Anúncios sobre venda de refinarias mexem pouco com ações da Petrobras

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Refinaria Henrique Lage (Revap). (Foto: Ehder de Souza/Agência Petrobras)
Refinaria Henrique Lage (Revap). (Foto: Ehder de Souza/Agência Petrobras)

São Paulo – As ações da Petrobras operam perto da estabilidade após a companhia anunciar a assinatura de acordo para a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), por US$ 189,5 milhões, e que os interessados pela Refinaria Abreu e Lima (Rnest) desistiram de apresentar propostas. Às 16h35 (horário de Brasília), o papel ordinário da empresa (PETR3) tinha queda de 0,52%, a R$ 28,29, e o preferencial (PETR4) recuava 0,54%, a R$ 27,56.

Os analistas do Credit Suisse avaliam que os anúncios de ontem evidenciam as diferenças de rendimentos, capacidade, infraestrutura e diferentes mercados atendidos pelas refinarias da companhia que estao em processo de venda, e podem trazer alguma preocupação com relação a sequência dos processos. Eles ressaltam que enxergam a competição por Reman como um bom sinal, mas a falta de propostas pela Rnest traz incertezas sobre a venda do ativo.

Entre as de maiores capacidades e yields, citam, em ordem descrescente, as refinarias Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, Gabriel Passos (Regap), ), em Minas Gerais, Rnest (PE), Reman (AM), e Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), no Rio Grande do Norte, Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), no Ceará, e da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná.

“De toda forma, acreditamos que o processo representa oportunidades para os compradores e que o mercado brasileiro apresenta margens operacionais elevadas, crescimento potencial e tamanho razoável. As vendas devem mitigar de forma relevante os riscos de precificação e exigência de capital da companhia no futuro. Seguimos otimistas em relação à venda de outras refinarias relevantes como a Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, e Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, antes do final de outubro”, escreveram os analistas.

A Guide Investimentos considerou positivo anúncio sobre a venda da Reman, por contribuir para a melhoria da alocação de capital, diminuição do endividamento e uma melhora na alocação de seu capital em ativos que possam gerar um maior valor para a empresa.

“Vemos com bons olhos o plano de venda de refinarias fora dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, por conta do potencial de otimização operacional”, disse Luis Sales, da Guide.

A Levante Ideias de Investimento disse que por um lado, a venda da Reman é positiva para a empresa, que segue se desfazendo de ativos considerados não estratégicos para focar na exploração e produção de petróleo em águas profundas, principalmente no pré-sal, e que por outro lado, o encerramento do processo de venda da Rnest é negativo, visto que esta é uma das maiores e mais modernas refinarias do país, com capacidade de processamento de 230 mil barris de petróleo por dia.

Mais cedo, a Ativa Investimentos disse que uma possível venda da refinaria Abreu e Lima poderia render R$ 5,75 bilhões aos cofres da Petrobras.

“A refinaria Abreu e Lima era a mais moderna e a que esperávamos um menor deságio em sua alienação. Acreditávamos que sua venda pudesse representar pelo menos mais R$ 5,75 bi ao caixa da companhia e com a finalização do processo sem êxito”, disse a corretora de investimentos.

Ontem, a estatal informou ontem que os interessados no processo de venda da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) declinaram formalmente de apresentar proposta vinculante para a compra. Agora, a companhia realiza os trâmites internos para encerramento do processo de venda em curso e disse que avaliará os próximos passos em relação ao negócio.

“Pode haver uma reação negativa no mercado hoje, embora a Petrobras continue em busca de um novo interessado”, completou a Ativa.