Bolsa fecha estável, aos 103 mil pontos, com foco no Congresso e STF; dólar sobe

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Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo – A Bolsa fechou estável. Mas boa parte do dia o Ibovespa subiu refletindo o adiamento da votação da Lei das Estatais no Senado, expectativa para que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) não passe na Câmara e com foco no julgamento do orçamento secreto no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ontem, a presidente do STF, ministra Rosa Weber, votou pela inconstitucionalidade do orçamento secreto.

Após a derrocada de ontem, as ações das empresas públicas como Petrobras (PETR3 PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) se recuperaram e subiram respectivamente 2,55% e 2,65% e 2,83%.

O principal índice da B3 fechou estável, aos 103.737,69 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro subiu 0,05%, aos 105.695 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28.2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda forte.

Arlindo Souza, analista de ações da casa do TC, disse que a Bolsa está em um movimento de recuperação em relação às perdas da véspera.

“A movimentação em torno da PEC, expectativa da votação do orçamento secreto pelo STF, notícias de que a Câmara pode desidratar ainda mais o valor da PEC e o prazo e o Pacheco [Rodrigo Pacheco, presidente do Senado] sinalizando que não vai votar a mudança Lei da Estatais de uma forma tão rápida faz o mercado enxergar como positivo impactando na curva de juros e ajudando as ações a recuperar as perdas de ontem, principalmente a Petrobras”.

Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, comentou que a Bolsa sobe com o “possível descarte do PT com a PEC da Transição”.O dia foi volátil, segundo Cohen após vencimento de opções do índice futuro que mexe com o mercado e amanhã tem exercício de opções sobre ações “que deixa o mercado um pouco mais travado e menos técnico”.

Rafael Augusto, sócio da Chess Capital, disse que os rumores de que o Senado não votaria a Bolsa impulsionou a Bolsa. “O Senado não está pautando o projeto sobre a Lei das Estatais e isso posterga um pouco mais essa indecisão sobre os nomes indicados para o novo governo e o mercado continuará volátil”.

João Abdouni, analista da Inv, disse que a queda dos juros futuros e a alta das estatais ajudam no avanço da Bolsa. “Ontem a Petrobras caiu cerca de 10% com a expectativa de que fosse alterada a Lei das Estatais, mas hoje não tem esta certeza porque o Senado não está votando. Não há unanimidade em Brasília em relação à Lei das Estatais”

Segundo um analista do mercado financeiro que não quis se identificar, o disparo na Bolsa é atribuído, a “rumores de que o Senado não vai votar a mudança na Lei das Estatais”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,13%, cotado a R$ 5,3160. A moeda refletiu as falas mais duras da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, que apontou para um aumento sistemático dos juros. A situação fiscal doméstica segue no radar, porém hoje teve menos impacto.

Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “a fala da Lagarde deu uma bela piorada no humor externo”.

“Internamente, o mercado parece que engoliu o Haddad, ele tem tido parcimônia nas falas. O pior já foi, o mercado vai se acomodar”, disse Nagem sobre o futuro ministro da Fazenda.

Nagem ainda falou que, embora dissipado, o temor de alguma ação do atual presidente, Jair Bolsonaro, ainda gera desconforto: “Ainda existe certa desconfiança se o Bolsonaro vai aprontar algo. Ele ainda tem uma parcela fanática muito próxima, que o apoia incondicionalmente”, analisa.

Para o economista da BlueLine Flávio Serrano, “o câmbio tem ficado relativamente estável. No curto prazo, os juros muito altos protegem a moeda brasileira, mas o fluxo estrangeiro costuma ser mais pressionado nesta época do ano”.

“A questão é o ritmo de aperto do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e o fiscal doméstico segue como a principal dúvida. Ainda existem incertezas sobre a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, o que mostra uma tendência de mais gastos públicos e pressão sobre os ativos de risco”, explica Serrano.

De acordo com a economista do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “o aumento dos juros nos Estados Unidos, ontem, acabou amenizando parte da alta do dólar que vimos por aqui. Contudo, as indicações dos membros dos ministérios do governo Lula (PT) e a aprovação da Lei das Estatais, na Câmara, continua reduzindo a confiança dos investidores e pressionando os nossos ativos, sobretudo no câmbio”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, com mercado de olho na votação do Orçamento Secreto no Supremo Tribunal Federal (STF). O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,658% de 13,660% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,905%, de 14,065%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,585%, de 13,830% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,390% de 13,610% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,3160 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em forte queda, com o Nasdaq caindo 3,2% e o Dow Jones registrando as piores perdas em três meses, com Wall Street digerindo as projeções de ontem do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de subir os juros acima das estimativas anteriores, o que renova os temores de que a economia norte-americana entre em recessão.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -2,25%, 33.202,22 pontos
Nasdaq 100: -3,23%, 10.810,5 pontos
S&P 500: -2,49%, 3.895,75 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.