Petrobras definirá distribuição de dividendos com base na nova política de remuneração a acionistas

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Crédito: Divulgação/Petrobras.

São Paulo – A Petrobras, em relação à entrevista concedida pelo presidente da empresa à “Bloomberg” em que disse que a companhia deve ser mais cautelosa em relação à distribuição de dividendos extraordinários, que não há qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos ainda não declarados.

“As decisões da Administração sobre dividendos, incluindo a proposta de destinação do resultado a ser submetida à aprovação da Assembleia Geral Ordinária marcada para 25/04/2024, serão são tomadas com base na nova Política de Remuneração aos Acionistas da Companhia, aprovada pelo Conselho de Administração em 28/07/2023 (Política ou nova Política).”

Em linhas gerais, a nova Política dispõe que em caso de dívida bruta igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor e de resultado positivo acumulado, a serem verificados no último resultado trimestral apurado e aprovado pelo Conselho de Administração, a Companhia deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre. A fórmula da Política será aplicada, a cada trimestre, sobre os fluxos de caixa do consolidado da Companhia do respectivo trimestre.

Os valores relativos às recompras de ações realizadas pela Companhia, apresentadas na demonstração dos fluxos de caixa do consolidado de cada período, serão deduzidos do valor resultante da fórmula aplicada a cada trimestre.

Além disso, A Companhia poderá, em casos excepcionais, realizar a distribuição de remuneração extraordinária aos acionistas, superando o dividendo mínimo legal obrigatório e/ou os valores estabelecidos nos itens 4.1 e 4.2, desde que a sustentabilidade financeira da Companhia seja preservada.

A Petrobras reforça, por fim, que busca, por meio Política, garantir a sua perenidade e sustentabilidade financeira de curto, médio e longo prazos e conferir previsibilidade ao fluxo de pagamentos da remuneração aos acionistas.

Ações despencam após falas de CEO sobre dividendos

A Petrobras deve ser mais cautelosa em relação à distribuição de dividendos bilionários à medida em que busca se tornar uma potência em energia renovável, disse o presidente executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, em entrevista à “Bloomberg”, nesta quarta-feira. Os papéis da companhia desabaram para a ponta negativa do Ibovespa e fecharam entre as maiores quedas do índice, de 5,39% (PETR3) e 5,16% (PETR4), cotadas a R$ 41,60 e R$ 40,43.

Prates disse que, em dez anos, cerca de metade da receita da Petrobras virá de fontes eólicas, solares e de combustíveis renováveis e a empresa está se preparando para fazer aquisições já neste ano para impulsionar essa mudança, disse Prates. A produtora brasileira também precisa gastar muito em exploração no país e no exterior para garantir que continue bombeando.

Para a Ativa, as ações da Petrobras passaram a cair forte neste pregão repercutindo falas de CEO a respeito de ser mais conservador no pagamento de proventos extraordinários. “Consideramos a fala do mandatário negativa, uma vez que seu mandato envolve trabalhar para escolher projetos com taxas de retorno positivas aos acionistas e não demandar paciência destes, que naturalmente, irão reagir a qualquer movimento ou fala proferida pelo CEO”, opinou a corretora.

“Acreditamos ser válido ressaltar que, mesmo diante da pregação de maior conservadorismo na distribuição extraordinária, dos desembolsos de caixa previstos no âmbito do seu plano de investimentos e das dificuldades de execução inerentes ao seu grande plano de investimento atual, seguimos acreditando que a empresa seguirá sendo uma boa opção para dividendos ao longo de 2024”, acrescentou.

Segundo a análise, depois que a Petrobras fechou o 3T23 com mais de US$ 17 bi em caixa e “sob uma ótica do caixa ótimo do setor ser de cerca de US$ 8 bi”, diversas casas passaram a estimar que a companhia distribuiria grande parte deste hiato em proventos extraordinários a serem anunciados juntos ao balanço do 4T23.

Na entrevista de Prates, a “Bloomberg” menciona que o Citi vê espaço para que a Petrobras anuncie dividendos extraordinários ao divulgar seus lucros em 7 de março, de até US$ 7 bilhões, enquanto o Goldman Sachs Group prevê até US$ 8 bilhões. A maior empresa petrolífera da América Latina foi a segunda maior pagadora de dividendos no setor de petróleo em 2022, atrás apenas da Saudi Aramco.

“Nós, no entanto, nos posicionamos no centro desta questão, acreditando que a companhia pudesse distribuir até R$ 2/ação, o que equivaleria à cerca de US$ 5 bi, ou ainda, pouco mais da metade da diferença entre as suas disponibilidades e seu caixa ótimo. Resta saber se o conservadorismo elencado por Prates dar-se-á acima ou abaixo do valor que estimamos”, comentou a Ativa, que tem recomendação neutra para a ação preferencial (PETR4), que dá direito aos dividendos, com preço-alvo de R$ 36,00.