ONS afirma que proteções sistêmicas ‘minimizaram a propagação das perturbações no SIN’

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O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira | Foto: Tauan Alencar

São Paulo – O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou ontem (16) que concluiu a análise preliminar dos eventos ocorridos em 15 de agosto de 2023. Segundo o ONS, o primeiro evento da ocorrência foi a abertura, por atuação incorreta da proteção, da LT 500 kV Quixadá-Fortaleza II.

O comunicado ressaltou que o desligamento isolado não causaria o impacto visto no Sistema Interligado Nacional (SIN) e este é um ponto que ainda está sendo apurado. “Neste momento, as equipes do Operador seguem aprofundando a análise da ocorrência, estando prevista para o dia 25 de agosto próximo a realização de reunião com os agentes envolvidos, além do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para avaliar detalhadamente as causas e as consequências da ocorrência. Essa avaliação será consolidada em um Relatório de Análise da Perturbação (RAP), que leva cerca de 30 dias para ser concluído”, explicou o ONS.

A nota afirmou que o levantamento realizado até o momento da sequência de eventos verificada em 15 de agosto de 2023, quando foi registrada interrupção no fornecimento de cerca de 18.900 MW no SIN, indica que houve, após a abertura da linha, afundamento brusco de tensão seguido da atuação de proteções de caráter sistêmico instaladas no SIN, as quais têm por objetivo conter e minimizar a propagação das perturbações no SIN, além das proteções intrínsecas dos equipamentos.

De acordo com as conclusões preliminares já alcançadas, as proteções sistêmicas, que são mecanismos automáticos de intervenção no SIN, com destaque para a proteção de perda de sincronismo (PPS) e o Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC), foram sensibilizadas de modo a evitar oscilações no sistema após a ocorrência do distúrbio inicial. As indicações preliminares são de que a atuação dessas proteções foi correto. Além disso, cabe destacar que a atuação do ERAC foi uma das razões que permitiu o rápido restabelecimento de 100% da carga no Sul e no Sudeste/Centro-Oeste em aproximadamente uma hora.

“Tivemos um evento de grandes proporções e uma resposta ativa e adequada. A análise preliminar aponta as causas do ocorrido e agora vamos aprofundar os estudos para redefinir mecanismos de prevenção. As ações de segurança que foram adotadas permitiram, por exemplo, que subsistemas que não estavam no centro do problema tivessem uma retomada mais rápida da carga. Por fim, destaco que o ONS se comprometeu a apresentar as primeiras conclusões em até 48 horas e estamos cumprindo este prazo. Nosso papel é esse: gerir o SIN de forma eficiente, transparente, responsável e à serviço da sociedade brasileira, afirmou o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi.

CRONOLOGIA

A ocorrência no Sistema Interligado Nacional (SIN) provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste, com abertura das interligações entre essas regiões.

Às 08h43 foi iniciado o restabelecimento das cargas da região Sul, sendo concluída às 09h05

Às 08h52 iniciado o restabelecimento das cargas do Sudeste/Centro-Oeste, sendo concluída às 09h33

O SIN foi 100% recomposto às 14h49

Ministro diz que apagão ocorreu em subsidiária da Eletrobras, no Ceará

O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou hoje em Brasília que é crucial que a Polícia Federal investigue minuciosamente os fatores que levaram ao apagão ocorrido no Brasil ontem. Segundo o ministro, o evento principal do apagão de ontem se deu numa linha próxima a Fortaleza, operacionalizada pela Chesf, subsidiária da Eletrobras.

“Mais do que nunca é necessária a participação [da PF], já que o ONS não apontou falha técnica que pudesse causar na dimensão que foi”, explicou o ministro à imprensa na porta do ministério.

Após se reunir com representantes do ONS, Silveira comunicou que uma falha no sistema da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), uma subsidiária da Eletrobrás, em Quixadá (CE), foi detectada. No entanto, ele enfatizou que essa falha, por si só, não teria capacidade para causar o apagão em todo o país.

“Esse evento isoladamente [no entanto] não causaria interrupção tão grave (…) A penalização depende das apurações. Isso depende dos desdobramentos”, disse Silveira.

O ministro admitiu que a Chesf reconheceu a falta de proteção adequada no sistema de transmissão, mas enfatizou que isso não seria suficiente para justificar a magnitude do apagão. Silveira ressaltou a necessidade da intervenção da Polícia Federal, já que o ONS não conseguiu identificar uma falha técnica que pudesse resultar em um problema de tão grande dimensão.

Ele mencionou que teve uma conversa com o diretor-geral da Polícia Federal, Dr. Andrei Rodrigues, sobre o assunto.

“Houve uma falha técnica (…) Isso ocasionou uma onda muito grande. Foram N eventos que aconteceram e foram se propagando. Forma várias linhas na região”, disse o titular da pasta.

ELETROBRAS

A Eletrobras informou na noite de ontem (16) que identificou o desligamento da linha de transmissão 500kV Quixadá II/Fortaleza II, no estado do Ceará, por atuação indevida do sistema de proteção, milissegundos antes da ocorrência do dia 15 de agosto, às 8h31, envolvendo o Sistema Interligado Nacional (SIN).

“A manutenção dessa linha de transmissão está em conformidade com as normas técnicas associadas. Ressalta-se que o desligamento da citada linha de transmissão, de forma isolada, não seria suficiente para a abrangência e repercussão sistêmica do ocorrido. As redes de transmissão do SIN são planejadas pelo critério de confiabilidade “n-1″, de modo que, em caso de desligamento de qualquer componente, o sistema deve ser capaz de permanecer operando sem interrupção do fornecimento de energia”, explicou a nota da companhia.

Por fim, a Eletrobras afirmou que continua colaborando para a identificação das causas da perturbação, de natureza sistêmica, e dos motivos que levaram aos desligamentos ocorridos no SIN, sob a coordenação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Com Darlan de Azevedo / Agência CMA