Bolsa sobe e dólar cai com otimismo por reabertura das economias

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São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 3,17%, aos 97.644,67 pontos, em linha com o otimismo visto nas Bolsas norte-americanas, em meio a um cenário de maior liquidez, reabertura de economias e expectativa de queda da Selic. Trata-se do sétimo pregão consecutivo de ganhos, na maior sequência positiva desde desde fevereiro de 2018, quando o índice subiu por nove dias seguidos durante o governo do ex-presidente Michel Temer. O volume total negociado foi de R$ 32,8 bilhões.

“As motivações continuam as mesmas da última semana e a Bolsa está bem forte. Nos Estados Unidos, o índice S&P500 está anulando as perdas do ano e no mundo inteiro bancos centrais inundaram as economias com liquidez”, destacou o analista da Necton Corretora, Gabriel Machado, que vê ainda o fluxo de investimentos em países emergentes voltando a crescer.

Os índices norte-americanos estão apagando as quedas que acumulavam no ano em função da pandemia do novo coronavírus, com investidores antecipando uma normalização da economia conforme estados e cidades retomam atividades. No Brasil, o Ibovespa também tenta recuperar patamares anteriores à crise causada pela pandemia, voltando a níveis do início de março e se aproximando dos 100 mil pontos. No entanto, o índice ainda acumula queda de cerca de 16% no ano.

Para o analista da Necton, de certa forma, os 100 mil pontos podem ser novamente um marco importante para investidores, trazendo reavaliações e podendo atrair realizações de lucros, depois de ter sido atingido pela primeira vez no ano passado. “É difícil saber quando pode ocorrer alguma correção, a Bolsa está muito forte, quando há fluxo é difícil de segurar, mas os 100 mil pontos pode ser um ponto importante de decisão para o mercado”, disse.

Entre as ações, as de bancos, que têm grande peso no índice, ampliaram alta nesta tarde e ajudaram a impulsionar o Ibovespa, caso dos papéis dos Bradesco (BBDC4 5,33%) e do Itaú Unibanco (ITUB4 4,10%). Alguns papéis ligados a commodities, como os de siderúrgicas também tiveram um dia favorável com perspectivas positivas sobre o preço do minério de ferro, caso da CSN (CSNA3 17,12%), que ficou entre as maiores altas do índice.

O estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas, destaca que o minério de ferro subiu na China, já que “o mercado acredita que pode ter pressão sobre a oferta”, depois que a Vale (VALE3 -0,73%) suspendeu as atividades do Complexo Itabira, localizado em Minas Gerais (MG), em função da decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 3 Região, que restabeleceu o termo de interdição emitido pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho.

Ao lado da CSN, entre as maiores altas, ficaram as ações do setor de aviação, como a Azul (AZUL4 28,48%), Gol (GOLL4 28,28%) e Embraer (EMBR3 19,24%), que aceleraram nesta tarde e seguem se recuperando depois de terem sido as que mais sofreram desde o início da pandemia. O analista da Necton lembra que as aéreas se beneficiam da recente queda do dólar, que influencia o preço do combustível e reduz parte de suas dívidas, além de existir a expectativa de que as companhias possam receber ajuda financeira do governo para enfrentar a crise em breve.

Na contramão, as maiores quedas do índice foram da Yduqs (YDUQ3 -3,60%), que devolve os ganhos da última sexta-feira, da Tim (TIMP3 -1,36%) e da Iguatemi (IGTA3 -1,04%)

Amanhã, na agenda de indicadores, investidores devem acompanhar dados como os estoques no atacado e o relatório Jolts nos Estados Unidos.

O dólar comercial fechou em forte queda de 2,60% no mercado à vista, cotado a R$ 4,8560 para venda, no menor patamar desde 13 de março e engatando o segundo pregão seguido com a moeda abaixo de R$ 5,00, apesar da forte volatilidade ao longo da sessão. O otimismo no exterior em meio à reabertura gradual de importantes economias, a injeção de liquidez e o forte apetite por risco sustentaram o recuo da moeda.

“Mercado está dando continuidade ao otimismo iniciado nos últimos dias. Ainda reagindo à indicadores melhores do que o esperado divulgados na semana passada nos Estados Unidos e na Europa, enquanto aqui, temos uma saída de investimento estrangeiro bem menor do que nas semanas anteriores. A melhora da balança comercial também contribui”, comenta a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.

O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, reforça que o forte recuo da moeda reflete as “renovadas esperanças” em torno da retomada das atividades econômicas dos principais países da Europa, além de estímulos fiscais anunciados na zona do euro. “Há também expectativa positiva para a reunião de política monetária do Federal Reserve [Fed, o banco central norte-americano] nesta semana”, diz.

Para Gomes, a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) – que começa amanhã – apesar de não trazer alteração na taxa de juros, gera expectativa, “especialmente”, em um momento em que os números da economia dos Estados Unidos exibem melhora.

Amanhã, segundo a economista da Veedha, a tendência segue de queda com investidores atentos à reunião do Fed, em dia de agenda de indicadores esvaziada.