Operações de renda variável somam R$ 55 bilhões em 2022, queda de 57% em relação a 2021, segundo Anbima

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São Paulo, 17 de janeiro de 2023 – O volume de operações de renda variável em 2022 foi de R$ 55 bilhões, queda de 57% em relação a 2021. Foram 19 follow-ons (ofertas subsequentes de ações) no período, atingindo R$ 54,6 bilhões. O resultado puxou para baixo o total de emissões no mercado de capitais em 2022, que ficou em R$ 544 bilhões, queda de 10,9% na comparação ao ano anterior, informou a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Já as emissões das empresas nacionais em instrumentos de renda fixa somaram R$ 457 bilhões em 2022, o que representa avanço de 6,6% sobre 2021. O volume é o maior da série histórica de mercado de capitais da Anbima, iniciada em 2012, e foi puxado pelas ofertas de debêntures, que totalizaram R$ 271 bilhões no período — resultado que também é recorde.

Mesmo diante de desafios nos cenários interno e externo, a renda fixa teve um bom desempenho em 2022, o que demonstra a força e a maturidade que o nosso mercado de capitais doméstico atingiu nos últimos anos, afirma José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima. Com essa evolução, além das debêntures, vemos outros instrumentos ampliando participação no financiamento das empresas, como as notas comerciais, os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), complementa.

No mercado de securitização, os CRIs totalizaram R$ 50,3 bilhões no ano, resultado que representa alta de 48,5% sobre 2021. Foram 677 operações, contra 623 no ano anterior. Os CRAs somaram R$ 40,8 bilhões, com avanço de 62,4%. O número de operações também cresceu na mesma base de comparação, passando de 185, em 2021, para 302. Os resultados dos CRIs e dos CRAs também são recordes da série histórica da Anbima. Já os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) tiveram queda de 49,9% em relação a 2021, para R$ 46,2 bilhões.

Parte desse crescimento é fruto da evolução regulatória, afirma Guilherme Maranhão, vice-presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima. O avanço dos CRAs está relacionado ao lançamento do Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais), em 2021. Os fundos dessa categoria passaram a ser grandes compradores de CRAs. Ou seja, é a regulação contribuindo ao desenvolvimento do mercado de capitais, diz. Em 2022, os Fiagros captaram R$ 7,1 bilhões.

Somam ainda aos resultados de renda fixa as notas comerciais, que chegaram ao mercado em 2021. Naquele ano, nove ofertas atingiram R$ 2,9 bilhões. Em 2022, a utilização do instrumento se acentuou: foram 115 ofertas, totalizando R$ 43,2 bilhões. O volume de emissões de notas comerciais é o quarto mais alto do ano, o que é bastante interessante por se tratar de um produto relativamente novo, afirma Maranhão. As características de flexibilidade e agilidade de emissão dessas notas impulsionaram o resultado, complementa Laloni.