Dados mais fracos sobre economia dos EUA fazem Bolsa cair

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São Paulo – Após dois pregões seguidos de alta, o Ibovespa fechou em queda de 1,36%, aos 78.831,46 pontos, refletindo dados e balanços mais fracos nos Estados Unidos e a queda dos preços do petróleo, diante da expectativa de queda brusca da demanda este ano.

No entanto, depois de ter chegado a cair quase 3% mais cedo, o índice reduziu perdas e mostrou melhor desempenho do que Wall Street em meio a notícias sobre afrouxamento de regras de isolamento social em alguns países e ao vencimento de opções sobre o Ibovespa. O volume total negociado foi de R$ 97,5 bilhões, incluindo o exercício de opções.

“Há notícias de que países como a Alemanha vão começar a sair do isolamento. Acredito que o mercado pode ter começado a precificar um retorno do isolamento por aqui também, além de ter expectativa sobre o ‘Orçamento de Guerra’ ser votado nesta tarde”, disse o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, sobre a melhora do Ibovespa ao longo do pregão.

Além da Alemanha, Itália e Espanha são alguns dos países que anunciaram a retomada gradual de algumas atividades não essenciais, enquanto mantém em vigor a quarentena para a maior parte da população.

No entanto, as Bolsas europeias ainda fecharam em quedas expressivas, assim como as Bolsas norte-americanas. Balanços e dados mais fracos do que o esperado divulgados nos Estados Unidos, como os de produção industrial e vendas no varejo, mostraram impacto do coronavírus e pesaram sobre os ativos.

Além disso, os preços do petróleo recuaram, com o WTI atingindo o menor nível em mais de 18 anos, após a Agência Internacional de Energia (AIE) informar que deve haver uma queda de 29 milhões de barris por dia (bpd) na demanda de petróleo em abril, para níveis nunca vistos em 25 anos. A notícia refletiu nas ações da Petrobras (PETR3 -2,85%; PETR4 -1,79%).

Já na cena doméstica, o secretário de Vigilância em Saúde, auxiliar do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pediu demissão, em meio a notícias de que o presidente Jair Bolsonaro já busca um substituto para o ministro. Mandetta, no entanto, negou o pedido e disse que fica até o presidente decidir. O ministro tem defendido o isolamento social, ao contrário do presidente, de quem já recebeu críticas publicamente.

Investidores também segue atentos a medidas que estão sendo votadas contra a pandemia no Congresso, de olho no “Orçamento de Guerra”.

As maiores quedas do Ibovespa foram da BR Malls (BRML3 -3,81%), do Santander (SANB11 -3,45%) e da Embraer (EMBR3 -3,32%). Por outro lado, as maiores altas foram da Cogna (COGN3 6,25%), da Natura (NTCO3 6,78%) e da Gol (GOLL4 7,24%).

Na agenda de amanhã, investidores devem aguardar os dados dos pedidos de seguro-desemprego e o índice da atividade industrial regional.

O dólar comercial fechou em alta de 1,04% no mercado à vista, cotado a R$ 5,2430 para venda, em sessão de forte aversão ao risco que prevaleceu nos ativos globais, além da volatilidade da moeda no campo positivo. Previsões sobre o mercado de petróleo e dados da economia dos Estados Unidos em março pesaram na sessão e sustentaram a alta da moeda.

O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca que a moeda estrangeira abriu os negócios valorizada em mais de 1% acompanhando o forte recuo do petróleo, que afetou divisas de países emergentes como o peso mexicano que chegou a cair 3,5% ante o dólar, puxado pela previsão de queda recorde na demanda pela commodity.

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a demanda global por petróleo deve cair 9,3 milhões de barris por dia (bpd) neste ano, maior índice de queda já visto, influenciado pela quarentena aplicada em quase todos os países do mundo como forma de mitigar a pandemia do novo coronavírus.

Além deste relatório que levou o preço do barril de petróleo tipo WTI cair para baixo de US$ 20, os números da produção industrial e de vendas no varejo nos Estados Unidos em março caíram mais do que o esperado. “Foram novos indicadores de recessão na economia norte-americana”, diz Esquelbek.

Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque é o dado de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos até a semana passada. Para o diretor de uma corretora nacional, os números merecem atenção já que se tornaram “menina dos olhos” do mercado para avaliar os impactos do novo coronavírus no país. “Amanhã deve vir outra paulada e o mercado deve reagir a esses números mais atualizados do mercado de trabalho norte-americano”, diz.