Petroleiros e políticos defendem protagonismo da Petrobras na transição energética na COP-27

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – A Petrobras, como empresa pública, deve promover a transição energética de maneira democrática a serviço do povo brasileiro e do seu desenvolvimento, além de desenvolver estudos para mapear os tipos de empregos que serão necessários nessa frente e reativar a questão dos biocombustíveis e o desenvolvimento do hidrogênio verde, disseram representantes de sindicatos dos trabalhadores do petróleo e da sociedade civil nesta quarta-feira (16/11), na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), no Egito.

Em painel realizado no evento, Cloviomar Cararine Pereira, especialista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), na subseção da Federação Única dos Petroleiros (FUP), apontou a importância do desenvolvimento de um estudo que identifica os tipos de empregos que serão gerados a partir do processo de transição energética dentro das refinarias brasileiras. Isso é muito importante, uma vez que o país possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo e os trabalhadores do setor têm interesse em participar desse processo de transição energética, que tem que ser justa e inclusiva também para atender a esses trabalhadores, destacou Pereira.

Em seguida, Rodrigo Yamim Esteves, diretor do Sindipetro-RJ, trouxe oito princípios que fazem parte de uma cartilha para a transição energética justa do petróleo, desenvolvida juntamente com os representantes da Universidade de São Paulo – Cidades Globais (USP CG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luppa e os trabalhadores da Petrobras, que fazem parte do sindicato.

Um dos princípios apresenta a Petrobras como uma empresa pública que deve fazer a sua transição interna, sendo protagonista dessa transição energética de maneira democrática a serviço do povo brasileiro e do seu desenvolvimento. É essencial que a Petrobras utilize a renda petrolífera para desenvolver energias renováveis no país, sem esquecer da sua função social de oferecer uma energia barata e acessível para a população brasileira, frisou Esteves.

Gerson Luiz Castellano, diretor da Secretaria de Relações Internacionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP), também ressaltou a importância da Petrobras em participar ativamente desse processo de transição, uma vez que a empresa estatal possui recursos para isso, mão-de-obra capacitada, centros de pesquisa e know-how para avançarmos nesta questão da transição energética.

Outras questões levantadas pelo representante da FUP foram a reativação da questão dos biocombustíveis e o desenvolvimento do hidrogênio verde. Temos que lembrar que o petróleo não serve apenas para a queima, mas que envolve toda uma cadeia petroquímica, que vai desde alimentação até fertilizantes nitrogenados, para alimentar a população, até medicamentos. E ainda que existem populações no país que não têm acesso a energia e gás. Por isso, precisamos usar a Petrobras para fazer uma transição energética justa, inclusiva e solidária, uma vez que ela tem um papel fundamental na regulação de preços, afirmou Castellano, no evento Transição Energética Justa no Brasil Caminhos para o setor de petróleo e gás, no Brazil Climate Action Hub.

O painel também contou com a participação do senador Jean Paul Prattes (PT-RN) e do deputado federal Pedro Campos (PSB-RJ), que ressaltaram sobre a necessidade de uma transição energética com responsabilidades ambiental e social, dando voz à população. Transição energética e transição justa são temas tão interdisciplinares que é impossível uma pessoa só ou mesmo um grupo pequeno ser proficiente o suficiente para fazer todo o trabalho, afirmou o senador Jean Paul Prattes, acrescentando que o gás natural não é solução de transição energética.

As transições históricas somente aconteceram por conta das mobilizações populares. E quando essas transições ocorrem apenas pela força do mercado [financeiro], temos dificuldade em encontrar a palavra justiça. Por isso, devemos discutir com a sociedade, com as pessoas que participam de fato dessa transição energética para que ela seja a mais justa possível. Nós, do Nordeste, sabemos do nosso potencial para oferecer dentro da transição energética os investimentos em energias renováveis, com responsabilidade ambiental e social, concluiu o deputado federal eleito.