Banco pode retirar possibilidade de aumento dos juros, diz Schnabel, do BCE

194
Isabel Schnabel, membro do BCE | Foto: European Central Bank

Isabel Schnabel, membro do Banco Central Europeu (BCE), em entrevista à agência Reuters, disse admitir que o banco pode deixar de lado a fase de aumento de juros, em vista dos dados econômicos da zona do euro. “Ao longo do último ano, a inflação global diminuiu rapidamente. Isso aconteceu por conta da inversão dos choques anteriores do lado da oferta e foi principalmente impulsionado pelos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares. Os efeitos de base desempenharam um papel significativo”, afirmou.

Ela aponta que não somente a inflação global vem reduzindo, mas também o núcleo da inflação mas que ainda não é hora de declarar vitória. “Dito isto, apesar destes desenvolvimentos positivos, continuo a acreditar que não devemos declarar prematuramente a vitória sobre a inflação. Continuamos esperando um aumento nos próximos meses. Haverá uma reversão de algumas medidas fiscais e de alguns efeitos de base, e não podemos excluir que haverá um novo aumento dos preços da energia ou dos alimentos”.

Ela acredita que a política monetária está funcionando, para levar a inflação de volta à meta de 2%. “Portanto, acredito que estamos no caminho certo, mas precisamos permanecer vigilantes. Vamos ver o que nossas projeções da equipe de dezembro vão mostrar. Mas o recente impacto da inflação deu-me mais confiança de que seremos capazes de voltar aos 2% o mais tardar em 2025. Este é o nosso principal objetivo”.

Schnabel falou dos PMIs dos países e da zona do euro, que vêm em ritmo de contração. “Os índices de gestores de compras (PMIs) parecem estar no fundo do poço e até mostram um pequeno aumento. Espera-se então que o crescimento recupere gradualmente no próximo ano, principalmente devido ao aumento dos rendimentos reais, o que deverá fomentar a confiança e o consumo”.

Perguntada sobre o começo do corte dos juros (o mercado espera que comece na primavera (no hemisfério norte), ela disse que “os mercados estão confiantes de que a inflação irá descer rapidamente e, por isso, estão precificando cortes antecipados e muito grandes nas taxas no próximo ano”. Por outro lado, ela não deu prazos para que os juros comecem a cair.

Mas acredita que, a depender do desempenho da inflação, o risco de um aumento nos juros é baixo. “Esse movimento descendente da inflação provavelmente não vai continuar por enquanto. E o mais importante é que precisamos de ver o que irá acontecer à inflação subjacente, ao crescimento salarial, à produtividade, aos lucros unitários. Para estarmos confiantes de que regressaremos de forma sustentável ao nosso objetivo, precisamos de mais tempo”.