Bolsa tem dia de recuperação e fecha em alta puxada por blue chips, dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta de 1,98% após atingir mais de 2,30% em um dia de recuperação impulsionada pelas ações das blue chips, principalmente do setor bancário, e em véspera de feriado de Finados, amanhã (2), quando a B3 não funcionará.

Apesar desse cenário mais positivo na primeira sessão do mês de novembro, os investidores não deixam de se preocupar com os riscos fiscais e ficam à espera da votação do Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, que abre espaço para o Auxílio Brasil-novo Bolsa Família, prevista para acontecer na quarta-feira

O principal índice da B3 subiu 1,98%, aos 105.550,86 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 1,49%, aos 106.320 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Fernando Martin, analista da Levante Ideias de Investimentos, comentou que as blue chips têm destaque positivo na Bolsa e puxam o índice “Todas as ações de peso têm bom desempenho e cada uma com suas idiossincrasias. O mercado espera bom resultado do Itaú Unibanco e Bradesco nesta semana, após Santander ter apresentado resultado favorável na semana passada- lucro líquido cresceu 12,1% no terceiro trimestre para R$ 4,27 bilhões.”

O analista da Levante Ideias de Investimentos disse que “os ativos mais arriscados, de beta mais elevado, e-commerce, aéreas, educação e Banco Inter também estão com boa performance na sessão de hoje.

A alta das ações da Petrobras chama a atenção do analista. “A valorização nos papéis da estatal surpreende um pouco na sessão de hoje e todo esse discurso de privatização da petrolífera é muito incipiente, é um tema bastante sensível do ponto de vista político e nos deixa bem preocupados”. Hoje o presidente Jair Bolsonaro disse, na Itália, que sabia de uma informação extraoficial sobre novo reajuste dos combustíveis daqui a 20 dias.

Os papéis do Banco Inter (BIDI11) e do Itaú (ITUB4) registraram alta de 19,18% e 3,99%, respectivamente. As ações do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançavam 3,23% e 3,46% e Santander (SANB11) aumentavam 5,26%. Petrobras (PETR3) e (PETR4) e Vale (VALE3) valorizavam 3,72% e 2,75% e 0,99% , nessa ordem.

Para José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, o movimento positivo da Bolsa está sendo impulsionado pelos bancos após o Nubank anunciar que pretender vender 289 milhões em papéis para alavancar mais de US$ 3 bilhões em sua oferta pública inicial (IPO, sigla em inglês) de ações no mercado acionários dos Estados Unidos. “Os dados apresentados pelo Nubank levam os investidores a fazerem uma análise positiva para o Banco Inter (BIDI11), também banco digital, e avaliar o valor das instituições financeiras mais tradicionais, como Itaú, Bradesco e Santander”.

O analista da Codepe corretora comentou que alguns papéis fazendo um movimento de ajuste. “Com começo de mês algumas ações reajustando após queda forte do final do mês passado, como o setor de construção e varejo”.

O dólar comercial fechou em R$ 5,6700, com alta de 0,49%. A moeda norte-americana foi pressionada pelas incertezas fiscais – Precatórios -, revisão do Produto Interno Bruto (PIB) e inflação para 2021 – 4,94% ante 4,97% e 9,17% ante 8,96%, respectivamente – e apreensão pela ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que sai nesta quarta.

Para o economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, “fatores como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios contribuem para a alta do dólar. Além disso, as expectativas negativas do mercado foram confirmadas no Focus, principalmente no PIB e inflação”. O economista também chama e atenção para a ingerência em estatais (Petrobras) e o apelo a medidas populistas, visando as eleições de 2022.

Jaconeli também ressaltou a importância da ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que será divulgada nesta quarta, dando mais pistas sobre o início do tapering (remoção de estímulos). “Neste primeiro momento, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não vai aumentar juros, mas diminuir a injeção de liquidez no mercado. Estas sinalizações são negativas para os emergentes, em especial para o Brasil pelas questões políticas e fiscais”, pontua o economista.

De acordo com o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Leal, “o mercado opera em compasso de espera. A expectativa é para o que vai acontecer na próxima quarta-feira”, referindo-se à PEC. O economista também salienta que a greve dos caminhoneiros, até o momento, não teve adesão significativa.

Leal sublinha que, embora a PEC não seja positiva, as outras opções são ainda piores: “Quando começam a falar sobre alternativas com o decreto do estado de calamidade pública, as incertezas só aumentam, e o mercado não gosta disso”, analisa.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta, com indefinições acerca de uma possível greve dos caminhoneiros.

No fechamento da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,380% de 8,364% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,280%, de 12,130%; o DI para janeiro de 2025 ia a 12,490%, de 12,200% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,440% de 12,090%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam o dia em alta, com os índices Dow Jones e S&P 500 renovando recordes em meio a uma temporada de balanços forte e com foco na decisão de quarta-feira do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,26%, 35.913,84 pontos

Nasdaq Composto: +0,63%, 15.595,90 pontos

S&P 500: +0,18%, 4.613,67 pontos