PIB despenca no 2T20 e Brasil entra em recessão técnica, aponta IBGE

997

São Paulo – A economia brasileira entrou em recessão técnica no segundo trimestre deste ano, ao cair pelo segundo trimestre consecutivo, despencando 9,7% em relação aos três primeiros meses deste ano, quando recuou 2,5% (dado revisado ante leitura original de -1,5%), na mesma base de comparação. Trata-se da maior queda trimestral registrada desde o início da série histórica revisada, em 1996, agravando os impactos da pandemia de coronavírus na atividade doméstica.

A queda trimestral é maior que a mediana projetada pelo Termômetro CMA, de -9,5%. Em relação ao segundo trimestre de 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional também caiu pelo segundo trimestre consecutivo, em -11,4%, no maior recuo desde o início da série histórica. O resultado na comparação anual também é maior que em linha com a mediana projetada, de -11,00%, ainda conforme o Termômetro CMA.

No acumulado até junho, o PIB registra queda de 5,9% no ano e de -2,2% em 12 meses. Em valores, o PIB do Brasil somou R$ 1,7 trilhão entre abril e junho de 2020. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o instituto, os declínios acentuados do PIB no trimestre passado superam os tombos vistos pela atividade doméstica durante a recessão econômica, entre 2015 e 2016, e também na crise financeira global de 2008.

Entre os componentes do PIB, na ótica da oferta, o setor agrícola foi o único a subir, com alta de 0,4% entre abril e junho deste ano em relação aos três meses anteriores e avançou pelo nono trimestre seguido ante igual período de 2019, em +1,2%. O PIB do agronegócio somou R$ 125,4 bilhões no segundo trimestre de 2020.

Já o PIB da indústria desabou 12,3% no confronto trimestral e afundou 12,7% em relação ao mesmo período de 2019, somando R$ 287,5 bilhões no trimestre passado. Trata-se do segundo resultado negativo consecutivo do PIB industrial, nas duas bases de comparação.

Ainda do lado da oferta, o PIB de serviços também caiu pelo segundo trimestre seguido, nas duas bases de comparação, sendo -11,2% no confronto trimestral e -9,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O PIB do setor de serviços somou R$ 1,1 trilhão entre abril e junho deste ano.

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias também recuou pelo segundo trimestre consecutivo, nas duas bases de comparação, com -12,5% em relação ao primeiro trimestre de 2020 e -13,5% ante o mesmo período de 2019. No segundo trimestre deste ano, o consumo das famílias somou R$ 1 trilhão.

Ainda nessa ótica, o consumo do governo caiu 8,8% ante o trimestre anterior, após dois trimestres de resultado positivo. Em relação ao mesmo período de 2019, os gastos do governo recuaram 8,6%. No trimestre passado, essa cifra do PIB nacional referente à União somou R$ 370,2 bilhões.

Por fim, a formação bruta de capital fixo (FBCF) no país derreteu 15,4% no segundo trimestre de 2020 em relação ao período anterior. Já na comparação com igual período de 2019, a FBCF, que se refere aos investimentos produtivos, tombou 15,2%. No acumulado entre abril e junho deste ano, a FBCF somou R$ 247,5 bilhões.