Petrobras eleva previsão de convergência para petróleo e câmbio e mantém PPI e política de dividendos

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São Paulo – A Petrobras ajustou a trajetória de convergência para uma previsão de redução do preço do petróleo Brent e do câmbio nos próximos cinco anos, com o Brent cotado na faixa de US$ 85-65 por barril, de US$ 65-55 no plano anterior, e o dólar a US$ 5,3-5,1, de US$ 5,0-4,9 anterior, para ajustar as novas premissas para a commodity no exterior, disse o diretor financeiro da companhia, Rodrigo Alves, no encontro anual com investidores e analistas, o Petrobras Day, realizado na manhã desta quinta-feira para apresentar o plano de negócios da companhia para o período de 2023 a 2027.

Em relação ao pagamento de dividendos, a companhia anunciou um mínimo anual de US$ 4 bilhões para exercícios em que o preço médio do Brent for superior a US$ 40 por bbl, a dívida bruta for menor ou igual a US$ 65 bilhões e FCO menos investimentos de 60% vezes, com pagamentos trimestrais e possibilidade de pagamentos extraordinários, independente do nível de endividamento da companhia. Em todos os parâmetros de distribuição, os proventos não poderão comprometer a sustentabilidade financeira no curto, médio e longo prazo.

Para manter sua solidez financeira e a política de dividendos vigente, a Petrobras disse que manterá a sua política de preços de mercado alinhada à paridade de importanção, o PPI, ter US$ 8 bilhões como referência de caixa (mínimo de US$ 5 bi), além de manter a dívida bruta entre US$ 50 bilhões e US$ 65 bilhões e alongar e manter a dívida em torno de US$ 55 bilhões.

Em relação à revisão do plano pelo governo eleito, o diretor de governança e conformidade, Salvador Dahan, disse que “o plano é construído em muitos meses de trabalho e que o acionista controlador poderá intervir e o plano poderá ser revisto, mas isso deve seguir as regras de funcionamento da companhia.”

INVESTIMENTOS

Do total de US$ 78 bilhões previstos no plano estratégico 2023-2027 (15% acima do patamar atual), a companhia investirá 83% em exploração e produção, 10% em refino, 2% em gás e energia 2% em comercialização e logística e 3% em investimentos corporativos.

“A companhia está com uma posição de caixa confortável e pode fazer seu plano de forma autofinanciável e bastante robusto”, disse Alves.

O aumento dos investimentos também considerou as novas premissas macroeconômicas, como a inflação, a guerra da Ucrânia.

“Seguramos várias licitações por conta guerra, para ter menor impacto nos custos”, disse João Henrique Rittershaussen, diretor de Desenvolvimento da Produção.

Os investimentos em Exploração e Produção (E&P) terão foco no Pré-Sal, que correspondem a 2/3 (67%) dos US$ 64 bilhões destinados à unidade. “É fundamental que a Petrobras siga buscando novas reservas. A cada ano temos um declínio de 10% na produção, temos que incorporar uma quantidade de barris de óleo para compensar essa perda”, disse Fernando Borges, diretor da E&P da Petrobras.

A companhia prevê aumentar a produção de 2,6 milhões de óleo equivalente por dia em 2023, para 3,1 milhões em 2027, com redução de 100 mil barris por dias nas médias anuais de óleo e a incorporação do efeito do excedente da participação onerosa em Sépia e Atapu. Dos US$ 6 bilhões destinados à exploração, a companhia destaca as operações na Margem Equatorial e no Sudeste.

O diretor de desenvolvimento da produção disse que a produção sofre um declínio de 10% ao ano, que precisa compensado, e os investimentos de US$ 18 bilhões previstos para a Bacia de Campos preveem isso.

A empresa disse que aumentou o valor destinado à descarbonização de suas atividades para considerar as exigências climáticas atuais, mas reforçou que a entrada em energia renovável será condicionada à viabilidade financeira desses negócios.

Em refino, a Petrobras disse que aproveitar a capacidade das refinarias e investir nas unidades da Replan e Revap serão a estratégia para aumentar a atividade. A companhia também quer aumentar a capacidade de transporte de gás natural, com novos gasodutos.

Hidrogênio verde é a aposta da Petrobras em energia renovável

A Petrobras disse que vai aprofundar estudos em energia renovável e disse que o hidrogênio verde é a sua aposta em energia limpa comercializável. A informação foi dada pela diretoria executiva da empresa, no encontro anual com investidores e analistas, o Petrobras Day, para apresentar o plano de negócios para o período de 2023 a 2027, que está sendo realizado nesta quinta-feira.

