Bolsas em NY encerram o pior ano desde 2008 com o setor de tecnologia mais prejudicado

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São Paulo- Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o último pregão do ano com perdas não só no dia mas, principalmente, no ano. A incerteza econômica levou os investidores a fugirem de ativos mais arriscados, prejudicando principalmente o setor das Big Techs, enquanto o aperto monetário agressivo do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) só reforçou os temores de recessão próxima.

O Nasdaq teve seu terceiro pior resultado na história, o mais baixo desde 2008, com perdas acumuladas nos quatro trimestres, mostrando que o setor de tecnologia foi o que mais sofreu em 2022,

Mas uma coisa permaneceu. Quando a economia gira, os investidores correm para as saídas. Apesar de uma furiosa recuperação na quinta-feira, o Nasdaq, carregado de tecnologia, terminou no vermelho pelo quarto trimestre consecutivo, marcando a mais longa sequência desde o período de 2000 a 2001. A história da década foi em 1983-84, quando o mercado de videogames quebrou.

Este ano marca a primeira vez que o Nasdaq caiu em todos os quatro trimestres. Ele caiu 9,1% nos primeiros três meses do ano, seguido por uma queda de 22% no segundo trimestre e um declínio de 4,1% no terceiro trimestre. Caiu 1% no quarto trimestre por causa de uma queda de 8,7% em dezembro.

No ano inteiro, o Nasdaq caiu 33%, seu declínio mais acentuado desde 2008 e o terceiro pior ano já registrado. A queda de 14 anos atrás ocorreu durante o colapso financeiro causado pela crise imobiliária. Além de 2008, o único outro ano pior para o Nasdaq foi 2000, quando a bolha pontocom estourou e o índice caiu 39%.

Em 2022, a empresa anteriormente conhecida como Facebook e hoje chamada Meta perdeu cerca de dois terços de seu valor, com a Tesla sentindo o mesmo impacto, enquanto a Amazon caiu pela metade.

Mas os analistas explicam que o colapso de 2022 foi causado pela reavaliação profunda que o mercado tecnológico está passando. As empresas estão reduzindo após uma década de crescimento impulsionado por dinheiro barato. Com o Fed aumentando as taxas para tentar controlar a inflação, os investidores pararam de valorizar o crescimento rápido e não lucrativo e começaram a exigir geração de caixa.

Em meados de dezembro, o Fed elevou sua taxa básica de juros para a maior taxa em 15 anos, elevando-a para uma meta de 4,25% a 4,5%. A taxa ficou ancorada perto de zero durante a pandemia, bem como nos anos que se seguiram à crise financeira.

“Sem o dinheiro fácil de antes, os investidores vão fugir para portos-seguros. Principalmente Treasuries”, afirmam analistas do ING. “Enquanto o Fed não muda sua postura, a previsão é de instabilidade, principalmente para setores de risco, como a tecnologia”.

A próxima semana verá um quadro um pouco mais ativo para os dados econômicos, destacados pelo relatório de folha de pagamento não-agrícola definido para 6 de janeiro. Os mercados financeiros ficarão fechados na segunda-feira devido ao feriado do Ano Novo.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,22%, 33.147,25 pontos
Nasdaq Composto: -0,11%, 10.466,5 pontos
S&P 500: -0,25%, 3.839,50 pontos

Confira a variação dos índices na semana:

Dow Jones: -0,17%
Nasdaq Composto: -0,32%
S&P 500: -0,14%

No mês:

Dow Jones: -4,15%
Nasdaq Composto: -8,59%
S&P 500: -5,89%

No trimestre:

Dow Jones: +15,37%
Nasdaq Composto: -1,08%
S&P 500: +7,06%

No semestre:

Dow Jones: +7,69%
Nasdaq Composto: -5,14%
S&P 500: +1,41%

No ano:

Dow Jones: -8,94%
Nasdaq Composto: -33,55%
S&P 500: -19,66%

Com Julio Viana