Riscos à economia aumentaram e BCE considera ajustes, diz Lagarde

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

São Paulo – Os riscos provocados pela pandemia de covid-19 na economia da eurozona aumentaram e devem continuar em 2021, e assim o Banco Central Europeu (BCE) considera ajustes em suas medidas de política monetária, de acordo com a presidente da instituição, Christine Lagarde.

“Embora todas as opções estejam sobre a mesa, o programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) e os operações direcionadas de refinanciamento de longo prazo (TLTROs, na sigla em inglês) provaram sua eficácia no ambiente atual e podem ser ajustados dinamicamente para reagir à evolução da pandemia. Portanto, é provável que continuem sendo as principais ferramentas de ajuste de nossa política monetária”.

Segundo Lagarde, em discurso na abertura do Fórum do BCE, nas próximas semanas serão divulgados mais dados que vão basear a decisão sobre a recalibragem dos instrumentos do banco, anunciada no mês passado, conforme apropriado, para responder à evolução da situação e para garantir que as condições de financiamento continuem favoráveis.

“A segunda onda de covid-19 apresenta novos desafios e riscos, mas o plano para gerenciá-lo é o mesmo. O BCE estava lá na primeira onda e nós estaremos lá na segunda onda”, disse Lagarde.

A presidente do BCE também pediu cautela com o otimismo sobre os avanços em vacinas contra a covid-19. Esta semana, a Pfizer e a BioNTech anunciaram que sua vacina mostrou eficácia de mais de 90% em prevenir a covid-19, segundo estudos preliminares.

“Estamos vendo um forte ressurgimento do vírus e isso introduziu uma nova dinâmica”, afirmou Lagarde. “Embora as últimas notícias sobre uma vacina pareçam animadoras, ainda podemos enfrentar ciclos recorrentes de propagação viral acelerada e restrições cada vez mais rígidas até que a imunidade generalizada seja alcançada”, disse.

“Portanto, a recuperação pode não ser linear, mas instável, para iniciar e dependente do ritmo de lançamento da vacina”. Lagarde destacou que que os bloqueios devido à covid-19 geraram uma recessão incomum na eurozona, afetando mais o setor de serviços do que a indústria, e que a recuperação de crises em serviços é mais lenta e gera maior impacto em empregos.

“É claro que os riscos para a economia aumentaram. O impacto da pandemia provavelmente continuará pesando sobre a atividade econômica até 2021”, disse.

“Além disso, a fraqueza da demanda e a retração econômica estão pesando sobre a inflação, que deverá permanecer em território negativo por mais tempo do que se pensava anteriormente”, afirmou. “A evolução da taxa de câmbio pode ter um impacto negativo na trajetória da inflação”.

Assim, o apoio contínuo da política monetária continua sendo necessário. Lagarde destacou que a flexibilidade do PEPP é crucial diante do curso imprevisível da pandemia, e que a composição das políticas é importante para a superação da crise, enquanto a natureza da pandemia afeta a transmissão de política monetária.

Por fim, Lagarde ressaltou a importância de esquemas de trabalho e de outras medidas de estímulos ficais, que devem permanecer no centro do esforço de estabilização econômica. “Esses são tempos em que a política fiscal tem maior impacto”.