Em sessão volátil, Bolsa fecha em leve alta com destaque para varejistas; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta, em uma sessão bastante volátil, oposto ao exterior, com as empresas varejistas e de construção valorizadas com os investidores aproveitando as oportunidades no curto prazo. Mais uma sessão de baixa liquidez . Os investidores ficam à espera dos dados de inflação amanhã e do Livro Bege, nos Estados Unidos para entender mais sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).

O receio de recessão ainda preocupa os agentes financeiros. O principal índice da B3 subiu 0,05%, aos 98.271,21 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,17%, aos 99.365 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital Investimentos, disse que o pregão de hoje é de oportunidades porque o mercado entendeu que os papéis do setor de varejo e construção civil, que caíram muito durante o ano, abrem possibilidades de ganho no curto prazo.

“Quedas excessivas são turbinadas com operações de venda e, em certo momento, os investidores acreditam que as ações estão muito baratas e surge o movimento de oportunidade de compra”.

Labarthe enxerga que a queda das commodities pode favorecer o arrefecimento da inflação. “O contexto de inflação mais controlada também pode contribuir positivamente para os setores mais impactados como varejo e construção civil”.

Celso Fonseca, head de renda variável da Venice Investimentos, disse que a volatilidade deve continuar no pregão de hoje. “Todo mundo está esperando os indicadores nos EUA amanhã e também as expectativas ficam para os balanços por lá, que vão determinar bastante a velocidade do desaquecimento da economia e vamos ver o impacto do aumento de juros nas empresas”.

Mais cedo, destaque ficou para as ações de Magazine Luiza (MGLU3) com os investidores buscando oportunidade no mercado. “Existem ativos que estão bastante descontados e alguns papéis precificam o final de ciclo da taxa de juros por aqui”, disse.

Fonseca comentou que as empresas ligadas ao minério de ferro chegaram a pressionar mais o Ibovespa, mas melhoraram.” O aumento dos casos de covid na China preocupa e também a crise energética na Europa”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,24%, cotado a R$ 5,4390. A moeda foi impactada durante o dia pelo temor de recessão global, com os novos casos de Covid na China e a forte inflação nos Estados Unidos. No período da tarde, porém, ela não acompanhou a melhora momentânea do humor no mercado internacional e acelerou o ritmo de alta, se descolando da bolsa.

Segundo o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “o dólar não acompanhou a melhora do humor lá fora e está descolado da bolsa. Isso pode ser um reposicionamento do dólar, com a piora do cenário do global, especialmente com a China e Estados Unidos”.

Leal também entende que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Bondades já foi precificada, e não afeta o câmbio nesta terça: “O mercado só quer que isso seja votado logo para que não surjam novidades”, explica.

Para o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “existe sentimento generalizado de aversão ao risco, com as commodities em queda, afetando as moedas ligadas a elas, como o real”.

Serrano entende que os novos casos de Covid na China devem, inevitavelmente, revisar o crescimento econômico não apenas do país asiático, mas também mundial, para baixo. A divulgação do CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês), que será divulgado amanhã, também afeta o câmbio desta terça, aponta.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda acompanhando as commodities globais e o medo de recessão nas principais economias.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,845% de 13,880% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,710%, de 13,900%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,045%, de 13,220% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,920% de 13,080%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, com Nasdaq e S&P 500 caindo quase 1%, com Wall Street aguardando a divulgação do índice de preços ao consumidor para junho, um indicador-chave da inflação norte-americana, previsto para amanhã.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,62%, 30.981,33 pontos
Nasdaq Composto: -0,95%, 11.264,7 pontos
S&P 500: -0,92%, 3.818,80 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA