Nubank deixa de ser companhia aberta no Brasil nove meses após IPO; Itaú BBA recomenda venda

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São Paulo – O Nubank anunciou ao mercado nesta quinta-feira (15/9) à noite que vai reestruturar seu programa de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) com a conversão de Nível 3 para 1. Na prática, a empresa deixará de ser registrada como companhia aberta na B3, Nove meses depois de sua estreia na bolsa brasileira, e ficará com esse status apenas na Bolsa de Nova York (NYSE).

No comunicado, a companhia disse que tomou a decisão porque planeja ampliar a eficiência e minimizar os impactos de ser uma empresa aberta em mais de uma jurisdição.

A decisão afeta potencialmente uma base de 7,5 milhões de clientes do banco digital que aderiram ao programa de sócios para ganhar ao menos um BDR na ocasião da abertura de capital, além de 800 mil investidores que compraram os recibos de ações na largada.

Segundo a Genial, na prática, a empresa continuará negociando recibos na Bolsa de São Paulo, mas não será mais uma empresa com dupla listagem. Os detentores de BDRs do Nubank terão três opções: trocar os recibos por ações negociadas nos EUA; trocar o BDR de Nível III por um de Nível I; ou, fazer a venda dos BDRs em bolsa brasileira ou americana.

O Itaú BBA considera a notícia negativa para a companhia, citando que a justificativa citada é reduzir a complexidade de relatórios que o Nível 3 exige sob a regulamentação brasileira como, por exemplo, arquivamentos detalhados trimestrais (ITRs) em reais mas que os benefícios de custo de não ter que cumprir essa exigência não foram quantificados.

“Na prática, acreditamos que a divulgação pode ficar mais pobre e ainda menos comparável com instituições financeiras locais. Portanto, não podemos ver os benefícios tangíveis da mudança. Julgamos negativo para os acionistas minoritários locais e para a governança corporativa”, escreveram os analistas do BBA, em relatório.

A análise lembra que os reguladores locais terão que aprovar a mudança e que não acreditam que isso atrapalhe a descoberta de preços pelos investidores, uma vez que a liquidez das ações está concentrada nos EUA. “Os locais ainda poderão negociar no Brasil, mas talvez com menos liquidez. O Nubank continua negociando em avaliações premium (5x P/B), e quanto mais informações disponíveis para dar maior conforto aos investidores, melhor”, acrescenta.

O Itaú BBA tem recomendação “underperform” (equivalente à venda) para o papel da empresa com valor justo de US$ 3,5.