Petrobras discute alterações nas políticas de preço para diesel e gasolina

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – A Petrobras informou ontem (14) que está discutindo internamente alterações em suas políticas de preço para diesel e gasolina, que serão analisadas pela Diretoria Executiva da companhia no início desta semana e poderá resultar em uma nova estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina.

“Eventuais mudanças estarão pautadas em estudos técnicos, em observância às práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis”, explicou o comunicado da estatal.

Na sexta-feira (12), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a reformulação da política comercial da Petrobras terá como critério “estabilidade versus volatilidade e atrabilidade”.

“Não vamos precisar viver novamente 18 reajustes em um ano. A paridade internacional não existe. Não vamos perder a referência com o mercado internacional. Não vamos perder clientes. Perdemos o contato com o distribuidor final ao vender a BR Distribuidora. Mas não vamos abdicar vantagens de ter refino nacional”, salientou Prates.

Percepção do risco deve continuar superando as tendências de ganhos, dizem analistas

O BTG Pactual disse que a divulgação dos primeiros resultados trimestrais da nova gestão da Petrobras forneceram alguma garantia de que suas maiores preocupações em relação à companhia foram aliviadas, assim como o anúncio de pagamento de dividendos substanciais (US$ 5 bilhões ou 7% de rendimento), também avaliado como positivo, pois veio em linha com a política que vinha sendo praticada nos últimos anos. No entanto, eles avaliam que a percepção do risco deve continuar superando as tendências de ganhos na condução da maior parte das oscilações dos preços das ações nos próximos meses e anos.

Outra notícia favorável foi a de que a empresa não construirá novas refinarias, mesmo que projetos de expansão brownfield estejam sendo estudados, o que não parece diferir muito do plano estratégico em vigor, e que as discussões para mudar sua política de preços de combustíveis visarão apenas buscar ganhos de market share reduzindo a volatilidade dos preços, sem desconsiderar os preços internacionais.

Sobre a percepção de risco, os analistas apontam, entre os principais fatores que levarão a oscilações, o crescimento inorgânico da companhia, por meio de aquisições, citando a recompra da Vibra (antiga BR Distribuidora) e aumento de participação na Braskem (da qual já é acionista controladora) no radar.

Outros fatores de atenção mencionados foram: ajustes no plano estratégico, com foco no crescimento, aprimoramento de sua capacidade de refino e ampliação da pegada de energia renovável, mas de forma gradual, com o anúncio das mudanças em seu plano estratégico não sendo esperadas até novembro.

“Estamos preocupados que a mudança no plano estratégico possa aumentar a complexidade operacional e desencadear rebaixamentos de lucros a partir de 2024, mas até que seja comprovada, esse cenário pode ser descartado por enquanto. Apenas como referência, o capex de US$ 2,5 bilhões do 1T23 foi muito menor do que sugere o plano anual de US$ 16 bilhões. Assim, ainda que a rápida alavancagem da empresa via capex orgânico ou inorgânico parece improvável, a definição do pagamento de dividendos provavelmente será o principal gatilho para para estabelecer uma avaliação de longo prazo para a ação da Petrobras”, explicam.

A análise do BTG é baseada no anúncio feito pela nova administração da empresa de que irá revisar a política de pagamentos até o final de julho, provavelmente em pagamentos mais baixos, mas considera positivo de que a redução não será ao mínimo de 25%.

“Portanto, não esperamos mais que a Petrobras distribua apenas o mínimo obrigatório (25% dos ganhos) e estamos incorporando um pagamento de lucro de 40% em nosso modelo a partir de 2023. Isso implica um dividend yield de 13% em 2024, o que consideramos justo ao considerar seus pares (negociando a 10%) e outras ações de commodities.”

Ainda não está claro se os dividendos anunciados na semana passada (US$ 5 bilhões) serão considerados um adiantamento sobre as obrigações anuais de 2023. Isso deve ser confirmado e, se o pagamento chegar em nossa estimativa de 40%, os investidores teriam apenas um rendimento de 8% para o resto do ano. “Nós não achamos que isso é atraente, mesmo em comparação com as principais petrolíferas globais e players de commodities no Brasil”, opinam.

O BTG tem recomendação neutra para as ADRs da Petrobras, com preço-alvo de US$ 14,00 para os próximos 12 meses.

Com Cynara Escobar / Agência CMA.