Maioria apoiou o aumento de 0,25 pp, embora alta de 0,50 pp tenha sido considerada, diz ata do BCE

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Sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt. Foto: Divulgação/ BCE

São Paulo – De acordo com a ata da reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) dos dias 14 e 15 de junho, divulgada nesta quinta-feira, os membros do Conselho concordaram em aumentar as taxas básicas de juros em 0,25 ponto percentual (pp) e encerrar os reinvestimentos no programa de compras de ativos (APP, na sigla em inglês).

Segundo o documento, o Conselho do BCE enfatizou que as decisões anteriores não foram suficientes para trazer a inflação de volta à meta de 2% de forma rápida. Portanto, foi considerado necessário enviar um sinal forte para enfrentar as perspectivas desfavoráveis da inflação. “Era necessário apertar a orientação da política monetária aumentando ainda mais as taxas de juros”, diz a ata.

O BCE informou que os aumentos anteriores das taxas de juros já estavam sendo transmitidos à economia, mas a inflação ainda era projetada para permanecer alta por um longo período.

“Embora os aumentos anteriores das taxas estivessem sendo transmitidos com força às condições de financiamento e gradualmente tivessem um impacto em toda a economia… a inflação ainda era projetada para permanecer muito alta por muito tempo”, ressalta.

Diante disso, o Conselho do BCE optou por aumentar as taxas de juros em 0,25 pp. Essa decisão recebeu um consenso amplo, embora inicialmente tenha sido manifestada a preferência por um aumento de 0,50 pp, dada a preocupação de que a inflação elevada pudesse se tornar mais persistente.

“Um consenso muito alargado apoiou o aumento das taxas de 0,25 pp proposto pelo Sr. Lane (economista-chefe do BCE), embora também tenha sido inicialmente manifestada a preferência por aumentar as taxas de juro diretoras do BCE em 0,50 pp, face ao risco de uma inflação elevada se tornar mais persistente”, aponta o BCE.

O texto enfatizou abordagem dependente de dados e na necessidade de continuar monitorando o impacto das decisões anteriores de política monetária. “A ênfase foi colocada no mérito de aderir a uma abordagem dependente de dados, reunião a reunião em um ambiente incerto, principalmente porque as taxas estavam se aproximando de um possível nível de pico”, diz o Conselho.

Além disso, o BCE confirmou o fim dos reinvestimentos no programa de compras de ativos (APP) a partir de julho. Essa medida foi amplamente apoiada, apesar da opção de adiar a decisão para uma data posterior.

Observou-se que os mercados obrigacionistas da zona do euro funcionaram normalmente desde o início da liquidação parcial do programa de compras. No entanto, o fim dos reinvestimentos coincidiria com os reembolsos de junho, o que retiraria grandes quantidades de excesso de liquidez do sistema.

“Prevaleceu também um consenso muito alargado a favor da confirmação do fim dos reinvestimentos no APP a partir de julho, conforme proposto pelo Sr. Lane, embora também tenha sido manifestada a preferência por adiar a decisão para uma data posterior, após os efeitos das TLTRO III de junho amortizações sobre a liquidez dos bancos. Globalmente, considerou-se que os mercados obrigacionistas da área do euro funcionaram normalmente desde o início da liquidação parcial do APP”, diz o BCE.

A reunião também levantou a discussão sobre a consideração de medidas relacionadas ao clima. Foi notado que o Conselho do BCE deveria avaliar se outras ações devem ser tomadas para garantir que as políticas estejam alinhadas com os objetivos do Acordo de Paris e da neutralidade climática da União Europeia (UE).

“Foi notado que, tendo em vista a interrupção dos reinvestimentos no âmbito do APP, o Conselho do BCE deve discutir se outras medidas relacionadas ao clima devem ser consideradas para garantir que as medidas sejam adequadas ao propósito e alinhadas com os objetivos do Acordo de Paris e os objetivos de neutralidade climática da UE”, afirma a ata.

Os membros destacaram a eficácia da abordagem dependente de dados e da comunicação sobre a função de reação do BCE. No entanto, eles ressaltaram a necessidade de estar preparados para parar de aumentar as taxas de juros se necessário, com base em dados e julgamento. Novas informações estarão disponíveis em julho e setembro, permitindo ao Conselho do BCE atualizar sua avaliação sobre as perspectivas de inflação e a dinâmica da inflação subjacente.

“Os membros geralmente concordaram que a abordagem dependente de dados para a formulação de política monetária, combinada com a comunicação sobre a função de reação do BCE, serviu bem ao Conselho do BCE e deve ser reconfirmada. Ao mesmo tempo, observou-se que, embora o Conselho do BCE possa precisar continuar com medidas adicionais nas taxas de juros, ele também deve estar preparado para parar de aumentar as taxas se isso for exigido por dados e julgamento”, segundo o documento.

Além das medidas tomadas pelo BCE, o Conselho ressaltou a importância de políticas orçamentárias mais restritivas para conter a demanda e apoiar o processo de desinflação. “Foi também sentido que o Conselho do BCE deveria sublinhar que a política orçamental deveria ser mais restritiva para conter a procura e apoiar o processo de desinflação”, conclui a ata.