PwC diz à Justiça que não tem responsabilidade sobre o rombo da Americanas

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São Paulo – A PwC negou responsabilidade pelo rombo contábil de R$ 20 bilhões da Americanas na ação civil pública proposta pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor e Trabalhador (Abradecont). A varejista tinha seus balanços auditados pela PwC quando a notícia foi revelada pelo então CEO da empresa, Sergio Rial, que renunciou após dez dias no cargo. As informações constam no processo 5005460-05.2023.4.02.5101 movido pela Abradecont.

Após a revelação, a Americanas entrou em recuperação judicial e informou dívida de R$ 41,2 bilhões com 7.967 credores — que agora chega a R$ 47,9 bilhões, segundo os administradores judiciais.

Em resposta ao processo, em que a entidade pede a responsabilização da auditoria e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por omissão e negligência, a PwC disse que a ação tem caráter sensacionalista e exige medidas “fora de propósito”. Para a consultoria, as alegações do instituto não permitem “formular qualquer juízo a respeito da responsabilidade da PwC pelas inconsistências contábeis da Americanas.”

O Instituto Abradecont, entidade que atua em defesa do consumidor e do trabalhador, entrou com uma Ação Cautelar Preparatória para uma Ação Civil Pública contra a empresa de auditoria PWC Brasil Pricewaterhouse Coopers Auditores Independentes do Brasil Ltda, e a CVM Comissão de Valores Mobiliários, para assegurar a responsabilização dos danos causados a consumidores, trabalhadores e acionistas da empresaAmericanas S/A, disse a entidade, em comunicado no dia 31 de janeiro.

“Na ação, o Instituto Abradecont ressalta a força da Americanas S/A não só no mercado de ações dentro e fora do Brasil como também no mercado consumidor e de ecommerce e, que ao fazer o anúncio em nota oficial admite suposta fraude em suas finanças. Tal notícia atingiu consumidores, trabalhadores, fornecedores, acionistas, e todas as pessoas que direta ou indiretamente tenham relação com a empresa”, diz a entidade.

A Abradecont avalia que tanto a PWC quanto a CVM têm sua parcela de responsabilidade. “A PWC por ser a responsável pela auditoria da empresa e trazer segurança ao mercado; a CVM por ser o órgão fiscalizador do mercado de ações e atuar com poder de polícia diante de infrações verificadas, tendo o dever de avaliar a consistência e confiabilidade das sociedades que apresentam relatórios da companhia.”

Na Ação Cautelar, o Instituto Abradecont pede que a CVM faça uma fiscalização imediata em todas as auditorias emitidas pela PWC nos anos de 2021 e 2022; o bloqueio de valores e bens pertencentes a PWC no limite a ser estabelecido pelo juiz sem prejuízo de funcionários e fornecedores; a suspensão temporária da PWC de participar e emitir relatórios que tenham por objetivo o mercado de ações (CVM); que a PWC apresente ao juízo da causa os relatórios por ela emitidos nos anos de 2021 e 2022 para avaliação; que a CVM apresente a justiça todos os procedimentos internos instaurados referentes ao caso Americanas SA e auditorias, bem com informe a cada 15 dias, em relatório, o andamento e diligências realizadas.