Bolsa fecha em queda com peso do cenário político e bancos; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda pelo terceiro dia seguido impactada pelo risco político com os investidores preocupados com o resultado das eleições e mediante esse cenário as estatais recuaram novamente.

Somado a isso, os bancos ajudaram a empurrar o índice para baixo refletindo o balanço do Santander (SANB11), que ficou abaixo das expectativas e os investidores ficam receosos de que os demais balanços do setor não venham tão positivos.

As ações do Santander (SANB11) caíram 5,25%; Itaú (ITUB4) perdia 2,14% e Bradesco (BBDC3 e BBDC4) recuava 3,89% e 4,35%. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) encerrou em queda de 1,81% e 2,44%. Banco do Brasil (BBAS3) cedeu 3,54%.

O principal índice da B3 caiu 1,62%, aos 112.763,79 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro perdeu 1,54%, aos 114.390 pontos. O giro financeiro foi de R$ 33,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam mistas.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, disse que a eleição ainda “impõe cautela para o Ibovespa e o destaque na Bolsa é para a queda dos bancos liderada pelo Santander, varejo e consumo; o exterior segue misto com os balanços decepcionantes principalmente de Microsoft e Alphabet”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que as eleições pesam na Bolsa. “O risco político acaba trazendo incerteza aos investidores; as estatais sofrem e nos próximos dias o mercado fica atento às pesquisas de intenção de voto e aos balanços corporativos aqui e nos Estados Unidos”.

O sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos ressaltou que após o chamado “3º turno ou contestação do resultado”, a Bolsa “deve subir e os investidores locais que hoje estão cautelosos e receosos, voltaram à compras”.

Hashimoto disse que o resultado do Santander não agradou o mercado, “puxa o setor para baixo e a expectativa é de que os outros bancos possam trazer balanços não tão positivos”. Já o desempenho da Weg (WEGE3) ficou acima das expectativas e “como a empresa tem exposição no mercado chinês ajuda a boa performance da Vale na sessão de hoje”. As ações da Vale (VALE3) subiam mais de 2%.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que o mercado continua à espera das eleições e a volatilidade deve seguir até sexta-feira. “A gente continua vendo um desmonte do kit Bolsonaro e o mercado montando o kit Lula; a instabilidade do mercado está muito alta e as opções de instabilidade das ações de Petrobras está acima de 70%, sendo que o nível que se costuma operar é entre 35% e 40%; as estatais estão sofrendo e as empresas de varejo e educação estão performando bem”.

O gestor da Galapagos Capital afirmou que o mercado “vai acompanhar as próximas pesquisas e ver o impacto real do caso Roberto Jefferson nas eleições; o mercado está bem inseguro e bem indeciso do que vai acontecer na segunda-feira.

O dólar comercial fechou em alta de 1,10%, cotado a R$ 5,3820. A moeda norte-americana refletiu tanto o movediço ambiente político doméstico quanto as incertezas globais, com a China como protagonista.

“A grande dúvida é que o mercado não sabe como será a área fiscal no próximo ano. Existe uma preocupação com isso”, observa Quartaroli.

Segundo o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, “estamos descolados e não aproveitamos a queda global do dólar. O mercado reduziu o entusiasmo para uma vitória do (presidente, Jair) Bolsonaro nas eleições”.

Borsoi acredita que a nova configuração do comando na China impacta o crescimento do país asiático e, consequentemente, dos emergentes ligados às commodities, como o Brasil.

Quartaroli, “embora maioria das apostas seja na manutenção da Selic (taxa básica de juros), ainda não se sabe ao certo se o ciclo de aperto monetário chegou ao fim ou não, já que as previsões de inflação para 2023 e 2024 permanecem acima da meta”.

“O fator eleitoral continua colocando cautela nos mercados, principalmente pela incerteza da agenda fiscal dos candidatos”, analisa Quartaroli.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta com cenário eleitoral em foco, além dos dados fortes de emprego, aliados ao IPCA-15 de outubro acima da mediana das projeções.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,682% de 13,682% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,985%, de 12,940%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,920%, de 11,840% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,805% de 11,675%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos devem fechar a sessão em campo misto, com o Nasdaq caindo 2%, refletindo o desempenho decepcionante de Alphabet – controladora do Google -, e Microsoft, o que gera temor entre os investidores sobre os próximos relatórios de ganhos que vêm a seguir de empresas do setor.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,01%, 31.839,11 pontos
Nasdaq 100: -2,04%, 10.971,0 pontos
S&P 500: -0,73%, 3.830,60 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA