Para Lagarde, unidade europeia dá força em negociação com outros países

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Por Carolina Gama

São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, combateu as vozes que questionam a integração europeia afirmando que a cooperação entre os países da região, a adoção de uma moeda comum e de um mercado único formam as bases que garantem que a Europa tenha peso no cenário internacional.

Falando em Frankfurt, Lagarde lembrou de um mundo no qual a ordem baseada em regras está enfraquecendo, novas e velhas potências estão avançando e as mudanças climáticas estão se tornando o principal desafio de dessa era.

“A União Europeia e o euro representam o nosso compromisso comum com a paz, a abertura, a democracia e a justiça. Ao mesmo tempo, a integração via mercado único nos traz benefícios econômicos reais”, afirmou.

Lagarde não tratou de política monetária no discurso e suas declarações acontecem em um momento no qual os Estados Unidos voltam a ameaçar a União Europeia com sobretaxas ao setor automotivo.

Segundo a chefe do BCE, as tensões comerciais globais estão surgindo, essencialmente, devido a percepções de injustiça – seja sobre o apoio do Estado às indústrias, reversão dos padrões trabalhistas ou manipulação da moeda.

“Mas nenhuma dessas coisas é possível na Europa – por definição. Isso porque criamos um tribunal comum para o qual indivíduos e governos podem apelar se forem tratados injustamente. Temos regras comuns para impedir uma corrida aos padrões mínimos. E temos uma moeda comum que impede desvalorizações competitivas”, disse.

Para Lagarde, a cooperação dá à Europa voz mais forte nas negociações com outros países. “Em um mundo em que o multilateralismo está ameaçado, trabalhar em conjunto como uma união se torna ainda mais importante – é a única maneira de os países de médio porte enfrentarem grandes atores regionais e defenderem interesses comuns, inclusive estabelecendo padrões para proteger nossa privacidade e nossos dados”, afirmou.

Lagarde cita ainda o peso da União Europeia (UE) no cenário internacional. Segundo ela, a UE responde por 22% do Produto Interno Bruto (PIB) global, perdendo apenas para os Estados Unidos, e o comércio da UE representa 17% do comércio mundial, em comparação com cerca de 14% para os Estados Unidos.

“É claro que isso nos dá mais peso no cenário mundial do que qualquer país agindo sozinho, se pudermos alavancar juntos nossa força de mercado coletiva. Portanto, como europeus, temos um enorme potencial para aproveitar esse lado externo da nossa comunidade”, concluiu.