Petrobras espera receber autorização para explorar Margem Equatorial no 1º semestre de 2024, diz presidente

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Foto: Uendel Galter - Divulgação/Petrobras.

São Paulo – Em discurso em seminário do BNDES sobre transição energética, nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro (RJ), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reiterou sua avaliação de que a nova política de preços da companhia está sendo bem sucedida, sua expectativa de obter a aprovação do Ibama para pesquisar petróleo na porção amapaense da Margem Equatorial em 2024, a intenção da companhia de voltar a atuar em distribuição de combustíveis e disse que a companhia atuará em transição energética com desenvolvimentos paralelos aos de suas atividades principais.

Prates disse que o PPI premiava os importadores mais ineficientes. “A companhia considerava sempre o preço do pior concorrente. Conseguimos explicar aos grandes investidores, aos investidores que importam, não aos ‘traders’, que a mudança era essencial para a nossa competitividade. Explicamos que a nova estratégia daria certo e a ação da cia subiu, a empresa valorizou”, comentou.

Prates disse que as empresas de petróleo tradicionais atuam em exploração, refino, comercialização (distribuição) de combustíveis, área em que a Petrobras atuava com a BR Distribuidora (atual Vibra), que foi privatizada. “Teremos que reconstruir o negócio de distribuição de combustíveis”, comentou.

Ele destacou que os desenvolvimentos da Petrobras em produtos com foco em transição energética ocorrem em paralelos a atividades em que a companhia já tem expertise, como exploração e produção em terra e em alto mar, gás natural e refino.

“Em E&P,, temos atividades relativamente simples para uma empresa de petróleo. Nossa experiência no mar nos habilita para atuar em eólica offshore. O ambiente offshore é difícil, o deslocamento é difícil, então, quem faz isso pode entrar no eólico offshore.”

Em sua avaliação, a experiência em alto mar e as características da costa brasileira favorecem a sua atuação na Margem Equatorial e disse que espera obter a aprovação do Ibama para explorar a porção localizada no litoral do Amapá no primeiro semestre de 2024.

“Oxalá vamos operar na Margem Equatorial em condições menos inóspitas que outras áreas de nossas concorrentes, como o Mar do Norte, por exemplo. Nosso litoral tem muito menos intempéries”, disse.

“Temos muitos desenvolvimentos em paralelo com a nossa experiência em offshore, já somos o maior desenvolvedor de projetos eólicos offshore do país. A Equinor nos ensinou muito com a experiência na Noruega”, acrescentou.

“Também vamos entrar em terra em breve em projetos solares e eólicos, principalmente em projetos híbridos. Vamos aumentar a exploração de óleo vegetal nas refinarias, já temos uma patente que permite explorar óleo vegetal nas refinarias e conseguimos inserir 5% de óleo vegetal na Repar. Vamos capacitar mais 4 refinarias.”

Outro desenvolvimento em paralelo às suas atividades será o de hidrogênio verde. “O hidrogênio verde é paralelo ao gás natural, mas ainda dependerá de estrutura regulatória. A afinidade é total.”

Em relação ao licenciamento na Margem Equatorial, Prates disse que não há conflito intergovernamental e que a empresa respeita o processo de transição do Ibama.

“O processo com o Ibama se deu respeitando a mudança no órgão, que foi afetado por gestões anteriores. A ministra (do meio ambiente) Marina Silva encontrou um Ibama sucateado e distorcido. Sempre respeitamos isso, assim como os senadores e governadores da região, respeitamos esse processo de adaptação.”

Ele sugeriu que a obtenção de licença ambiental pelo órgão para explorar a bacia Potiguar, também na Margem Equatorial, pode facilitar a aprovação para a área do Amapá.

“O Ibama certamente verificou maior facilidade de dar a licença na bacia Potiguar. Fizemos um simuladão de um grande vazamento e a licença foi dada. Vamos operar com sucesso.”

“Temos a expectativa de ir ao Amapá no primeiro semestre do ano que vem. A confirmação da reserva trará a responsabilidade se iremos explorar petróleo na região ou não. A Petrobras é o único operador do mundo que poderá explorar a Margem Equatorial, se a Petrobras não fizer, ninguém mais fará.”

BNDES: MERCADANTE DEFENDE EXPLORAÇÃO NA MARGEM EQUATORIAL

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, abriu o seminário sobre transição energética nesta quinta-feira e disse que a Petrobras e a Vale terão um papel fundamental nos desafios atuais. Ele defendeu a exploração de petróleo na Margem Equatorial e a importância do petróleo para a matriz energética.

“O petróleo ainda é fundamental para matriz energética mundial, ainda temos uma economia muito baseada em transportes que utilizam derivados de petróleo. Basta ver, quando há uma redução da produção de petróleo, a inflação e a taxa de juros aumentam, avalia. Queremos entrar forte com a Vale, que será grande consumidora de hidrogênio verde. E a margem Equatorial deve ser a única fonte de exploração de petróleo que o Brasil terá nos próximos anos”, complementou.

Na sua avaliação, os ganhos do Pré-sal poderiam ser melhor utilizados se tivéssemos um fundo soberano para reinvestimentos. Além de pagar dividendos, a Petrobras tem que investir em refinarias, em exploração, na descoberta de novas reservas.

Em seu discurso, ele também falou sobre o atual momento geopolítico, em que há uma reconfiguração da produção. Ele também apontou desafios como a implementação de indústria 4.0.

“Estamos vivendo um momento geopolítico difícil, de grande reestruturação da indústria mundial, em que o sul global pode liderar a transição energética. E o Brasil pode liderar o G20 para construção de cadeia carbono zero”, disse Mercadante.

Ele avalia que os próximos 5 anos serão de acirramento da crise climática e disse que os investimentos em economia verde ainda são muito baixos e estão em 0,1%. Temos um gigantesco desafio para reverter o aquecimento global, disse.

Mercadante defendeu que os bancos públicos serão importantes para financiar investimentos e que o BNDES quer aumentar as parcerias com o Banco do Brasil e a Petrobras, entrando em áreas que os bancos privados não entram.

“Os bancos públicos representam 10% do investimento global. Queremos ampliar parceria com o Banco do Brasil para R$ 7 bilhões dos atuais R$ 3 bilhões”, disse.

Por fim, ele disse que o BNDES está conseguindo reduzir de 65% para 25% em dividendos e tem recursos para financiar a transição energética. “Temos TR, Fundo Clima e mais recursos para financiar a transição energética, temos o Fundo Amazônia.”