Bolsa fecha em alta de 0,54%, mas em outubro recua 2,93%; dólar encerra a R$ 5,04

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São Paulo -No último pregão do mês, a Bolsa fechou em alta de 0,54% puxada pela valorização da Vale (VALE3), ação de maior peso no índice, siderúrgicas e exterior com ganho moderado. Mas a política fiscal doméstica ainda preocupa o mercado. Em outubro, o Ibovespa encerrou em queda de 2,93%.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o presidente Lula não debateu a meta fiscal no encontro, desta manhã, com os líderes da base aliada. Na sexta-feira, Lula disse que seria difícil cumprir a meta de zerar o déficit em 2024.

Em relação às ações, os destaques ficaram para o Grupo Pão de Açúcar PCAR3), Gol (GOLL4) e BRF (BRFS3), com alta de 8,38%, 8,91% e 6,16%. A Vale (VALE3) subiu 1,20% refletindo o minério de ferro que subiu em Dalian.

O principal índice da B3 subiu 0,54%, aos 113.143,67 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 0,50%, aos 114.410 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, disse que hoje é dia de volatilidade aqui e lá fora e “na última hora firmaram uma alta modesta puxada por Vale e siderúrgicas, apesar de os PMIs da China terem caído, a alta é ancorada na expectativa de que o governo chinês anuncie novos estímulos e com os investidores à espera pela decisão do Fed amanhã para tomar posição. Aqui o mercado acompanhou a reunião do presidente Lula com a base aliada e o ministro das Relações Institucionais afirmou que a prioridade do governo é trabalhar pela aprovação de medidas que ampliem a arrecadação e terá como justiça tributária para o país; Lula também pressionou os líderes para aprovarem projetos que aumentem a arrecadação ainda este ano, sem mencionar a mudança da meta do déficit primário de 2024”.

Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, disse que o mercado está instável em meio à preocupação com o fiscal, mas a alta da maioria dos papéis e a queda dos DIs futuros ajudam a Bolsa.

“O governo está discutindo, nos bastidores, a mudança da meta fiscal para o ano que vem, que era zero e passou para um déficit entre 0,50% e 0,25%, isso não ajuda o dólar e não é bom para os mercados; qualquer coisa que sair na reunião do Conselho Político de Coalização mexe [com os ativos] para o bem ou para o mal. O que tira o sono do mercado, em termos domésticos, é a questão fiscal, que impede um ciclo mais forte de corte de Selic. Apesar desse cenário, a Bolsa sobe, a grande maioria das ações e o índice Small caps avançam, além disso o abaixamento da curva dos DIs em todos os vértices, principalmente os longos, o que é bom para o Ibovespa”.

Apesar da alta do petróleo, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 0,86% e 0,96%. Larissa acredita que pode ser “uma troca de posição da estatal para as petroleiras privadas, que avançam, por conta da questão de reformulação do estatuto social da companhia”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,12%, cotado a R$ 5,0407. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a espera pelas decisões de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorrem amanhã. No mês, a moeda teve valorização de 0,28%.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, além da espera pelas decisões dos bancos centrais, o feriado desta quinta, no Brasil, faz com que o investidor tenha ainda mais cautela.

Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “o mercado está em compasso de espera por Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) Banco Central (BC). Além disso, esta semana tem muitos indicadores importantes, especialmente o payroll, na sexta”.

Serrano entende que o mercado já absorveu as falas do presidente Lula, e que o real, diferentes dos juros e bolsa, tem mostrado resiliência, beneficiado pelas contas externas e alta das commodities.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam mistas. O dia foi marcado por correção das curvas mais curtas, mas o fiscal doméstico segue ruidoso.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,056% de 12,074% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,075% de 11,155%, o DI ara janeiro de 2026 ia a 11,060%, de 11,050%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,245% de 11,225% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, apesar de registrarem seu terceiro mês de perdas seguidas, com os investidores de olho na próxima decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) amanhã.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,38%, 33.052,87 pontos
Nasdaq 100: +0,48%, 12.851,2 pontos
S&P 500: +0,64%, 4.193,80 pontos

 

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA