São Paulo – A China alertou os Estados Unidos sobre os riscos de que tensões políticas entre os dois países prejudiquem os esforços comuns de combate a mudanças climáticas, disse o ministro de Relações Exteriores chinês, Wang Yi, após reunião com o envido do clima da Casa Branca, John Kerry.
Wang Yi disse que a cooperação sino-americana para a mudança climática atende aos interesses de ambas as partes e tem amplas perspectivas de desenvolvimento.
“Os Estados Unidos esperam transformar a cooperação em um ‘oásis’ nas relações sino-americanas, mas se o ‘oásis’ for cercado por ‘desertos’, o ‘oásis’ mais cedo ou mais tarde ficará deserto”, disse ele, segundo comunicado do ministério.
“A cooperação sino-americana para a mudança climática não pode ser separada do ambiente geral das relações sino-americanas. Os Estados Unidos devem enfrentar a China no meio do caminho e tomar medidas positivas para colocar as relações sino-americanas de volta nos trilhos”.
Segundo o ministro, nos últimos anos as relações sino-americanas sofreram um declínio acentuado e enfrentam sérias dificuldades. “Os Estados Unidos devem parar de tratar a China como uma ameaça e um adversário”, disse Wang. “Devemos realizar a coordenação e cooperação bilateral, regional e global com base nos princípios de respeito mútuo, igualdade e benefício mútuo”.
Kerry, por sua vez, disse que a cooperação com a China é crucial para o atual desafio urgente da mudança climática, que os Estados Unidos estão dispostos a criar oportunidades para resolver os problemas enfrentados nas relações entre os dois países, reforçar o diálogo e definir um modelo para a implementação dos objetivos do Acordo de Paris, diz o comunicado chinês.
Segundo o Departamento de Estado norte-americano, os dois lados buscam trabalhar juntos para implementar o Acordo de Paris e desenvolver estratégias de longo prazo para a neutralidade de carbono até o final de outubro, quando ocorrerá a conferência sobre mudança climática da Organização das Nações Unidas (ONU), COP26, em Glasgow.
A reunião ocorreu em momento em que os dois países estão em desacordo sobre uma série de questões, sendo o combate a mudanças climáticas uma das poucas áreas de trabalho conjunto. A China e os Estados Unidos são os países mais poluentes do mundo.
As autoridades norte-americanas têm pressionado a China para declarar uma moratória no financiamento de projetos internacionais de carvão, enquanto Pequim tenta se posicionar como um importante ator global no combate às mudanças climáticas em seus próprios termos.
