Normalização da cadeia de suprimentos deve impulsionar resultados da Embraer em 2023

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São Paulo – A Embraer divulgou hoje o balanço do quarto trimestre de 2022, com lucro líquido ajustado de R$ 226,2 milhões, queda de 30,9% na comparação com o mesmo período de 2021, quando registrou lucro líquido de R$ 327,2 milhões. Em 2022, o lucro líquido ajustado foi de R$ 171 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 162 milhões registrado em 2021.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 1,19 bilhão, contra R$ 609,4 milhões alcançados no mesmo período de 2021.

Em conferência a jornalistas na manhã de hoje, o presidente da companhia, Francisco Gomes Neto, disse que ainda há desafios com a cadeia de fornecimento, mas que isso deve se normalizar em 2024. O executivo destacou que a empresa concluiu seu turnaround e que está pronta para crescer nos próximos anos.

“Gostaríamos de crescer dois dígitos nos próximos anos, e entregar cerca de 100 aeronaves por ano. Isso teria um grande impacto na rentabilidade e na produção”, salientou Neto.

O executivo destacou também os acordos firmados com a Porter Airlines (que aumentou o número de pedidos firmes de aeronaves E195-E2 em 20, para um total de 50 pedidos firmes), com a Alaska Air Group (que encomendou 8 novos jatos E175 para operar com a Horizon Air e opções para outras 13 unidades), com SalamAir (com 6 pedidos confirmados de jatos E195-E2), com Binter (que encomendou 5 novos jatos E195-E2).

Além disso, Neto lembrou que no ano passado, a companhia recebeu a Certificação de Tipo para seu jato E190-E2 da Civil Aviation Administration of China (CAAC), abrindo um novo mercado potencial no país.

Em 2022, a Aviação Executiva da companhia entregou 33 jatos leves e 17 jatos médios, totalizando 50 aeronaves no quarto trimestre de 2022 e 102 jatos em 2022, um aumento de 9,7% em relação ao ano anterior. No fim do ano passado, a composição da carteira de pedidos da empresa era composta por: Aviação Comercial US$ 8,6 bilhões (49,2%); Aviação Executiva US$ 3,9 bilhões (22,3%); Defesa & Segurança US$ 2,4 bilhões (13,5%); e Serviços & Suporte US$ 2,6 bilhões (15,1%).

O presidente da Embraer também destacou que, além do problema na cadeia de suprimentos, a aviação comercial também tem sido impactada pela falta de pilotos e, com isso, a diminuição de pedidos de aeronaves. No ano passado, por exemplo, a empresa norte-americana Sky West Airlines postergou a entrega dos jatos E175 para o fim de 2023 e primeiro semestre de 2024 diante da falta de pilotos nos Estados Unidos e da redução de voos, mesmo com o aumento da demando após a longa crise causada pela pandemia, em 2020.

PROJEÇÕES

A companhia também divulgou as projeções para este ano, com previsão de entregas de jatos comerciais entre 65-70 aeronaves, entregas de jatos executivos entre 120-130 aeronaves, receitas na faixa de US$ 5,2 bilhões a US$ 5,7 bilhões, margem EBIT ajustada de 6,4% a 7,4%, margem Ebitda ajustada de 10,0% para 11,0%, e fluxo de caixa livre ajustado de US$ 150 milhões ou mais.

ANÁLISE

Para a XP Investimentos, a Embraer divulgou sólidos dados operacionais, com 30 aeronaves comerciais entregues no trimestre, consolidando 57 entregas em 2022 um pouco abaixo de sua faixa de guidance de 60-70, porém em linha com as recentes indicações da empresa de que problemas na cadeia de suprimentos afetaram as entregas no ano passado.

“Reiteramos nossa visão positiva sobre a Embraer. Acreditamos na recuperação das companhias aéreas, com o aumento da demanda por aeronaves. A normalização da cadeia de suprimentos do setor aeroespacial deve impulsionar as entregas ao longo de 2023. A  empresa está sendo negociada a 6,4x 2023 EV/EBITDA, abaixo de sua média histórica de 7,9x, mas em um nível que vemos como atraente, considerando as expectativas de crescimento”, explicou a corretora.