Bolsa fecha em alta moderada em um movimento de correção, mas encerra a semana no vermelho; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa encerrou os negócios nesta sexta-feira em alta moderada se comparada com os índices norte-americanos em um movimento de correção diante de uma semana negativa. A sessão foi de baixa liquidez. Na semana, o índice acumulou perda de 1,15%.

Os investidores seguem monitorando os riscos políticos e fiscais por aqui com as medidas do governo Jair Bolsonaro para beneficiar caminhoneiros e a população de menor renda. O mercado mantém a atenção no cenário externo em meio a uma possível recessão.

O principal índice da B3 subiu 0,60%, aos 98.672,26 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 1,07%, aos 100.280 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Entre as maiores altas dos índices estão a Gol (GOLL4) e CSN (CSNA3) registraram ganho de 6,70% e 5,17%. As siderúrgicas tiveram bom desempenho na sessão de hoje.

A Petrorio (PRIO3) subiu 5,17% por causa do aumento do petróleo, e da Suzano (SUZB3), avançou 4,86%. A empresa de papel e celulose informou que a partir de 01 de julho vai elevar o preço da tonelada de celulose de fibra curta para América do Norte (US$ 40); Europa (US$ 30) e Ásia (US$20).

José Simão, sócio da Legend Investimentos, comentou que a Bolsa está tentando uma recuperação na sessão de hoje, mas “chega em um patamar e não tem poder de compra para avançar mais. Vemos mais um suspiro do mercado que posicionamento de uma retomada do movimento de alta”. Ele destaca a melhor performance das commodities, que perderam durante a semana.

Simão também ressaltou a prévia da inflação divulgada hoje mais cedo- Indice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) – ficou mais vez acima da mediana, subiu 0,69% na comparação mensal enquanto o mercado previa alta de 0,65%. “Muita gente aguardava que se viesse para baixo poderia sinalizar o final ciclo de juros”.

Nos próximos dois meses o IPCA pode diminuir, mas não dá alívio porque o aperto monetário pode vir mais forte lá fora e causar ruídos, disse.

Com a inflação alta e os imbróglios políticos por aqui, a volatilidade continuará dando o tom do mercado de renda variável.

Mais cedo, Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que o movimento de hoje é de correção temporária. “É a oportunidade pela busca de ações mais baratas devido às fortes quedas das últimas semanas. Não teve nenhum drive positivo para a subida.

Ele comentou que a 3RPetroleumon (RRRP3) e Petrorio (PRIO3) estão subindo acompanhando o movimento no exterior, a Petrobras (PETR3 e PETR4) está estável por causa do risco político.

O setor de bens duráveis -materiais e indústrias- está subindo, como as ações da Weg (WEGE3), e “pode ser reflexo do anúncio do governo chinês para reaquecer a economia. Se isso realmente acontecer esse setor será beneficiado junto com commodities”, disse Leite. A WEG (WEGE3) aumentou 2,12%.

O head de renda variável da Diagrama Investimentos citou que os investidores seguem preocupados com a inflação global e o caminho que os bancos centrais devem encontrar para contê-la. Por aqui, disse que está no radar com o risco fiscal e político com o pacote de bondades do governo. “A visão de mercado é ainda de aversão ao risco”, apontou.

O dólar comercial fechou em alta de 0,42%, cotado a R$ 5,2520. Isso é reflexo das incertezas fiscais e políticas internas, além do temor com uma possível recessão global. Na semana, a moeda norte-americana teve valorização 2,06%, sendo a quarta semana consecutiva de alta.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o ambiente doméstico adiciona pressão à moeda, com o governo tentando de todos os modos possíveis minimizar o impacto dos combustíveis na reeleição do presidente”.

Rostagno também explica que houve uma mudança de cenário global, com o risco de recessão nos Estados Unidos e recessão global.

De acordo com fonte ouvida pela CMA, “o Brasil está descolado do resto do mundo devido aos problemas internos. Os auxílios e isenções que o governo está tentando dar soam muito mal. Após a divulgação da pesquisa eleitoral, existe a expectativa de medidas ainda mais populistas”.

A fonte refere-se à limitação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre itens como gasolina, diesel e energia elétrica, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, além da intenção de dar um voucher para caminhoneiros que pode chegar a R$ 1.000,00. A pesquisa Datafolha apontou, ontem, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera a corrida presidencial com 47% das intenções de votos, enquanto o atual chefe do executivo tem 28%.

“A situação fiscal tende a piorar bastante, e não vejo uma melhora a curto prazo. Aquele dólar a R$ 4,70 era uma ‘fábula’, irreal”, complementou a fonte.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta sexta-feira (24) após um IPCA-15 bastante pressionado e risco fiscal no radar.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,640% de 13,510% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,250% de 12,990%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,520%, de 12,225% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,460% de 12,180%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, com a Nasdaq subindo 3,34%, recuperando-se das baixas recentes quando entraram em território de correção na semana passada, e encerrando a primeira semana positiva em junho.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +2,68%, 31.500,68 pontos
Nasdaq 100: +3,34%, 11.607,6 pontos
S&P 500: +3,05%, 3.911,74 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.