Otimismo por vacina faz Bolsa subir e dólar fechar em queda

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Foto: União Europeia (UE)

São Paulo – O Ibovespa encerrou a sessão em alta de 2,30%, aos 111.399,91 pontos, amparado pelo otimismo dos investidores em relação à possível aprovação das vacinas para a prevenção do novo coronavírus. A Pfizer e a BioNTech afirmaram que sua vacina foi enviada para análise da reguladora europeia. Dados econômicos positivos também colaboraram para a alta do dia.

“Ontem já tivemos dados positivos sobre as economias asiáticas e europeias. Hoje tivemos mais indicadores que mostram que a retomada econômica está acontecendo mesmo com regras restritivas em alguns países”, explicou um operador de renda variável, explicando ainda que a questão principal segue sendo o pedido para a aprovação das vacinas”.

“As farmacêuticas Pfizer e BioNTech solicitaram à União Europeia autorização para uso emergencial da vacina experimental que desenvolvem e deve fazer o mesmo a entidades reguladoras de Austrália, Canadá e Japão. O pedido, que vem após o imunizante desenvolvido pelas empresas registrar eficácia de 95% na fase três, já foi feito aos Estados Unidos e ao Reino Unido”, explicou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Corretora.

As duas empresas anunciaram que mandaram o pedido de autorização à Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) para uso emergencial de sua candidata à vacina contra a covid-19. As empresas também iniciaram inscrições em países como Austrália, Canadá e Japão.

A solicitação de uso da vacina já havia sido feita à Food and Drug Administration (FDA, equivalente a Anvisa no Brasil), nos Estads Unidos, e à agência reguladora do Reino Unido.

Os pedidos são baseados em uma taxa de eficácia da vacina de 95% demonstrada no estudo clínico de fase 3. De 170 voluntários adultos no ensaio de quase 44 mil indivíduos que desenvolveram covid-19 com pelo menos um sintoma, 162 receberam um placebo.

Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, a maior alta ficou com a ação ordinária da Yduqs (YDUQ3), com avanço de 7,21%, seguida pela ação ordinária da Ecorodovias (ECOR3), com valorização de 7,06%, e da ação ordinária da Cogna (COGN3), com avanço de 7,03%.

Por outro lado, as maiores quedas foram das ações da Raia Drogasil (RADL3) com retração de 3,67%, seguida pela ação ordinária da Totvs (TOTS3), com recuo de 3,32% e das ações ordinárias da Via Varejo (VVAR3), com desvalorização de 3,15%.

O dólar comercial fechou em forte queda de 2,24% no mercado à vista, cotado a R$ 5,2280 para venda, no menor valor de fechamento desde 17 de setembro (quando encerrou a R$ 5,2320), em sessão positiva para os ativos globais em meio ao otimismo com as notícias a respeito de vacinas, além da entrada de um forte fluxo de recursos estrangeiros no mercado doméstico.

O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, avalia que o movimento da moeda no exterior refletiu notícias positivas com os investidores comemorando a possibilidade da chegada de vacinas contra o novo coronavírus ainda este mês.

“Aqui, um grande fluxo de entrada de investidores estrangeiros com destino à B3 [bolsa brasileira] fez o dólar intensificar suas perdas”, diz. Ele acrescenta que a fala do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, ao reafirmar posição favorável pela aprovação de um novo pacote fiscal, contribuiu para a moeda renovar mínimas na sessão, a R$ 5,22. “Na prática, seria a possibilidade de mais dólar circulando no mundo”, ressalta.

Amanhã, a agenda de indicadores, o destaque fica para os dados sobre a criação de emprego no setor privado (ADP) norte-americano, em novembro. Além da divulgação do Livro Bege, relatório com uma avaliação da situação econômica nos Estados Unidos.

“Eu acredito que a tendência seja de manutenção da valorização do real, não que seja forte a ponto de levar o dólar a R$ 5,00. Mas vejo que a moeda deve seguir em queda”, aposta a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão em queda acelerada, acompanhando o recuo de mais de 2% do dólar, cotado já abaixo de R$ 5,25, em meio ao otimismo externo em relação a vacinas eficazes contra o coronavírus. O movimento de retirada de prêmios absorve o impacto na inflação oficial (IPCA) da bandeira vermelha nas contas de luz a partir de hoje, digerindo também as incertezas fiscais.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,13%, de 3,31% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,81%, de 5,00% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,57%, de 6,77%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,36%, de 7,55%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia em alta, com o S&P 500 e o Nasdaq renovando máximas no fechamento, embalados por mais notícias positivas sobre vacinas contra o novo coronavírus e também com a retomada das negociações para um pacote de estímulos.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,63%, 29.823,92 pontos

Nasdaq Composto: +1,28%, 12.355,10 pontos

S&P 500: +1,12%, 662,45 pontos