Segregação das operações do Pão de Açúcar e Éxito é bem recebida, mas ações caem

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São Paulo – O Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar recebeu os estudos preliminares para avançar com a segregação dos seus negócios com a operação do Grupo Éxito, marca do grupo que atua principalmente na Colômbia, mas que também fatura em outros países da América do Sul.

Às 12h15, as ações da companhia recuavam 4,13%, a R$ 22,72. O Ibovespa também caia 2%, com MRV e Magazine Luiza liderando as quedas, respectivamente, em 8% e 7,87%

A cisão se daria por meio de uma redução de capital, com o Grupo Pão de Açúcar distribuindo 83% das ações do Éxito detidas pela companhia e mantendo uma participação de 13% que poderá ser monetizada no futuro.

A distribuição se daria por meio de distribuição de BDRs e ADRs nível 2. As ações do Grupo Pão de Açúcar continuarão negociando na B3 e na NYSE, assim como as ações do Éxito continuam negociando na BVC. Os estudos para a cisão continuarão e a operação deve ser finalizada até o final do primeiro semestre de 2023.

Para a Guide Investimento, o movimento é positivo e mostra que a companhia continua com sua estratégia de gerar valor pela soma das partes, buscando destravar a cotação dos papéis por meio da cisão dos seus negócios, aos moldes do que foi feito com Assaí recentemente.

A Ativa Investimento também lembrou a semelhança com o movimento realizado em 2020 com as ações de Assaí. Na operação envolvendo o Assaí, as ações de companhia tiveram forte valorização, uma vez que o ativo não era bem precificado e acreditamos que o mesmo deve ocorrer. Entretanto, há ainda algum risco de pressão vendedora para as BDRs, com os novos acionistas se desfazendo das BDRs para se concentrar no Pão de Açúcar. A operação deverá ser concluída no primeiro semestre de 2023, comentou a corretora.

A Levante Investimento destacou que a segregação do Éxito tem como objetivo aumentar o valor de mercado das ações do Grupo Pão de Açúcar e do Éxito separadamente, visto que existe um potencial de destravamento de valor a ser capturado de forma equivalente por todos os acionistas do Grupo Pão de Açúcar.

“A transação faz parte de uma estratégia do grupo francês Casino (controlador das operações do GPA e do Assaí) de aumentar o valor de suas controladas na América Latina. Em seu último relatório financeiro divulgado em junho, o Casino reportou uma dívida líquida de 6,6 bilhões de euros. A companhia vem passando por uma espécie de recuperação judicial na França e pode estar considerando a venda de algumas operações”, detalhou a Levante.

A XP Investimentos enfatizou que, embora acredite que a cisão do Grupo Éxito possa destravar valor através de uma potencial reclassificação dos ativos e que a cisão deixa o negócio com uma estrutura simplificado e adequada para ser analisada, a liquidez do papel na Colômbia é um risco, enquanto o potencial de valorização pode ser mais limitado quando analisado do ponto de vista de P/L. A corretora manteve recomendação neutra para a companhia.

Por fim, o TradeMap disse que, por meio da segregação, a empresa tende a simplificar a estrutura na América Latina, facilitando as operações e, em tese, aumentando o valor atribuído às empresas na região.

“A cisão pode ser positiva ao acionista do Pão de Açúcar, uma vez que as ações do Éxito podem estar subvalorizadas. Antes da separação do Assaí, por exemplo o Grupo Pão de Açúcar era avaliado em R$ 22 bilhões. Hoje, só o Assaí vale R$ 26,2 bilhões. As ações do GPA acumulam alta de 13,67% no ano”, explicou.