Prejuízo líquido da Natura recua no 4° trimestre de 2023

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São Paulo, SP – A Natura divulgou ontem o balanço do quarto trimestre de 2023, com prejuízo líquido consolidado de R$ 2,662 bilhões, alta de 199% em relação ao prejuízo registrado no mesmo período de 2022. Segundo a companhia, o resultado negativo foi impactado em R$ 1 bilhão (vs. R$ 121 milhões no 4T22) associado a operações descontinuadas (incluindo a venda da The Body Shop) e ao impairment da Avon de R$ 664 milhões. As despesas tributárias também foram maiores neste trimestre em comparação com o mesmo período de 2022, devido ao mix entre países lucrativos e deficitários. No ano, o lucro líquido foi de R$ 3 bilhões e, considerando a melhora consistente da rentabilidade e a confortável posição de caixa, o Conselho de Administração aprovou dividendos de R$ 979 milhões.

O EBITDA ajustado foi de R$ 671 milhões, superior aos R$ 512 milhões registrado no mesmo período de 2022, com uma margem EBITDA ajustada de 10,1% (alta de 370 bps em relação ao ano anterior).

A receita líquida consolidada foi de R$ 6,613 bilhões, aumento de 4,5% em relação ao ano anterior em CC (5,1% ex-Argentina) e queda de 17,4% em reais, refletindo o desempenho da marca Natura, parcialmente compensado pela redução esperada na Avon Latam (tanto em Beleza como em Casa & Estilo) e pela redução de um dígito médio na Avon International.

A margem bruta consolidada foi de 63%, alta de 310 bps em relação ao 4T22 e encerrando o ano conforme planejado, com todos os trimestres de 2023 mostrando expansão da rentabilidade em meio a aumentos de preços e mix favorável, impulsionados principalmente pela otimização do portfólio em andamento.

As despesas financeiras líquidas totais foram de R$ 617 milhões, em comparação com R$ 502 milhões no mesmo período do ano anterior. Seguindo o plano de gestão de passivos implementado no 3T23 e beneficiando-se dos recursos da venda da Aesop e do subsequente pagamento da dívida, os financiamentos e investimentos de curto prazo geraram uma receita em comparação com uma despesa no 4T22. Por outro lado, as outras receitas e despesas financeiras foram impactadas principalmente pela desvalorização do peso argentino e pelo efeito contábil da hiperinflação.

As vendas do varejo no Brasil no 4T23 apresentaram crescimento robusto, impulsionado pelas impressionantes vendas mesmas das lojas (same-store sales)e por um ritmo acelerado de abertura de lojas. A marca expandiu para 112 lojas próprias (+22 em comparação com o 4T-22) e 773 lojas franqueadas (+125 em comparação com o 4T22), ressaltando o potencial de crescimento futuro desse canal

A receita da Avon Brasil caiu 11,9% no 4T23 em relação ao 4T-22 na categoria Beleza, uma melhora na tendência de queda, atestando a trajetória de recuperação da marca a partir do 3T23, que sofreu impactos significativos com o lançamento da Onda 2 em toda a região. O crescimento do canal digital indica perspectivas positivas para a receita futura e a sustentabilidade da marca.

No 4T23, o Brasil contava com uma média de 1,8 milhão de consultoras, redução de 15,3% em relação ao ano anterior, devido principalmente à saída de consultoras menos produtivas, consistente com as tendências vistas no do 3T23. Estão previstas reduções adicionais relacionadas ao waiver de disponibilidade de consultoras implementado após o lançamento da Onda 2, semelhante aos ajustes realizados no Peru e na Colômbia após a integração.

A América Latina Hispânica registrou redução de 18,1% na base de consultoras na comparação com o anterior, devido principalmente aos cortes entre as consultoras menos produtivas no Peru e na Colômbia, mas já mostrando sinais de estabilização e recuperação. A rede do México, apesar dos ajustes no modelo comercial, vem registrando quedas trimestrais menores.

A redução consolidada no número de consultoras de beleza na América Latina foi de 16,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, refletindo a estratégia da Companhia de priorizar o aumento da produtividade em detrimento da expansão na quantidade de consultoras.

Segundo a companhia, o balanço patrimonial foi fortalecido, uma vez que os recursos da venda da Aesop foram usados para pagar mais de R$ 7,6 bilhões em dívidas, encerrando o ano com uma forte posição de caixa líquido de R$ 1,7 bilhão. “O FCFF positivo, juntamente com um balanço patrimonial muito mais sólido, nos permite começar a otimizar a estrutura de capital e anunciar R$ 979 milhões em dividendos para este ano”, destacou o relatório.