Vendas de cimento apresentam leve recuperação, com alta de 1% em maio, diz sindicato

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São Paulo – As vendas da indústria do cimento no mês de maio registraram alta de 1,0%, comparado com o mesmo período do ano passado. Em termos nominais foram comercializadas 5,6 milhões de toneladas, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).

Na comparação por dia útil (melhor indicador que considera o número de dias trabalhados e que tem forte influência no consumo de cimento), as vendas do produto registraram em maio 231,7 mil toneladas, uma alta de 3,8% em comparação a abril e de 1,2% em relação a igual período de 2022.

No entanto, no acumulado do ano (jan-maio), as vendas do cimento registraram queda de 2,5%. O alto endividamento e inadimplência das famílias, a taxa de desemprego em patamares ainda elevados, aliado com a lenta recuperação dos salários, agravados pelas incertezas econômicas, continuam a afetar o setor.

Os principais indutores do consumo de cimento continuam desacelerando, em virtude da dificuldade no acesso ao crédito, em meio a taxa de juros elevadas, redução de lançamentos e financiamentos imobiliários e as indefinições com relação ao Minha Casa Minha Vida (MCMV).

A persistência da alta taxa básica de juros penaliza a cadeia da construção civil não apenas nas vendas, mas também na geração de emprego, renda e na retomada das obras para o desejável retorno do Brasil ao crescimento, declarou Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC, em nota.

Os lançamentos imobiliários apontaram queda de 30,2% no primeiro trimestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano passado. O recuo foi ainda maior dentro do programa habitacional MCMV, 41,8% menor ante o primeiro trimestre de 2022. A queda das vendas foi de 9,2% no total e -37,1% no MCMV, diminuindo ainda mais os estoques de obras, o que gera efetiva preocupação da indústria do cimento frente a demanda no curto e médio prazo.

As vendas de materiais de construção seguem em retração, reflexo da alta taxa de juros e do baixo poder de compra da população, que tem contraído cada vez mais dívidas. Em 2023, a inadimplência2 cresce em ritmo mais acelerado nas famílias da classe média, que ganham entre cinco e dez salários mínimos mensais. De janeiro a abril, a fatia de inadimplentes nesse grupo passou de 20,4% para 22,6%.

Apesar do cenário econômico ainda desfavorável, os índices de confiança caminham em direções opostas. O do consumidor3 subiu em maio, atingindo o maior nível desde outubro de 2022. A melhora das expectativas para os próximos meses foi disseminada entre as faixas de renda, com exceção das famílias com maior poder aquisitivo que estão mais pessimistas. O alívio da inflação no curto prazo e o aumento do salário mínimo podem ter influenciado esse otimismo. Porém, o alto endividamento das famílias (48,5%) e o crédito caro ajudam a manter o indicador em patamar baixo e instável.

A confiança da construção4 voltou a oscilar para baixo em maio. O movimento foi generalizado em todos os segmentos, porém mais intenso nas empresas de infraestrutura. Desde outubro do ano passado a confiança tem oscilado entre altos e baixos, reflexo do crédito mais difícil e caro.

Na indústria5, a confiança também desacelerou em maio. A menor demanda, juros elevados e a inflação geram maior cautela nos empresários que projetam redução da produção e uma tendência negativa para os próximos meses.

Ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido 1,9% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao trimestre anterior, a construção caiu 0,8% em igual período, resultado da taxa de juro elevada, que ainda desafia o setor e traz reflexos diretos tanto para os financiamentos, quanto para os investimentos produtivos e no consumo da população.