A companhia também disse que aumentará o foco nas áreas de eólica offshore, captura de carbono e biorefino – nesta última, a companhia já atua comercialmente.

Caso haja sustentabilidade financeira e ambiental, a companhia investirá na abertura efetiva da área de negócios, disse a diretoria.

Plano Estratégico prevê investimentos de US$ 78 bi entre 2023 e 2027

A Petrobras informou ontem (30) que seu Conselho de Administração aprovou o Plano Estratégico para o quinquênio 2023-2027, que prevê um aumento de 15% no volume de investimentos ao longo dos próximos cinco anos, atingindo US$ 78 bilhões, além de cerca de US$ 20 bilhões previstos em novos afretamentos de plataformas, totalizando assim quase US$ 100 bilhões de recursos em projetos.

Segundo o comunicado, o valor está no mesmo patamar que a média dos pares da indústria. Considerando apenas o Capex, o montante é superior à média dos últimos cinco planos estratégicos, que foi de US$ 72 bilhões, e sinaliza que os investimentos voltaram ao patamar pré-covid.

“O novo Plano Estratégico (PE) consolida a Petrobras como a maior investidora do país e inclui todos os projetos que apresentaram viabilidade econômica segundo os critérios de governança e aprovação da empresa, não havendo qualquer represamento de projetos por restrição orçamentária”, destacou a estatal.

A companhia enfatizou que a estrutura de capital foi mantida em nível saudável e que o caixa atingiu um patamar compatível com as suas necessidades financeiras, alcançando a primeira e a segunda maior marca trimestral de EBITDA e fluxo de caixa operacional de sua história, nos segundo e terceiros trimestres de 2022, respectivamente. Nesse contexto, o novo PE 2023-27 foi elaborado preservando a visão, os valores e o propósito da companhia.

Como destaque, os projetos com foco na transição energética direcionados a iniciativas em baixo carbono foram alavancados e atingem US$ 4,4 bilhões, dos quais US$ 3,7 bilhões serão aplicados em projetos que contribuem para as iniciativas de descarbonização das operações (escopos 1 e 2), US$ 600 milhões em iniciativas do Programa BioRefino (diesel renovável e bioquerosene de aviação) e US$ 100 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para novas competências.

Do total de US$ 3,7 bilhões dos projetos de descarbonização, destaca-se o fundo para desenvolvimento de novas iniciativas para descarbonização, totalizando US$ 600 milhões em aportes em projetos que contribuem para descarbonização das operações da empresa, quase o dobro dos recursos alocados para o fundo no plano estratégico anterior. Os demais US$ 3,1 bilhões estão detalhados nos segmentos de negócio da companhia, com destaque para captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS); sistemas de detecção de metano; configuração All Electric (eletrificação de plataformas); sistema de recuperação de gases, incluindo flare fechado eficiência energética e projetos de redução de emissões em refinarias.

No âmbito da transição energética, foram identificados três novos negócios – hidrogênio, eólica offshore e captura de carbono – onde a Petrobras definiu, depois de estudar diversas rotas de oportunidades em diversificação rentável, que serão aprofundados estudos e avaliadas oportunidades em projetos. Ainda como parte das iniciativas em diversificação rentável, foi definida a continuidade de atuação em biorrefino, já iniciada em planos anteriores.

Exploração e Produção

Dentre os investimentos previstos para os próximos cinco anos, US$ 64 bilhões (83% do Capex) serão alocados na área de Exploração e Produção. A maior parte será destinada a projetos no pré-sal, que responderá por 78% de toda a produção da Petrobras em 2027. A companhia projeta atingir em cinco anos a marca de 3,1 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia. Para isso, nesse período, entrarão em produção 18 novos FPSOs (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência) em oito diferentes áreas, das quais cinco unidades devem iniciar a operação até 2023.

No período, a capacidade de produção instalada no campo de Búzios mais que triplicará, saltando de 600 mil barris de petróleo por dia em 2023 para 2 milhões de barris em 2027. Para isso, o investimento da Petrobras previsto no ativo de Búzios será de US$ 23 bilhões no quinquênio.

A Bacia de Campos também receberá volume importante de investimentos (US$ 18 bilhões), com foco sobretudo nos projetos de renovação, com a revitalização de diversos campos maduros. Para isso serão instalados cinco novos FPSOs e cerca de 150 novos poços que irão garantir em 2027 a marca de 900 mil barris de óleo equivalente por dia produzidos na Bacia de Campos.

