MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – A Bolsa tem forte queda acompanhando o pessimismo nos Estados Unidos em meio à fala do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, e da secretária do Tesouro do país, Janet Yellen, no Congresso. Os juros de 10 anos dos títulos da dívida dos EUA são negociados a 1,525%.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 1,96%, aos 111.346,66 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 18,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava recuo de 1,68%, aos 111.500 pontos.
Atrelado a isso, se o orçamento no país não for aprovado até quinta-feira na Câmara, a maior economia do mundo pode sofrer um risco de paralisação da máquina pública, o que gerou muito estresse no mercado, chegando a cair mais de 2,34%. O projeto de US$ 1 trilhão em investimentos em infraestrutura proposto pelo presidente Joe Biden já foi aprovado pelo Senado.
Por aqui, as empresas de consumo, imobiliário e commodities estão sendo fortemente impactadas negativamente. O minério de ferro voltou a cair no mercado chinês e reflete nas empresas ligadas ao setor.
Em relação ao orçamento norte-americano, “o principal impacto é o abalo na confiança do crescimento previsto, que pode dificultar ainda mais a retomada da economia, impedindo o governo de fazer investimentos por um certo período”, afirmou Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos.
Embora do discurso de Powell já tenha sido antecipado na véspera, a fala de hoje afirmando que “estamos longe de atingir a máxima geração de empregos” acabou “não caindo muito bem no mercado” e as bolsas aqui e lá fora despencaram.
O head de renda variável da Diagrama Investimentos ressaltou que essa fala do Powell “mostra que o Fed deve antecipar a alta de juros e impactou o mercado como um todo”. A previsão de elevação da taxa de juros seria para o final de 2022/2023.
Leite salientou que “estamos vivendo uma época tão estranha que quando o país volta a gerar empregos, o mercado tomba porque tira os estímulos e isso mostra como a economia mundial está tão dependente dos estímulos dos bancos centrais globais”.
Leite também comentou que existe uma preocupação de como o mercado se comportará após a remoção dos incentivos e “se o crescimento vai acontecer de forma orgânica”.
Se Estados Unidos tirarem os estímulos e a China apresentar um o crescimento aquém do esperado influenciando as nossas exportadoras. “Certamente o crescimento brasileiro ficará comprometido com esses dois mercados mostrando desaceleração”.
O dólar segue com o viés de queda acentuada apresentado durante toda a manhã. A aproximação do tapering (remoção de estímulos) e as incertezas fiscais e políticas domésticas enfraquecem o real.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,87%, sendo negociado a R$ 5,4260 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2021 apresentava avanço de 0,59%, cotado a R$ 5,429.
Segundo o economista-chefe da Sulamérica Investimentos, Newton Rosa, “isso é uma sinalização que o mercado já começa a se ajustar à chegada do tapering nos próximos meses. Isso reflete no dólar”. Além disso, o economista pontua que com o aumento dos juros futuros nos países desenvolvidos, os emergentes ficam menos atrativos a investimentos, diminuindo a entrada de capital estrangeiro.
“O real está se desvalorizando também por conta dos ruídos políticos e fiscais. A incerteza fiscal e risco inflacionário contribuem com a alta do dólar, e isso deteriora ainda mais o ambiente”, analisa Rosa. O economista também vê o risco de isenções fiscais com cunho populista que podem degradar ainda mais o cenário doméstico.
De acordo com o boletim matinal da Commcor, “os leilões extras de swap cambial tradicional anunciados pelo Banco Central (BC), iniciados ontem com a venda de 14 mil contratos, não foram suficientes para conter as pressões altistas no dólar”.
“O foco de hoje vai para a ata da última reunião do Copom e como o mercado irá digeri-la”, avalia a Commcor. O boletim enfatizou que a instituição está atenta ao crescimento da inflação, porém não pretende mudar seu “plano de voo”, segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem em alta após a Petrobras anunciar reajuste de 9% no preço do diesel, após 85 dias de estabilidade. Na outra ponta, a publicação da ata mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reforça que a taxa básica de juros (Selic) vai subir no ritmo atual, e não de forma mais acelerada.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 7,19%, de 7,155% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 9,18%, de 9,040%; o DI para janeiro de 2025 ia a 10,260%, de 10,160% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,630%, de 10,560%, na mesma comparação.