da mudança no método de mineração na mina Coleman; e (c) preços de níquel e cobre mais altos do que o esperado, impactando os custos de compra de feed de terceiros, de US$ 15.500 a 16.000 por tonelada.