Pão de Açúcar anuncia venda de participação no Éxito por R$ 790 milhões e ação dispara

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São Paulo – A ação do Grupo Pão de Açúcar (GPA) disparou nesta segunda-feira após a companhia anunciar a venda de sua participação na rede varejista colombiana Éxito por R$ 790 milhões, o que deve ajudar a reduzir seu endividamento e fazer o papel recuperar perdas recentes. Às 12h52 (horário de Brasília), o papel PCAR3 subia 12,13% a R$ 3,88, liderando a ponta positiva do Ibovespa.

A Guide Investimentos vê o impacto da operação como “marginalmente positivo”. “Esse evento de liquidez contribui para o movimento de desalavancagem de GPA, a um valuation acima das ofertas que foram previamente rejeitadas”, escreve o analista Lucas Rietjens.

O BTG Pactual aponta que, desde rebaixou a classificação da empresa de compra para neutro em agosto, após a cisão da Almacenes Éxito, a ação caiu 46% e que acreditava que o evento de hoje seria um gatilho para uma reação positiva dos investidores.

“A empresa encerrou o segundo trimestre com alavancagem financeira de 7x dívida líquida/EBITDA pós-IFRS16, que cairá assumindo o ingresso de R$ 790 milhões com a venda do Éxito”, destaca o BTG.

O BTG lembra que, neste ano, o Pão de Açúcar já captou R$ 330 milhões em operação de sale andleaseback de 11 lojas, R$ 247 milhões pela venda de terrenos na Barra da Tijuca e R$ 52 milhões da venda de outros ativos não essenciais.

“Mas apesar da sua desalavancagem gradual, vemos menos espaço para expandir as vendas e margens no Brasil (abaixo dos níveis históricos), tornando-se uma opção de investimento mais arriscada do que outras varejistas de alimentos que cobrimos, mantendo assim nossa classificação Neutra mesmo após a grande liquidação”, finalizam os analistas do BTG, em relatório.

Cia anuncia pré-acordo para vender participação no Éxito a grupo de El Salvador, em OPA de US$ 1,2 bi

O conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar (GPA) aprovou na sexta-feira (13) a celebração de um pré-acordo com o Grupo Calleja, varejista de alimentos detentor do grupo de supermercados líder em El Salvador que opera sob a marca Super Selectos, para venda da totalidade da participação remanescente do GPA no Éxito, correspondente a 13,31% do capital social, no âmbito de uma oferta pública de aquisição (OPA) a ser lançada pelo comprador na Colômbia e nos Estados Unidos para aquisição de 100% das ações do Éxito, sujeita à aquisição de pelo menos 51% das ações. Sociedades do grupo Casino, que possuem 34,05% do capital social do Éxito, também são partes do pré-acordo e se comprometeram a vender sua participação na OPA.

O valor da OPA, considerando a totalidade das ações do Éxito, é de US$1,175 bilhão, equivalente a US$0,9053 por ação, sendo US$156 milhões (correspondente a R$790 milhões nesta data) referente à participação do GPA. O preço por ação será reduzido pelo montante equivalente a qualquer distribuição extraordinária de dividendos ou qualquer outra distribuição, pagamento, transferência de ativos ou transação similar feita pelo Éxito, exceto pelos dividendos ordinários, entre a data do pré-acordo e a data em que os documentos da OPA sejam protocolados perante a Superintendência Financeira da Colômbia (SFC). O preço por ação será pago pelo Grupo Calleja em dinheiro.

A realização da OPA está sujeita à aprovação da SFC e aos arquivamentos necessários perante a Securities and Exchange Comission (SEC, órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários nos Estados Unidos). O GPA estima que a liquidação da OPA deve ocorrer por volta do fim do ano.

“Esse é mais um avanço relevante do plano de redução da alavancagem financeira da companhia, por meio da venda de ativos não core”, disse o GPA, que segue em negociação para a venda de outros ativos não core.

Dentro deste contexto, a companhia concluiu neste ano a venda dos seguintes ativos: (i) 11 lojas, por meio de sale and leaseback, totalizando R$330 milhões, tendo recebido R$140 milhões no segundo trimestre e R$190 milhões no terceiro trimestre; (ii) terreno situado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, no valor de R$247 milhões recebido no recebido no terceiro trimestre; e (iii) outros ativos não core totalizando R$52 milhões recebido no terceiro trimestre.