Bolsa fecha em queda puxada por Vale, bancos e desconfiança com fiscal; dólar sobe

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São Paulo -No último pregão de outubro, o Ibovespa fechou em campo negativo com o recuo de Vale (VALE3) e os bancos em um cenário de desconfiança do mercado sobre corte de gastos pelo governo. O pregão também foi contaminado pelo mau humor externo. No mês, o índice acumulou perda de 1,59%.

As ações da Vale (VALE3) caíram 0,65%. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) recuou 3,41% e 4,39%. Itaú (ITUB4) perdeu 0,65%.

O principal índice da B3 caiu 0,70%, aos 129.713,33 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 0,62%, aos 131.335 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,7 bilhões. Nos EUA, os índices fecharam no negativo.

Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, disse que o Ibovespa cai “puxado principalmente pelo setor bancário. Apesar de toda a expectativa para o rally de Natal na bolsa, eu não consigo enxergar isso, dado que temos praticamente contratados mais dois aumentos da Selic até o final do ano”.

Segundo Silva, a dificuldade do chefe do Executivo de separar gasto de investimento “deixa o mercado cada vez mais cético em relação ao cumprimento da meta fiscal”.

Brayan Campos, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o cenário fiscal pauta a cautela do mercado e commodities nesse desempenho negativo.

“O fiscal doméstico vem trazendo bastante volatilidade nos últimos dois meses, vemos abertura na curva de juros com expectativa da Selic mais alta por mais tempo, e isso impacta na nossa bolsa. O mercado não está tendo muita credibilidade com o possível contingenciamento, e pra fazer preço teria de ser algo prático para o mercado reagir bem. O peso de Petrobras e Vale ajuda a puxar a bolsa pra baixo. Lá fora a curva lá abrindo por conta da atividade econômica bem aquecida também impacta aqui; amanhã (01), o payroll vai trazer um direcionamento maior em relação aos juros americanos”.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos avalia que outubro foi um mês negativo para a bolsa [a queda é de 1,3% no mês], bem parecido com setembro e o reflexo é o fiscal.

A perspectiva para novembro é de “juros mais altos por mais tempo, ação prática [do governo sobre corte de gastos], uma postura de responsabilidade com cumprimento do arcabouço cumprir, e isso vai fazer o estrangeiro olhar o Brasil com bons olhos e a nossa bolsa performar bem”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que “a bolsa está se segurando muito bem. A alta do dólar ajuda, dado que o gringo olha a bolsa em dólar”.

Em relação ao balanço do Bradesco, Silva disse que “a expectativa com o balanço do Bradesco está muito baixo, dados os últimos resultados. Un resultado em linha nem sempre é bom nesse caso. Mercado fica esperando desempenho mais forte”.

Campos disse que “o banco vem melhorando a linha de crédito, melhora das margens operacionais e as mudanças na diretoria são olhadas com bons olhos por parte do mercado”. O lucro líquido cresceu 13,1% no 3T24 para R$ 5,2 bilhões.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,30%, cotado a R$ 5,7813 com o mercado em compasso de espera pelos dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos (payroll, sigla em inglês), amanhã (1), aproximação das eleições americanas e preocupação com o fiscal local. No mês, a divisa subiu 6,12%.

A moeda americana oscilou na sessão de hoje entre a mínima de R$ 5,7537 e máxima de R$ 5,7938.

Para Bruno Komura, o analista da Potenza Capital, disse que os mercados estão cautelosos com as eleições nos Estados Unidos, fazendo com que o movimento seja de busca de proteção na divisa estadunidense.

“Neste início de tarde estamos vendo o mercado piorar ainda mais apesar das Treasuries nas mínimas do dia, estamos vendo movimento de cautela por conta dos resultados das big techs e também apreensão em relação ao payroll os mercados também devem continuar com postura defensiva por conta da eleição americana”, avalia Komura.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta refletindo o descontentamento do mercado com o fiscal doméstico, na expectativa pelo payroll, amanhã (1), e de olho nas eleições americanas, na próxima quarta-feira (6).

Por volta das 16h37 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,286% de 11,262% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,805%, de 12,735%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,970%, de 12,880%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,985% de 12,905% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com a Nasdaq recuando quase 3%, depois que os resultados de Meta e Microsoft aumentaram as preocupações sobre as perspectivas para as big techs em meio ao aumento dos custos com inteligência artificial.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,90%, 41.763,46 pontos
Nasdaq 100: -2,76%, 18.095,2 pontos
S&P 500: -1,86%, 5.705,45 pontos

 

Paulo Holland e Darlan de Azevedo – Agência Safras News