Petrobras tem volatilidade com alta do diesel, petróleo e Lira

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – Após chegarem a subir mais de 1%, as ações da Petrobras reduziram fortemente ganhos e mostram volatilidade diante de um noticiário intenso para a petrolífera, que anunciou um novo aumento do preço do diesel após 85 dias sem reajustes. Apesar do aumento ser positivo para a companhia e bem visto pelo mercado, a estatal segue pressionada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que voltou a criticar os preços altos e afirmou que discutirá projetos que evitem elevações.
Os papéis também acompanham as oscilações dos preços do petróleo, que perderam força em meio a uma piora dos mercados no exterior, após o Brent chegar a superar os US$ 80 o barril, no nível mais alto em três anos mais cedo.
Às 12h58 (horário de Brasília), os papéis preferenciais (PETR4) tinham alta de 0,55%, a R$ 27,30, enquanto as ações ordinárias (PETR3) avançavam 0,35%, a R$ 28,09.
Há pouco, a Petrobras anunciou que aumentará o preço médio do óleo diesel nas refinarias em 8,90%, para R$ 3,06 o litro, de R$ 2,81, refletindo reajuste médio de R$ 0,25 por litro. O mudança é válida a partir de amanhã (29). A última alteração no preço do combustível foi anunciada em 5 de julho.
Porém, mais cedo, Lira novamente veio a público criticar os preços elevados de combustíveis e disse que discutirá amanhã com os líderes políticos da Câmara projetos de lei que evitem o aumento do preço dos combustíveis, visto que a pressão no preço destes produtos é “insustentável”.
“O diretor da Petrobras Cláudio Mastella diz que estuda com ‘carinho” um aumento de preços diante desse cenário. Tenho certeza que ele é bem pago para buscar outrassoluções que não o simples repasse frequente”, acrescentou Lira. “O fato é que o Brasil não pode tolerar gasolina a quase R$ 7 e o gás a R$ 120.”
Ontem (27), em coletiva de imprensa convocada de última hora, a empresa já tinha sugerido que poderia fazer uma elevação dos preços de combustíveis diante da valorização recente do petróleo, reiterando ainda a sua atual política de preços, o que agradou investidores.
Segundo o diretor executivo de comercialização e logística, Cláudio Mastella, que também esteve na coletiva, a Petrobras evita repassar a volatilidade excessiva de preços do petróleo e oscilações que sejam apenas conjunturais, mas acompanhava possíveis mudanças estruturais. “Estamos avaliando reajustes. O que existe de estrutural hoje é o crescimento sazonal da demanda de por óleo diesel no hemisfério norte, que costuma fazer os preços subirem nesse período”, disse.
Analistas gostaram das sinalizações dadas, destacando que a companhia reforçou que quer manter uma política de preços que siga mantendo sua rentabilidade, apesar de pressões de parte da sociedade para que a estatal dê explicações sobre preços elevados de combustíveis, que têm pressionado a inflação e a renda da população.
“Apesar da dificuldade da Petrobras em se adequar aos preços internacionais, a sinalização de que a política de preços doméstica praticada pela companhia deve permanecer sem maiores intervenções do governo federal é vista com bons olhos pelo mercado”, disse o analista da Guide Investimentos, Luís Sales, em relatório.
O analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, também considerou a mensagem positiva. “Entendemos que a mensagem reforçada pelo management da companhia tenha sido que, independentemente do contexto energético, político e econômico atual do país, seu compromisso com a manutenção da rentabilidade das operações segue inabalado, o que consideramos positivo”, afirmou.