Bolsa fecha em alta pelo 5º dia seguido por resultado positivo do IPCA e bom desempenho da Vale e Petrobras

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São Paulo- O Ibovespa fechou em alta pelo quinto dia seguido, no maior patamar do ano, acima dos 115 mil pontos, refletindo o resultado positivo do Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que desacelerou em maio para 0,23% contra (+0,61%) em abril, e ficou abaixo das expectativas do mercado (+0,32%).

Somado a isso, a boa performance da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4), ações de peso no índice, ajudou a impulsionar a Bolsa. A cautela externa impediu que o índice avançasse mais.

Com o feriado de Corpus Christi aqui, amanhã (8), a B3 não funcionará, mas na sexta-feira (9), a Bolsa abrirá normalmente.

Os papéis da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam, respectivamente, em alta de 1,58% e 3,10% e 2,92%.

O destaque negativo ficou para a resseguradora IRBBrasil (IBRB3), caiu 6,24%. Segundo André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, dois fatores podem explicar a queda na sessão de hoje. “Em um cenário de juros mais baixos é ruim para seguradoras, pois o financeiro que fica no float rende menos, já que esse montante geralmente fica aplicado em ativos livre de risco indexados a taxa de juros atual; além disso, a empresa pretende fazer uma nova oferta de ações para captar recursos no mercado, mas o montante não deve ser destinado a novos investimentos e sim como reforço de caixa da empresa, isso não agradou o mercado”.

O principal índice da B3 avançou 0,76%, aos 115.488,16 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho subiu 0,42%, aos 115.790 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam mistas.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, a Bolsa sustenta a alta, quase bateu os 116 mil pontos, mas “reduziu os ganhos com cautela externa e pressão dos juros domésticos; a política monetária no exterior neutralizou o bom resultado do IPCA de maio, bem abaixo do esperado, que levou a uma onda de revisões pra baixo da inflação do ano e reforçou corte da Selic pra agosto”.

Segundo um analista de uma grande corretora, os papéis de “segunda linha” estão realizando lucros e os de peso relevante no índice seguem em alta firme, como Vale e Petrobras; em véspera de feriado, os investidores não querem arriscar posição agora à tarde”.

Felipe Moura, sócio e gestora Finacap Investimentos, disse que a Bolsa segue em alta, após a leitura de inflação oficial abaixo do consenso.

“O IPCA coloca a inflação de 12 meses dentro da meta [a meta de inflação do BC para 2023 é de 3,25%] e cria mais um argumento forte de que a queda nos juros deve ser consistente por parte do Banco Central, o dado de hoje só reforça os movimentos vistos nas últimas semanas com a volta da Bolsa para os 115 mil pts e é justificado com a melhora expressiva do cenário macroeconômico. Para a recuperação dos preços, restava uma descompressão do risco macro e estamos vendo. Ontem tivemos a leitura do IGP-DI abaixo do esperado e corrobora para as apostas que o mercado vem fazendo. O otimismo deve continuar”.

José Simão, sócio da Legend Investimentos, comentou sobre o IPCA, que veio abaixo do esperado. “Os destaques de alta ficaram para saúde e cuidados pessoais (+0,93%), mas o restante teve queda dos núcleos- caiu de 0,37% perante 0,51% em abril. O mercado responde positivamente, mas muito disso já estava precificado. O IPCA em 12 meses ficou 3,94% e dá mais ânimo para o corte de juros daqui pra frente”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,26%, cotado a R$ 4,9250. A moeda, que oscilou ao longo da sessão, refletiu o temor de que os bancos centrais das economias centrais façam uma nova rodada de aumento de juros, a recuperação errática da economia chinesa e a busca por proteção dos investidores às véspera do feriado de Corpus Christi.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “os dados chineses são preponderantemente negativos”.

Abdemalack observa que a alta dos juros em algumas economias desenvolvidas faz com que o mercado comece precificar um movimento de “stop and go”, com o Fed mantendo os juros na reunião de junho, mas voltando a subir na reunião seguinte, em julho.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o cenário é positivo, com o IPCA sendo mais um ingrediente no corte da Selic (taxa básica de juros) que se aproxima, além de um pacote fiscal mais crível.

De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o IPCA foi muito bom e a perspectiva de melhora é bastante significativa.

O Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio ante abril subiu 0,23% ante expectativas de 0,32%.

Borsoi, contudo, pontua que os resultados ruins na China prejudicam a moeda brasileira. As exportações chinesas recuaram 7,5% no comparativo anual (expectativa de +1.8%) e as importações caíram -4,5% na mesma base de comparação (projeção de -8,0%). A véspera de feriado faz com que a liquidez seja menor e o investidor busque proteção, observa.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham majoritariamente em alta, em movimento de correção, depois das impetuosas quedas dos últimos dias – e inclusive da abertura dos negócios de hoje. Isso porque o destaque de hoje foi positivo, com IPCA abaixo do esperado e perspectivas mais sólidas de corte da Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13, 100 % de 13,125 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11, 270% de 11,230%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,645 %, de 10,500 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10, 655 % de 10,470 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com o Nasdaq caindo 1,2%, em meio às incertezas da economia global diante da alta inflação e com sinais de desaceleração da China – a segunda maior economia do mundo.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,27%, 33.665,02 pontos
Nasdaq 100: -1,29%, 13.104,9 pontos
S&P 500: -0,38%, 4.267,52 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA