Petrobras vai anunciar reajuste de combustíveis em 20 dias, diz Bolsonaro

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Foto: Shutterstock

São Paulo – O presidente da república Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje ter conhecimento, de forma extraoficial, que a Petrobras vai anunciar um novo reajuste dos combustíveis em cerca de 20 dias. A informação foi feita em entrevista a jornalistas, hoje, na Itália. Procurada pela Agência CMA, a estatal disse que “não antecipa decisões de reajuste.

“A Petrobras anuncia, isso eu sei extraoficialmente, novo reajuste em 20 dias”, disse Bolsonaro. “Isso não pode acontecer. A gente não aguenta, porque o preço do combustível está atrelado à inflação”, disse o presidente.

Na coletiva de imprensa, o presidente também disse que o governo federal não tem interesse nos dividendos que recebe da estatal e que quer que o recurso seja revertido à diminuição do preço do diesel na ponta da linha.

O presidente iniciou a entrevista dizendo que “a prioridade é o preço do combustível e que viu rapidamente o lucro da Petrobras, que é, em parte estatal e monopolista, e que o vilão é o preço do ICMS que incide sobre o preço final na bomba, e não na origem, que seria na refinaria ou na usina. “Essa semana, vai ser um jogo pesado com a Petrobras. Eu indico o presidente, tem que passar pelo conselho, e tudo o que é ruim, cai no meu colo. O ideal, já falei com Paulo Guedes, é partirmos para privatizar a Petrobras. Agora, não é botar na prateleira hoje e vender amanhã, este processo vai durar mais de ano”, comentou.

Em seu discurso, Bolsonaro também reclamou dos governos anteriores, de Lula e Michel Temer, que os investimentos em refinarias não foram concluídos e trouxeram prejuízos à estatal e quando teve início a política de atrelar o preço do combustível ao dólar.

“O preço do combustível está alto por que é atrelado ao preço do dólar (no mercado) interno e ao preço do Brent (no mercado) externo. E se tiver uma interferência minha no preço da Petrobras, vai responder civil e criminalmente”, comentou Bolsonaro.

Ao ser questionado sobre a realização de um estudo sobre a privatização da Petrobras, Bolsonaro disse que “já falou com Paulo Guedes” e que o governo federal já contribuiu para a redução dos preços dos combustíveis com o congelamento do ICMS e ao zerar os impostos federais do gás de cozinha.

O OUTRO LADO

Procurada pela Agência CMA, a estatal disse que “não antecipa decisões de reajuste e reforça que não há nenhuma decisão tomada por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) que ainda não tenha sido anunciada ao mercado.”

A companhia acrescentou que “ajustes de preços de produtos são realizados no curso normal de seus negócios e seguem as suas políticas comerciais vigentes” e que “reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais.”

“A Petrobras monitora continuamente os mercados, o que compreende, dentre outros procedimentos, a análise diária do comportamento de nossos preços relativamente às cotações internacionais.”

“A companhia esclarece, ainda, que a influência do movimento do mercado internacional de petróleo e da taxa de câmbio nos preços de seus produtos é constantemente analisada pelos participantes do mercado e noticiada pela imprensa. Além disso, no anúncio de reajuste de preços de diesel e gasolina, realizado no dia 25 de outubro de 2021 através de comunicado à imprensa, a Petrobras informou que os ajustes refletiam parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio.”

Em 25 de outubro, a Petrobras anunciou aumentos de 7,05% e 9,15% nos preços médios da gasolina e do diesel nas refinarias, de R$ 2,98 para R$ 3,19 o litro, e de de 3,06 para R$ 3,34 o litro, respectivamente, válidos a partir do dia 26. Antes disso, os últimos reajustes foram anunciados no preço da gasolina, em 9 de outubro, em 7,19%, e em 29 de setembro no preço do diesel, quando subiu 8,90%.