UBS BB recomenda venda e corta preço-alvo da Petrobras; ação despenca

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – O UBS BB rebaixou a recomendação da ação preferencial da Petrobras (PETR4) de compra para venda e cortou o preço-alvo das ações de R$ 47 para R$ 22, valor 4,47% menor que o fechamento de ontem (21). A ação chegou a cair 5% e a ficar entre as maiores quedas do Ibovespa, que foi impactado pelo forte peso dos papéis da petrolífera. Por volta de 15h37 (horário de Brasília), as ações reduziram as perdas: o papel PETR4 recuava 2,93%, a R$ 22,83, enquanto a ordinária PETR3 tinha queda de 2,40%, a R$ 26,37. O principal índice da B3 recuava 0,33%.

Os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos justificam o rebaixamento da ação por esperar uma reversão na direção da empresa em relação a orientação dos últimos seis anos.

Segundo os analistas, a tese que guiava o apoio à empresa desde 2016 era baseada na mudança de dívida para melhor geração de caixa e desinvestimentos, apoiada pela queda da dívida bruta de mais de US$ 120 bilhões para US$ 54 bilhões, além de pagamentos significativos de dividendos (mais de US$ 47 bilhões desde o início 2021) e reclassificação potencialmente positiva.

A análise cita três pontos transformacionais para justificar o rebaixamento do ativo: preço dos combustíveis, investimentos e despesas gerais. Na avaliação dos analistas, “nada disso está claro, por enquanto; no entanto, comentários prévios da equipe de transição fornecem alguns insights e, olhando para o passado da Petrobras, nos tornamos substancialmente mais cautelosos.”

Em relação aos preços dos combustíveis, o relatório aponta que não há definição da nova política de preços da empresa e que espera uma compressão na margem de refino.

Os analistas também enxergam um risco importante em investimentos mais altos, pois, avaliam que, no passado, a Petrobras não foi capaz de diversificar sua lucratividade além das operações principais de petróleo e gás e acreditam que essa é uma tendência que pode voltar.

“Investimentos mais altos e uma busca por diversificação em energias renováveis e transição energética pode tornar a empresa inchada e as despesas gerais (que haviam sido negligenciadas pelo mercado nos últimos anos) pode virar uma preocupação.”

Isso também resultará em dividendos mais baixos para os acionistas, segundo a modelagem de que a companhia pagará o payout mínimo de 25% estabelecido por lei.

Por conta disso, o UBS BB reduziu suas projeções de receitas da Petrobras em 8% para 2023, 12% em 2024, 4% em 2025 e 5% em 2026. A perspectiva de lucro líquido foi reduzida em 14% em 2023, 24% em 2024, 14% em 2025 e 17% em 2026.

Transição defende que política de preços seja de governo

O senador Jean Paul Prates, que faz parte do grupo de transição da área de Minas e Energia e está sendo cotado para ocupar a pasta ou a presidência da Petrobras, defendeu que a política de preços da Petrobrás seja de ‘governo’. A declaração foi dada à rádio “CBN”, após reunião do grupo com o atual ministro da pasta Adolfo Sachsida para tratar sobre preços dos combustíveis. Os impostos que incidem sobre os combustíveis estão zerados até o final de 2022.

“Essa questão do preço dos combustíveis, o máximo que se pode chegar, numa equipe de transição, é quem poderá ajudar os próximos ocupantes desses cargos a montar uma política de combustíveis, friso, para o Brasil. Não é a Petrobras que faz, no nosso entender, no entender do presidente Lula, não é a Petrobras que baixa a política de preços no Brasil. Quem faz as diretrizes de política de preços dos combustíveis, tanto quanto as tarifas de eletricidade, é uma questão de política setorial, de governo.”

O atual ministro disse que a pasta não tem autonomia para decidir sobre as questões envolvendo a empresa. Em uma rede social, Sachsida escreveu: “Meus caros, eu não interfiro em pessoas jurídicas de direito privado. Respeito todas as opiniões, mas no que se refere à Petrobras, o máximo que faço é agendar reunião da equipe de transição com o comando da empresa. Nada além disso.”