Bolsa fecha em leve alta sustentada por Petrobras; dólar encerra abaixo dos R$ 5

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta sustentada pelas ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) acompanhando a valorização do petróleo no mercado internacional, após a Arábia Saudita cortar a produção em um dia fraco de notícias e exterior negativo. A Vale (VALE3) caiu, apesar da alta do minério de ferro na China. A sessão foi volátil e de baixa liquidez.

Os investidores estão apostando em uma redução na taxa de juros (Selic) em agosto, o que se evidencia na curva de juros futuros (DIs).

Mais cedo, o Boletim Focus mostrou que a estimativa de inflação medida pelo Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu para 5,69%, de 5,71% este ano. E, a previsão de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu para 1,68% de 1,26% em 2023. Na semana passada, o IBGE divulgou que o PIB cresceu 1,9% no 1T23 na comparação com trimestre anterior.

As ações da Vale (VALE3) caíram 0,82% e da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 0,62% e 1,06%.

A CVC (CVCB3) liderou a alta do índice após a empresa anunciar um acordo com o GJP fundo de investimentos em ações, do fundador e antigo controlador da empresa, Guilherme Paulus. O executivo afirmou investir R$ 75 milhões na eventual e futura oferta pública de distribuição primária de ações. As ações subiram 10,83%.

O principal índice da B3 subiu 0,12%, aos 112.696,32 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho caiu 0,04%, aos 113.180 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em queda.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, disse que o Ibovespa opera de forma estável. “O Indice tenta se manter nesse patamar- nos 112 mil pts- que se consolidou após forte alta na semana passada, o destaque negativo fica para a Vale e empresas do setor de mineração e siderurgia andam de lado, apesar da alta do minério de ferro na China, mas ainda segue no radar a incerteza econômica e uma quebra de expectativa da demanda por commodities, em especial do aço, afetando as cotações do setor local “.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa opera sem uma direção clara. “Com agenda esvaziada, após altas expressivas aqui e lá fora, o cenário é de cautela e o dado de ISM nos EUA abaixo do consenso-caiu a 50,3pts e esperava 52,3pts- não impulsionou muito a sessão de hoje; o mercado estava esperançoso com as commodities, mas a Vale acabou virando e a Petrobras desacelerando a alta, o mercado recuou como um todo”.

Mota explicou que a virada da Vale não tem nenhum motivo específico com notícias relacionadas à China, “é apenas cautela” e acrescentou que as ações do setor de varejo e construções subiam refletindo a queda na curva de juros futuros. Magazine Luiza (MGLU3) subiu 0,51% e MRV(MRVE3) avançou 1,39%.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que o Ibovespa é impactado “pela queda da Vale novamente por conta das preocupações quanto à recuperação chinesa, nas últimas semanas o governo vem anunciando algumas medidas, mas têm sido ofuscadas pelos indicadores ainda mais fracos que a expectativa”.

Já Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que as ações das commodities como Petrobras e Vale “pioraram e o ISM de serviços dos Estados Unidos veio mais fraco-caiu em maio para 50,3 pontos de 51,9 pontos em abril, dado revisado”.

Ubirajara da Silva, gestor de renda variável, o mercado digere o “rali de sexta-feira com alta forte aqui e lá fora e o grande destaque é o petróleo com a Arabia Saudita anunciando corte de produção independente da Opep+, é uma novidade para o mercado, os rumores vindos da China com um novo pacote para a infraestrutura, o que acaba impulsionando o minério de ferro, desde sexta-feira por aqui acompanhar os pacotes e incentivos vindos nosso governo e começa a assustar o investidor”. O dólar comercial fechou em queda de 0,50%, cotado a R$ 4,9290. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o bom humor do mercado com uma possível retomada econômica chinesa, a pausa na alta dos juros nos Estados Unidos e a confirmação da desaceleração da inflação no Brasil.

Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o pano de fundo global é positivo, com perda de ímpeto do dólar”.

O economista entende que o mercado já precifica que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá manter a taxa de juros inalterada na próxima reunião, em junho. As promessas de incentivo à economia chinesa também valorizam as commodities, e consequentemente as moedas ligadas a elas, como o real.

Já no âmbito doméstico, Borsoi acredita que o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, que será divulgado na próxima quarta, deverá confirmar uma inflação em desaceleração, sendo mais um ingrediente que deve pressionar o Banco Central (BC) a começar o corte na Selic (taxa básica de juros).

Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “com o risco da dívida americana resolvido e as commodities em leve alta, as moedas emergentes são beneficiadas. O Brasil continua interessante para fazer operação de carry trade”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda depois de dados dos EUA sinalizarem menor atividade econômica, o que derrubou as taxas de juros globais. Mais cedo, o Boletim Focus mostrou uma melhora no PIB e inflação mais controlada. Além disso, o diretor de política econômica monetária do Banco Central (BC), Diogo Guillen, fez falas que indicam melhora na inflação doméstica e global, o que também contribuiu para o comportamento das DI.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13, 215% de 13, 210 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11, 475% de 11,505%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,620 %, de 10,785%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,585 % de 10,780% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, à medida que os investidores avaliam os dados da indústria que vieram mais fracos do que o esperado antes da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) da próxima semana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,59%, 33.562,86 pontos
Nasdaq Composto: -0,09%, 13.229,4 pontos
S&P 500: -0,20%, 4.273,79 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA