Apesar de inflação, BRF prevê melhora de margem e demanda no 2S21

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São Paulo – Após afirmar que viu uma inflação de grãos e insumos acima do esperado no segundo trimestre, o que pressionou seus custos e margens, a BRF afirma que prevê uma adequação de preços e recomposição de margens ao longo do segundo semestre, sendo que também uma há recuperação da demanda com o avanço da vacinação contra a covid-19.

“Houve uma pressão inflacionária muito forte, o ambiente foi absolutamente adverso em estrutura de custo para todas as companhias, mas temos feito um trabalho enorme de eficiência e produtividade comercial. Os preços ainda vão se adequar e teremos um novo cenário para frente”, disse o diretor presidente da BRF, Lourival Luz, em videoconferência com analistas sobre os resultados trimestrais.

Segundo o vice-presidente para o mercado Brasil da BRF, Sidney Manzaro, no segundo trimestre, a companhia já começou a “encaixar uma estratégia para recuperar preços”, começando a repassar custos e a normalizar estoques em processados, o que já prepara o caminho para o restabelecimento de margens.

Manzaro também disse que está bastante otimista com a retomada da demanda do pequeno varejo e do segmento de food service no segundo semestre, conforme a vacinação avança no País.

Além disso, vê oportunidades no aumento de consumo de carne de frango e carne suína em detrimento do consumo de carne bovina, afirmando ainda que o consumo de produtos como frios e pratos prontos não caiu e segue positivo, evidenciando novos hábitos de consumo.

No segmento Halal, a expectativa também é de aumento de consumo no segundo semestre com a melhora da pandemia, apesar de também ocorrerem pressões inflacionárias e da lira turca.

AQUISIÇÕES

Em relação a possíveis aquisições, o presidente da BRF disse que não há nenhuma negociação na mesa no momento e para o segundo semestre, mas que seguem atentos a oportunidades. Segundo Luz, o momento é de consolidação de aquisições já feitas no segmento de pets.

“Fizemos um movimento importante em pets com duas aquisições de empresas relevantes, o foco agora é a integração desses ativos, estamos na fase de identificar as melhores práticas desses ativos e de consolidação”, disse.

REAÇÃO DO MERCADO

As ações da BRF operam em queda após chegarem a ensaiar uma alta há pouco, mostrando volatilidade. Segundo analistas, a companhia até conseguiu entregar números positivos apesar do cenário difícil no período, já que pressões inflacionárias preocupam e impactaram custos e margens. Às 12h30 (horário de Brasília), os papéis (BRFS3) tinham queda de 0,83%, a R$ 23,70. Perto da abertura, eles chegaram a cair quase 3%.

“O resultado foi bom, considerando as circunstâncias. Pressões de custos levaram a margem bruta de 19,1% ao menor patamar desde 2018, mas o controle de despesas conseguiu segurar margem ebitda em 10,2%, em linha com a nossa previsão”, disseram os analistas do BTG Pactual.

Os analistas afirmaram que o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado também veio em linha com o que esperavam e que, apesar de ter ocorrido uma geração de fluxo de caixa negativo no trimestre, a alavancagem caiu sequencialmente.

No segmento Brasil, o BTG avaliou o resultado como fraco, com perda de share e margem bruta, enquanto na Ásia as margens continuaram a normalizar e o segmento Halal foi o principal destaque positivo.

“A execução da BRF claramente melhorou ao longo dos anos, mas spreads pressionados, competição no Brasil, demanda volátil de exportação e balanço ainda alavancado nos deixam cautelosos”, afirmaram ainda.

Para a Genial Investimentos, apesar de a BRF ter observado melhorias no aspecto operacional, a empresa ainda se encontra em um momento difícil. “A situação financeira é desafiadora e os custos de matéria-prima (principalmente milho e soja) continuam elevados, aspectos que contribuíram para um prejuízo líquido de R$ 199 milhões no trimestre”, afirmaram.

Já os analistas da XP Investimentos afirmam que em meio a um cenário incerto, preferem manter a classificação de neutro para o papel, com preço-alvo de R$ 30/ação, apesar verem o crescimento da receita e a subida de preços já realizada como positivos.

“Olhando para frente, nós projetamos melhora de margens para o Brasil, devido à sazonalidade favorável dos próximos meses, bem como um movimento esperado de aumento do preço da carne de frango versus as demais proteínas. Do lado dos riscos, entendemos que o câmbio e os preços dos grãos são itens que podem vir a prejudicar tal recuperação de margens”, disseram ainda, em
relatório.