Livro Bege mostra que perspectivas econômicas seguirão se deteriorando

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Edifício do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) / Foto: Fed

São Paulo – As perspectivas econômicas para os Estados Unidos seguem altamente incertas e a expectativa é de que as condições piorem nos próximos meses como efeito das medidas adotadas para conter a disseminação do novo coronavírus, segundo o Livro Bege – documento do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) que retrata a situação econômica das 12 principais regiões do país.

Com relação ao emprego e à inflação – que compõem o mandato duplo do Fed – a perspectiva no curto prazo é de mais cortes de vagas nos próximos meses, enquanto deve haver uma pressão descendente adicional sobre os preços, ainda de acordo com o relatório.

O levantamento feito até o dia 6 de abril mostra que a atividade econômica contraiu-se brusca e abruptamente em todas as regiões dos Estados Unidos como resultado da pandemia. As indústrias mais atingidas por causa de medidas de distanciamento social e fechamentos obrigatórios foram lazer e hospitalidade e varejo, além de bens essenciais.

“A maioria dos distritos relatou declínios na produção, mas citou uma variação significativa entre os setores. Os produtores de alimentos e itens médicos relataram forte demanda, mas enfrentaram atrasos na produção devido a medidas de prevenção de infecções e interrupções na cadeia de suprimentos”, diz o Livro Bege.

O documento relata que algumas indústrias manufatureiras, como automóveis, fecharam, enquanto o setor de energia, sofrendo com preços baixos, reduziu o investimento e a produção.

Já a demanda por empréstimos subiu no período, tanto por parte das empresas que acessam linhas de crédito quanto das famílias que refinanciavam hipotecas.

No dia 27 de março, o presidente norte-americano, Donald Trump, sancionou um pacote de estímulos de US$ 2,2 trilhões que previa apoio financeiro para que empresas mantivessem sua folha de pagamento e evitassem demissões e também estabelecia o envio de pagamento direito às famílias.

EMPREGO

A pandemia do novo coronavírus deve provocar mais demissões entre as empresas norte-americanas, que enfrentam uma crise diante de medidas restritivas para conter a disseminação da doença no país, segundo o Livro Bege. A boa notícia, no entanto, é que a maioria dessas empresas espera recontratar funcionários quando a pandemia passar.

“Contatos em vários distritos indicaram que cortaram empregos por meio de demissões e licenças temporárias e que esperam reverter [a situação] assim que a atividade comercial for retomada. A perspectiva de curto prazo era de mais cortes de empregos nos próximos meses”, diz o Livro Bege.

Nenhum distrito relatou pressões salariais ascendentes, segundo o Livro Bege. “A maioria citou o abrandamento geral dos salários e os cortes salariais, exceto em setores de alta demanda, como supermercados que estavam concedendo aumentos temporários”, diz o documento.

INFLAÇÃO

A estabilidade de preços, que ao lado do pleno emprego compõe o mandato duplo do Fed, também está comprometida por conta dos efeitos do novo coronavírus sobre a economia norte-americana.

O Livro Bege mostrou que a direção geral da inflação desacelerou tanto para os preços de venda quanto para os insumos, já que os distritos relataram um aumento mais lento dos preços, preços baixos ou quedas modestas a moderadas nos preços.

“Essas tendências foram vistas como refletindo uma demanda mais fraca por muitos bens e serviços após a pandemia”, diz o Livro Bege. “Por outro lado, as interrupções na cadeia de suprimentos e as mudanças na composição da demanda levaram a aumentos de preços significativos para alguns serviços essenciais – como frete – e algumas commodities agrícolas e bens de consumo”,acrescenta.