OCDE reduz previsão para crescimento mundial em 2020

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São Paulo – A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão para o crescimento da economia mundial em 2020 de 2,9% para 2,4%, citando como justificativa os efeitos negativos do surto de coronavírus sobre a atividade mundial. Na China, país mais atingido pela doença, a OCDE agora espera que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 4,9%, ou 0,8 ponto porcentual (pp) a menos do que previa em novembro do ano passado.

“As perspectivas de crescimento são muito incertas”, disse a OCDE em um relatório. “As projeções são baseadas na premissa de que o surto atingirá um pico na China no primeiro trimestre e de que haverá uma recuperação [econômica] gradual no segundo trimestre, auxiliada por um afrouxamento significativo das políticas domésticas.”

“Junto com a recente deterioração das condições do mercado financeiro mundial, e da elevada incerteza, isto vai deprimir o crescimento do PIB mundial no início do ano, possivelmente o empurrando para menos de zero no primeiro trimestre.”

“Mesmo que os efeitos do COVID-19 diminuam gradualmente ao longo de 2020, como esperado, as simulações sugerem que o crescimento mundial possa cair em até 0,5 pp neste ano. Também se presume que novos casos do vírus em outros países serão esporádicos e contidos, mas se este não for o caso, o crescimento mundial será substancialmente mais fraco”, disse a OCDE.

Além da China, a organização considera que outros países terão o ritmo de crescimento afetado pelas medidas de contenção do coronavírus. Na zona do euro, que também foi atingida por um surto da doença, a previsão da OCDE é de que o PIB neste ano cresça 0,3 pp a menos que o esperado no final do ano passado, em 0,8% – com destaque para a Itália, onde a economia deve ficar estagnada, ante uma estimativa anterior de expansão de 0,4%.

A previsão para a expansão dos Estados Unidos diminuiu em 0,1 pp, para 1,9%, e no caso do Japão e da Coreia do Sul, as projeções de crescimento para 2020 caíram respectivamente em 0,4 e 0,3 pp, para 0,2% e 2,0%, respectivamente.

Entre os países considerados emergentes, as previsões também foram revisadas para baixo na maioria dos casos, com redução nas estimativas para o crescimento do PIB da Rússia (-0,4 pp, a 1,2%), da India (-1,1 pp, a 5,1%), da África do Sul (-0,6 pp, a 0,6%) e da Indonésia (-0,2 pp, a 4,8%). No caso da Argentina, a previsão passou a ser de contração ainda maior na economia, de -2,0%, ante -1,7% anteriormente.

A OCDE apontou que a chance de o desempenho destes países ser ainda mais fraco que o previsto é grande. “No curto prazo, o principal risco negativo é que o impacto do coronavírus seja mais duradouro e intenso do que o considerado nas projeções”, disse o órgão.

“Caso o surto se dissemine mais amplamente na região da Ásia e Pacífico ou nas economias avançadas do hemisfério norte, os efeitos adversos sobre o crescimento e o comércio mundial serão muito piores e abrangentes. AS simulações deste cenário sugerem que o PIB mundial poderia encolher em 1,5 pp em 2020, em vez de em 0,5 pp”, o que poderia levar a recessões em vários países, entre eles o Japão, e na eurozona. “O impacto geral na China também se intensificaria, refletindo o declínio nos principais mercados de exportação e nas economias fornecedoras.”

2021

A OCDE considera, no entanto, que 2021 deve ser um ano de recuperação econômica para as economias avançadas e para a China, o que deve levar o PIB mundial a aumentar em 3,3% – uma taxa 0,3 pp maior que a anteriormente estimada.

A expansão da zona do euro deve ser de 1,2% – estável em relação à previsão anterior -, e a economia dos Estados Unidos cresceria 2,1% (+0,1 pp em relação à projeção passada). A previsão para o Japão também seguiu intacta, em 0,7%.

No caso da China, a OCDE elevou em 0,9 pp a previsão de crescimento em 2021, para 6,4%, mas para outros países considerados emergentes houve redução nas previsões. Para a India, a previsão caiu 0,8 pp, para 5,6%, e para a Rússia a estimativa diminuiu em 0,1 pp, a 1,3%. No caso da África do Sul, a previsão diminuiu em 0,3 pp, para 1,0%, e para a Argentina está previsto um crescimento de 0,7%, sem alteração em relação à estimativa de novembro.