Temos visão positiva para crescimento do e-commerce brasileiro, diz CEO da Magazine Luiza

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Fachada de Loja do Magine Luiza

São Paulo – O CEO da Magazine Luiza Fred Trajano disse que após receber uma denúncia anônima sobre práticas irregulares relacionadas a distribuidores que representam 3,5% do total de compra da companhia, o conselho de administração determinou apuração completa pelo comitê de riscos e compliance da empresa e que também contratará assessores para a realização de uma apuração independente.

“Estamos buscando atuar com a maior transparência possível e apresentaremos os resultados assim que concluirmos a apuração. No entanto, acredito que a denúncia não deveria tirar o brilho do nosso resultado em 2022, diante de cenário desafiador que o varejo brasileiro vem enfrentando”, comentou o presidente da Magazine Luiza, na reunião de apresentação dos resultados trimestrais para analistas e investidores, encerrada há pouco.

“Temos visão positiva para crescimento do e-commerce brasileiro em 2023, vamos buscar crescimento com rentabilidade, em categorias com tickets maiores” acrescentou. O executivo disse que a companhia buscará alcançar margens históricas e que espera maior crescimento principalmente no segundo semestre do ano.

O executivo ressaltou que a companhia está confiante no crescimento do 3P. “A companhia tem cinco centros de distribuição para fullfilment e um maior em Guarulhos e que está animada com o crescimento do 3P. 80% dos pedidos do passam pelo Magalu Entregas e 84% das remessas são feitas em 48 horas.”

“A ideia é ter operação de fullfilment em todos os nossos CDs e não estamos cobrando dos sellers, para incentivá-los a colocar os produtos. Estamos com ociosidade de 30%, em média. Mesmo quando comerçarmos a cobrar, o custo será marginal. Estamos escolhendo os sellers que entram, para não ter produtos parados.”

Ainda sobre o fullfilment, a varejista disse que espera ter melhor rentabilidade da operação à medida que começar a cobrar pela locação dos espaços, mas nã informou quando isso vai acontecer. A operação também exige mais trabalhadores para trabalhar na logística, mas que conseguiu otimizar custos com a adaptação dos espaços que já eram utilizados por suas operações próprias.

Fred Trajano disse que janeiro foi positivo e apreensivos com o repasse do imposto Difal [Diferencial de Alíquota do ICMS, o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], que impacta mais o 1P. O repasse do imposto deve impactar operações de 1P como Época, Kabum e Netshoes, disse Trajano.

“Estou há 22 anos no e-commerce e eu nunca presenciei um mercado tão racional, com custos, marketing, repasse de impostos. O cenário é positivo e Magalu tende a ganhar share, mesmo com o cenário macro mais desafiador, com juros altos e pressão de inflação.”

Em relação ao custo de aquisição de clientes (CAC), Trajano disse que muitas empresas deixaram de “bidar” no Google e que a companhia está conseguindo crescer as vendas sem aumentar muito os custos. “Não queremos perder a racionalidade, continuamos com esforços para aumentar nossa margem operacional, sem crescer muito o marketing. Então, estamos investindo na integração do fullfilment e assim, ter prazos menores e aumentar a fidelização. Nossa plataforma [marketplace] está muito boa, nosso sellers estão bem, e temos boas oportunidades de ganhar share nos sellers médios, que são a maior parte do mercado hoje em dia”, detalhou o CEO.

Trajano disse que o foco do capex da companhia é tecnologia com o objetivo de ampliar a plataforma. “O juro está muito alto, então, estamos priorizando os investimentos no que dá mais retorno.”

A empresa não deu projeções, mas disse que espera continuar evoluindo o giro de estoques, o que deve ser facilitado no atual cenário de crescimento de vendas, e do lado do fornecedor, tem prazo médio saudável e, espera ter geração de caixa. “É um ano para evoluir o capital de giro, com estoques, fornecedores e impostos”, comentou o diretor financeiro, Roberto Bellissimo Rodrigues.

Em relação à operação de Luizacred (crediário), o diretor financeiro disse que em janeiro a inadimplência estava boa e espera uma tendência boa para o ano. Em NPL espera terminar o ano em 9% e espera ter expansão na base de clientes, sem mudar seus critérios de aprovação. “Estamos otimistas para a evolução dos resultados deLuizacred em 2023 e principalmente em 2024, em receitas, eficiência, que já está abaixo de 30%, o que é excelente, e queda da inadimplência.”