Setor de energia tem recuperação tímida após o fim da escassez hídrica

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Foto: Baltazar gabka / freeimages.com

São Paulo – O Inter Invest publicou esta semana uma análise sobre o setor elétrico do país, na qual apontou como positivo para as empresas a melhora no cenário climático. O período chuvoso na virada do ano registrou um dos maiores níveis pluviométricos dos últimos anos, proporcionando uma retomada dos níveis dos reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN), que agora registra uma de suas maiores marcas dentre os últimos 20 anos.

Durante a crise hídrica, com o aumento do despacho das usinas térmicas, dados os seus maiores custos marginais, os preços de energia no curto prazo acabaram exercendo forte pressão sobre os seus resultados no período.A análise destaca ainda que as companhias geradoras também tem direcionado os seus investimentos para novos empreendimentos de geração por fontes renováveis.

“Com a recuperação dos reservatórios, e a redução do despacho térmico, a nossa expectativa para o segmento é positiva, uma vez que as fontes hídricas, principal veículo, já vêm apresentado resultados positivos após o encerramento do primeiro trimestre”, explicou Rafael Winalda, analista do Inter.

O analista disse que as empresas ligadas à transmissão, com um modelo de remuneração estipulado majoritariamente por contratos de longo prazo reajustados via inflação, têm somente a obrigação de manter o funcionamento e a disponibilidade de suas linhas, independentemente da quantidade de energia transportada.

“Desta forma, acabam se tornando menos expostas às variações de mercado, proporcionando ativos rentáveis, com menor volatilidade, o que pôde ser observado não apenas em seus resultados, mas também na evolução dos preços de suas ações desde 2021 até agora”, detalhou a corretora.

No setor de setor distribuição, o relatório mostra uma situação mais adversa. De acordo com a EPE, no acumulado do ano até abril, houve leve expansão de 0,7% no volume total de energia consumida comparado ao mesmo período de 2021, justificado principalmente pelo segmento comercial, apesar de sua menor representatividade em comparação aos demais setores.

“Quando observamos o desempenho dos segmentos industrial e residencial, que juntos englobam aproximadamente 70% do consumo total, vemos redução de consumo na base comparativa”, ponderou o analista.

Diante do atual quadro apresentado pelo analista, a corretora analisou as principais empresas do segmento e apontou quais são as melhores oportunidades para o segundo semestre deste ano.

A Engie é a maior operadora privada do setor elétrico no país. Com aproximadamente 10 GW de capacidade instalada, a companhia representa aproximadamente 6% de toda essa capacidade do sistema. A corretora manteve a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 47/ação, para dez/2022.

Já com a Taesa, uma empresa exclusivamente dedicada ao segmento de transmissão, conta atualmente com um portfólio com 11,6 mil km de linhas em operação, e 2,3 mil km de linhas em construção, divididas entre 101 subestações localizadas em 18 estados. Para os papéis da companhia, a corretora mantém sua recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 39/unit, dada a pouca margem para upside no papel.

Sobre a ISA CTEEP, a análise lembra que atualmente é a maior empresa privada do segmento de transmissão do setor elétrico, atuando em aproximadamente 17 estados no território nacional. Seu portfólio conta com 19,1 mil quilômetros de linhas de transmissão, 26 mil quilômetros de circuitos e 126 subestações, que ao todo, são responsáveis pelo transporte de aproximadamente 33% de toda a energia que circula no SIN. Diante dos desafios, o Inter Invest manteve a recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 27/ ação, para dezembro de 2022.

A Cemig controla, por meio de suas subsidiárias integrais, a atividade de 89 usinas, que juntas possuem uma capacidade instalada de 5,8 GW, além de 39 subestações e 4.998 Km em linhas de trans- missão. A recomendação para os papéis da companhia permanece neutra, com preço-alvo de R$ 14,00/ação para dezembro de 2022.

Para Energias do Brasil, o analista lembrou que a empresa controla, no segmento de geração, a operação de empreendimentos hidroelétricos e um empreendimento termelétrico, espalhados entre seis estados, que juntos consolidam uma capacidade instalada de 2,9 GW. No segmento de transmissão, ao todo existem seis projetos em operação, que consolidam uma rede com 2,6 mil Km de linhas de transmissão, além de atuar no segmento de distribuição por meio de duas subsidiárias. Diante dos últimos bons resultados, a Inter Invest reforça a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 24,00/ ação, visando o final de 2022.

O relatório destaca também a Equatorial Energia, que vem apresentando bons resultados, com expansão de sua base de ativos, ao mesmo tempo em que mantem um bom histórico de expansão marginal de seus resultados. Apesar dos resultados animadores, a recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 26/ação.

Por fim, a análise também cita outras três empresas do setor: AES Brasil, Alupar e Omega, todos receberam recomendações de compra. A AES com preço-alvo de R$ 16, a Alupar, co preço-alvo de R$ 32, acima da recomendação anterior, e a Omega, com preço-alvo de R$ 16, com destaque para um modelo de geração alternativo, em comparação com a matriz energética brasileira.