A exploração na Margem Equatorial, nova fronteira exploratória localizada no norte e nordeste da costa brasileira, em faixa que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, receberá investimentos de aproximadamente US$ 3 bilhões. Também serão aplicados recursos para a ampliação da infraestrutura de escoamento de gás, com a entrada de três novas rotas até 2027, somando mais de 50 milhões de m3/dia de capacidade de oferta de gás: Rota 3 conectada à UPGN de Itaboraí que terá uma capacidade de processamento de 21 milhões de m3/dia; Sergipe Águas Profundas (SEAP) com outros 18 milhões de m3/dia; e BM-C-33 com 16 milhões de m3/dia no Norte Fluminense.

O plano destaca ainda que os projetos de E&P mantêm a premissa de dupla resiliência econômica e ambiental: viáveis a cenários de baixos preços de petróleo no longo prazo (Brent de US$ 35 por barril) e com baixo carbono (compromisso de intensidade de carbono no portfólio de E&P de até 15 KgCO2e por barril de óleo equivalente até 2030).

Refino e Gás Natural

A área de Refino e Gás Natural também terá uma ampliação do seu Capex, em cerca de 30% em relação ao plano anterior, totalizando US$ 9,2 bilhões entre 2023 e 2027. Cerca da metade será aplicado na expansão e aumento da qualidade e eficiência do refino. A Petrobras segue assim focando na eficiência operacional e energética de suas unidades de refino, por meio do programa RefTop, e em produtos de maior qualidade, por meio do aumento da capacidade de produção de Diesel S-10 (com baixo teor de enxofre) e produtos com menor pegada de carbono, com destaque para os investimentos em biorrefino.

O plano prevê investimentos em oito novas unidades de processamento, além de seis obras de adequações de grande porte em unidades já existentes. Com esses projetos concluídos, prevê-se aumento de capacidade de processamento e conversão do refino da Petrobras em 154 mil de barris por dia (bpd) e a capacidade de produção de Diesel S-10 será ampliada em mais de 300 mil bpd.

Haverá ampliação também nos projetos do Programa BioRefino, com destaque para o Diesel R, o diesel com conteúdo renovável da Petrobras. A capacidade de produção, por coprocessamento, chegará em 2027 a 154 mil bpd de Diesel R5 (com 5% de conteúdo renovável), por meio da expansão do coprocessamento na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, e início do coprocessamento nas refinarias Presidente Bernardes, em Cubatão (RPBC) e Refinaria de Paulínia (REPLAN), ambas em São Paulo, e na Refinaria Duque de Caxias (REDUC), no Rio de Janeiro.

No Programa BioRefino, serão investidos cerca de US$ 600 milhões no horizonte do plano, com destaque para construção de uma planta dedicada de bioquerosene de aviação (BioQAV) e Diesel Renovável na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão RPBC (SP), que terá capacidade para 6 mil barris por dia de BioQAV, 6 mil barris por dia de Diesel R100 (100% de conteúdo renovável) e 3 mil barris por dia de outros produtos de base renovável.

Na área de Gás e Energia, o plano destaca a continuidade da estratégia de comercialização do gás próprio, com ações comerciais alinhadas aos aumentos de capacidade, resultantes dos investimentos em expansão da infraestrutura e da oferta própria de gás natural.

No quinquênio 2023-2027, a área de Comercialização e Logística intensificará a sua atuação em mercados estratégicos no Brasil, ao mesmo tempo em que seguirá expandindo e fortalecendo sua atuação no mercado externo com a captação de novos clientes e permanente busca das melhores oportunidades de valorização de seus petróleos e produtos. Outro foco da área é a otimização da infraestrutura logística com a remoção de gargalos no escoamento de produtos e petróleos, otimização de estoques e redução nos índices de emissões da frota. O CAPEX da área previsto no plano é de US$ 1,6 bilhão.

Financiabilidade

O PE considera o preço médio do petróleo (Brent) de US$ 75 por barril e a taxa de câmbio média de R$ 5/US$ no quinquênio. Importante reforçar que este Plano é autofinanciável para os próximos cinco anos, tendo como principais premissas para sua financiabilidade a prática de preços alinhados ao mercado; caixa de referência de US$ 8 bilhões aplicação da Política de Remuneração aos Acionistas vigente; e dívida bruta entre US$ 50 bilhões e US$ 65 bilhões.

O conjunto de estratégias que compõe este PE contribuem com o expressivo retorno da Petrobras para sociedade. A expectativa é que mais da metade da geração de caixa líquida da companhia retorne para a população brasileira, por meio de pagamento de tributos e dividendos. Entre 2023 e 2027, a Petrobras deve pagar entre US$ 195 e US$ 205 bilhões em tributos e participações governamentais; e entre US$ 20 e US$ 30 bilhões em dividendos para a União.

Com Emerson Lopes / Agência CMA.