Aperto monetário deve ser mais rápido se inflação não cair, segundo ata do Fed

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo – Os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) afirmaram que se as pressões inflacionárias persistirem, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) terá que acelerar o aperto monetário programado para o ano.
Segundo ata da última reunião do comitê realizada entre 25 e 26 de janeiro, espera-se que a pressão sobre os preços modere ao longo do ano, mas os riscos permanecem altos. Muitos membros também acreditam que o mercado de trabalho já se encontra em estado pleno e que parte da retirada da política acomodatícia deve envolver a redução do balanço do banco mais tarde neste ano.
“Os participantes concordaram que a incerteza quanto à trajetória da inflação está elevada e que os riscos para a inflação estão ponderados para cima”, afirma o documento.
De acordo com a ata, os riscos principais podem ser resumidos em escassez de insumos, política de zero tolerância à covid-19 na China, tensões geopolíticas e aumento de salários com produtividade abaixo do necessário.
O Fomc observou que a pressão sobre os preços já se espalhou para além dos setores mais afetados pela pandemia e pelos gargalos nas entregas, como ocorria há meses atrás. Alguns dos contatos dos membros disseram que estão conseguindo repassar os valores mais altos de insumos para o consumidor devido à maior demanda.
“Os participantes geralmente esperam que a inflação se modere ao longo do ano, à medida que os desequilíbrios de oferta e demanda diminuem e a acomodação da política monetária for removida”, afirma o documento.
Muitos acreditam que devido à persistente inflação, a retirada de acomodação monetária deve ser feita logo. A maioria vê a situação do emprego no país como plena, devido às quedas na taxa de desemprego e ao aumento de salários. No entanto, alguns dos membros notaram que a participação da população economicamente ativa ainda está baixa.
Por isso, a maioria concordou em manter a taxa básica de juros na faixa entre zero e 0,25% mas acredita que em breve ela deve aumentar. Para alinhar o mercado com as expectativas do Fed, os membros decidiram alterar a comunicação e deixar claro que pretendem fazer isso em breve. Segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, a primeira elevação deve ocorrer em março.
Na reunião, os membros decidiram por diminuir o programa de compra de ativos para US$ 30 bilhões, com previsão para o encerramento dele em março. Alguns dos membros, no entanto, acreditaram que uma retirada mais rápida poderia mandar uma mensagem mais forte de que o banco está lutando contra a inflação. Ao mesmo tempo, outros participantes comentaram sobre o risco de que as condições financeiras possam apertar indevidamente em resposta a uma rápida remoção da acomodação política.
A maioria, no entanto, concordou que essa remoção será mais rápida do que a ocorrida em 2015 devido a uma perspectiva maior de crescimento, inflação substancialmente mais elevada e mercado de trabalho mais apertado. Para o comitê, o aperto monetário irá depender principalmente da elevação de taxas de juros e da redução do balanço do Fed, que deve ocorrer mais tarde neste ano.