Ação da Hapvida dispara após desvalorizar mais de 30% e é a maior alta do Ibovespa

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Divulgação/Hapvida

São Paulo – As ações da Hapvida operam em forte alta no pregão de hoje, após despencar mais de 30% na véspera. Por volta das 15h22, o papel HAPV3 registrava alta de 24,74, a R$ 2,42, buscando recuperação.

A XP Investimentos atualizou suas estimativas para a Hapvida (HAPV3), cortando o preço-alvo para R$3/ação, e mantendo recomendação de compra. A visão da XP piorou porque o mercado já não cresce com tanta força e a empresa tem mostrado sinais mais fracos de adições líquidas.

Além disso, os analistas lembram que a sinistralidade está demorando mais para se normalizar após um período difícil e se tornando estruturalmente mais alta do que os níveis pré-pandêmicos, ocasionando risco de a empresa ter de emitir ações para diminuir a sua alavancagem financeira, consequentemente diluindo os atuais acionistas a um preço por ação inferior ao IPO. ‘Nossa visão em relação ao papel é muito cautelosa, embora ainda vejamos um potencial em relação ao preço atual.”

O resultado do 4T22 destacou a dificuldade da companhia em gerar caixa para compensar as despesas financeiras, onde a alavancagem subiu de 2,24 vezes para 2,45 vezes. Nesse cenário, é natural que a empresa busque formas para levantar capital, no intuito de cumprir com as exigências regulatórias e garantir a sua solvência. Contudo, a possibilidade de emissão de novas ações no seu atual patamar de valuation demonstra um cenário ainda mais adverso do que o mercado estimava, segundo explicou a corretora Ativa.

O Itaú BBA não acredita que a Hapvida esteja dependente de um potencial aumento de capital para honrar suas dívidas e despesas financeiras no Nível HoldCo. “Concluímos que, com estimativas de lucros mais conservadoras, o status quo deixa pouco espaço para a distribuição de caixa para a holding de formas convencionais (ou seja, dividendos)”, diz análise do Itaú. “Dito isso, reconhecemos que a incorporação de entidades não reguladas (por exemplo, Ultra Som) e operações adquiridas recentemente poderiam amenizar consideravelmente a situação, diminuindo potencialmente a necessidade de aumento de capital, dependendo do cronograma da reestruturação societária”, diz o Itaú BBA, que também cortou seu valor justo para HAPV3 para R$ 4,4/ação, além de revisar suas estimativas de lucro.

“Dados os desenvolvimentos recentes e os resultados do 4T22, decidimos adotar uma abordagem mais cautelosa para a normalização de MLR da empresa e seu crescimento de primeira linha nos próximos trimestres. Agora projetamos ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 3.064 milhões em 2023 e R$ 4.507 milhões em 2024, que representam revisões para baixo de 18% e 6%, respectivamente, em relação aos nossos números”, diz análise.

“Adicionalmente, estamos adotando premissas mais cautelosas para os resultados financeiros, o que leva às novas estimativas de lucro líquido ajustado de R$ 519 milhões para 2023 e R$ 1.580 milhões para 2024 (abaixo de nossas estimativas anteriores em 55% e 29%, respectivamente)”, analisa o BBA.