Bolsa fecha em queda e dólar em alta às vésperas de decisão de juros nos EUA e feriado no Brasil

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda às vésperas de decisão de política monetária nos Estados Unidos em que deve ser mantida a taxa entre a banda de 5,25% a 5,5%, mas o comunicado e o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell geram tensão no investidor.

A aposta do mercado é de uma mensagem dura em razão da economia americana se mostrar bem aquecida. Essa apreensão se intensifica devido a B3 estar fechada amanhã (1) em razão do feriado e muitos investidores não se riscam em tomar posição. No mês, o Ibovespa cai 1,70%, a segunda maior queda do ano.

O Indice Small Caps caiu 2,06% e poucas ações subiram na sessão de hoje. O destaque de alta ficou para Santander Brasil (SANB11) de 2,73% refletindo o balanço do 1T24 que agradou o mercado.

Mais cedo, nos Estados Unidos, foi divulgado o índice de custos de mão de obra que pesou no mercado. O Indice subiu 1,2% no primeiro trimestre de 2024 em base trimestral e a previsão era de +0,90%, o que pode impactar na inflação.

Os salários e rendimentos avançaram 1,1%, e os benefícios aumentaram também 1,1% em base trimestral. Em termos anuais, os salários cresceram 4,4%, e os benefícios, 3,7%. No setor privado, os custos de mão de obra subiram 4,1% em base anual, e para os servidores públicos, subiram 4,8%.

O principal índice da B3 caiu 1,12%, aos 125.924,19 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 1,04%, aos 127.340 pontos. No interdiário, a máxima atingiu 127.351,62 pontos e a mínima 125.855,79 pts. O giro financeiro foi de R$ 23,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam no negativo.

Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, disse que o Ibovespa está no vermelho refletindo cautela do investidor com a decisão de juros amanhã nos Estados Unidos.

“A Bolsa cai e o Indice Small Caps [reúne as empresas com menor valor de mercado] recuam mais e a maioria das ações tem baixa, à exceção de alguns papéis mais táticos, como a Eletrobras [ELET6 subia 0,60%], com investidor migrando para posições mais defensivas. O receio do investidor na pré-reunião do Fed é que Jerome Powell [presidente do Fed] assuma uma posição mais linha dura em seu discurso e a mensagem que vai passar para o mercado é que o corte não deva acontecer como a gente estava esperando no início do ano. A manutenção [dos juros] já está precificada. Com o feriado aqui amanhã é natural que o investidor tenha receio de se posicionar, por isso vemos o mercado mais vendedor que comprador”.

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o índice de custos de mão de obra acima do esperado e a decisão de política monetária, ambos, nos Estados Unidos empurram o Ibovespa pra baixo.

“O Fed deve se posicionar em relação a custos de emprego. O dado é importante porque pode pressionar a inflação e o corte [de juros] pode vir só em setembro, novembro ou até não ter redução [de juros] esse ano. Mercado de trabalho e inflação são informações que o Fed olha de perto. Amanhã o Powell [presidente do banco central norte-americano] deve manter o mesmo discurso, enquanto os dados da economia não permitirem que a inflação chegue à meta de 2% não haverá corte de juros; Os DIs também sobem forte e a queda da Petrobras e Vale também pesam. A estatal está corrigindo, após ontem fazer máxima histórica e a mineradora acompanha minério”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,50%, cotado a R$ 5,1920 para venda com os investidores apreensivo com a mensagem que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) , Jerome Powell, deve passar, após a decisão dos juros amanhã, enquanto no Brasil o mercado estará fechado em razão do feriado do dia do Trabalho. No mês, recuou 3,55%.

Segundo o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos. os salários e rendimentos avançaram 1,1%, e os benefícios aumentaram também 1,1% em base trimestral. Em base anual, os salários cresceram 4,4%, e os benefícios, 3,7%. No setor privado, os custos de mão de obra subiram 4,1% em base anual, e para os servidores públicos, subiram 4,8%.

Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, disse que o dólar está em alta, após o índice de custos de emprego nos Estados Unidos e com o mercado apostando em um corte só em 2025.

“Esse estresse se dá por conta de dados nos Estados Unidos que aumentou e com o mercado reavaliando a queda de juros nos Estados Unidos; o mercado já vinha alterando a possibilidade de queda desde o 1º trimestre de 2024, passou para segundo, terceiro ou quarto trimestre e agora o mercado está achando que não vai ter nenhum corte esse ano, só em 2025 porque a economia segue bem aquecida por lá”.

Paulo Luives especialista da Valor Investimentos, disse o mercado opera no movimento de risk-off por conta da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) em que os investidores querem saber a dinâmica de corte de juros para esse ano.

“Isso vai ser muito importante, porque nesse momento o mercado trabalha com um cenário de início dos cortes de juros no final do segundo semestre, ou seja, houve um adiamento da expectativa de corte de juros. E esse fator em si acaba impactando em diversas classes de ativos”.

Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest, disse que o dólar sobe na sessão de hoje refletindo o dado americano de custos de emprego e a Ptax.

“O índice veio acima do esperado, o que é ruim pois mostra que o vínculo empregatício encareceu e gera a inflação. Também é final do mês e tem briga pela Ptax, o consenso é Ptax alta [ fechou em R$ 5,1798]”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta em todos os vértices às vésperas de decisão de política monetária nos Estados Unidos, feriado aqui e avanço dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos (treasuries, sigla em inglês) com do aumento de percepção de risco. Os dados do mercado de trabalho aqui também pesaram nos juros futuros.

Por volta das 16h25 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,310%, de 10,160% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,630% de 10,395%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,985%, de 10,760%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,290% de 11,085% na mesma comparação. No mercado futuro de câmbio, o dólar operava em alta de 1%, cotado a R$ 5.172,000 para a venda.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, para encerrar o pior mês de 2024 em Wall Street, já que novos dados do mercado de trabalho vieram mais quentes do que o esperado, enquanto os investidores aguardam a decisão de taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e o relatório de lucros da Amazon.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,49%, 37.815,52 pontos
Nasdaq 100: -2,04%, 15.657,82 pontos
S&P 500: -1,57%, 5.035,64 pontos

 

Com Darlan de Azevedo / Agência Safras News