Bolsa fecha em queda com cautela no cenário doméstico; dólar encerra cotado a R$5,15

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda ainda refletindo a cautela do mercado em relação ao comunicado duro do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira (8), divergência entre os membros do colegiado e as incertezas fiscais.

Os investidores também olharam para o Indice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) de abril um pouco acima do esperado e os balanços corporativos. As atenções da próxima semana ficam para a ata do Copom. Na semana, o Ibovespa recuou 0,70%.

Mais cedo foi divulgado o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril, que subiu 0,38% e a estimativa do mercado era de + 0,35%. No acumulado em 12 meses até abril, o avanço é de 3,69% contra previsão de 3,66%.

O principal índice da B3 caiu 0,45%, aos 127.599,57 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuou0,75%, aos 128.665 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que a Bolsa cai e “boa parte da queda de hoje ainda está refletindo a decisão dividida do Copom, colocando maior incerteza quanto ao rumo das expectativas de inflação”.

Fernandes disse que apesar do IPCA um pouco acima do esperado, “o dado mostrou evolução nos núcleos, com os serviços subjacentes caindo. Caso o item de serviços subjacentes siga desacelerando, o IPCA comportado e convergindo para a meta de inflação do BC, acredito que poderemos voltar a ter cortes de 0,50 ponto porcentual (pp) na Selic. Além disso, o Fed teria de iniciar o corte de juros o quanto antes”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que a Bolsa cai e o ambiente é mais negativo após a decisão de política monetária do Banco Central na quarta-feira. O IPCA não veio ruim.

“O IPCA veio acima do esperado, mas qualitativamente melhor, não foi um dado ruim, mas reflete o nosso cenário. O humor não é positivo no curto prazo e não vai mudar até que a gente consiga ancorar as expectativas. Mais uma vez o Brasil promete se desvencilhar de uma eventual recuperação, que parecia ser um dos nortes de maio. Até a reunião do Copom, a gente vinha bem e agora foi criado um problema que não tínhamos. Na abertura [da Bolsa] teve uma tentativa de rebound [recuperação], mas hoje acaba sendo mais um dia de queda tímida do Ibovespa. Agora a ata do Copom está sendo muito aguardada porque o comunicado da autoridade monetária foi péssimo e a votação pior ainda. Eles [os integrantes do Copom] têm chance de corrigir [o comunicado]. A questão não é ter divergência no interior de um Comitê, o problema é quando é ampla e mal comunicada. O resultado teria sido bem melhor se a comunicação tivesse sido mais bem ajustada. A ata tem que ser dura, tem que deixar claro o motivo dos movimentos para não parecer que foi algo politizado. O fiscal é uma grande incógnita. O mercado repercute alguns balanços que vieram bons”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,28%, cotado a R$ 5,1578. A moeda refletiu, ao longo da sessão, as incertezas que permeiam o cenário fiscal doméstico, além das indefinições sobre os juros norte-americanos. Na semana, a divisa estadunidense teve valorização de 1,74%.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o dólar hoje está de lado, com muita insegurança nos Estados Unidos e Brasil. O placar de 5 a 4 no Comitê de Política Monetária (Copom) gerou um pouco de temor”.

Nagem entende que divisa estadunidense deve se manter no patamar atual por mais quatro, cinco dias, e que o desafio agora é entender quais os impactos inflacionários que os desastres naturais no Rio Grande do Sul podem gerar.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, refletindo a inflação doméstica de +0,38% frente a +0,35% esperado pelo mercado. A inflação de alimentos é um dos principais grupos com pressão altista, uma vez que o Rio Grande do Sul é um dos principais produtores do País – especialmente de arroz.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,290%, de 10,310% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,580% de 10,475%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,880%, de 10,850%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,290% de 11,220% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão mistos, com o Dow Jones registrando sua oitava sessão consecutiva de ganhos e sua melhor semana do ano. Os ganhos ocorreram apesar dos três principais índices perderem um pouco de fôlego no início da sessão, após o sentimento do consumidor atingir o menor nível em seis meses.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,32%, 39.514,67 pontos
Nasdaq 100: -0,03%, 16.340,87 pontos
S&P 500: +0,16%, 5.222,67 pontos

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News